Retina Desgastada
Idéias, opiniões e murmúrios sobre os jogos eletrônicos
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28 de junho de 2020

Quarentena - Semana 15

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Permaneci a semana inteira praticamente alheio ou anestesiado das notícias do mundo real. É um justo descanso depois de 14 semanas seguidas de revolta, para manter a contagem apenas na quarentena. Cheguei em um ponto em que nada mais me afeta, atingi uma zona de conforto ou a realidade está magicamente melhorando, como uma nuvem de gafanhotos que se afasta para outras pradarias?

A resposta mais provável é excesso de trabalho, que me faz saltar de uma tarefa para outra, com horário cravado, metas (auto-impostas) a cumprir, prazos. Mente vazia é a oficina do Diabo, mas a mente sobrecarregada é o playground da apatia.

A estranheza da semana se fez refletir nos jogos com meu filho. O retorno a nosso mundo em Minecraft não aconteceu. Eu estava certo, afinal: a sanha em saltar de mundo em mundo, de versão em versão do jogo, era um indício de que o garoto estava ficando insatisfeito com suas possibilidades. Errado sou eu que invisto tempo e expectativas em uma vila que não terá futuro, cerco com muros, ilumino com tochas...

Diante da promessa da Epic Games Store liberar Conan Exiles na próxima semana de graça, meu filho abriu mão de vez de outros títulos. Perguntado sobre uma eventual despedida de nossa vila, ele respondeu apenas que não faz diferença já que em breve iríamos trocar de jogo. Destino semelhante parece se aproximar de Guild Wars 2, que também ficou intocado essa semana. Deste eu não reclamo, uma vez que o retorno ao MMORPG não foi tão divertido como eu me lembrava.

Então, entre as sempre existentes sessões de Warframe, o jogo que mais joguei com o garoto foi mesmo Human Fall Flat. O título guarda um lugar cativo em nosso coração e é sempre divertido se irritar com seus puzzles. Voltamos por causa de um mapa extra anunciado e, para nosso espanto, descobrimos que havia um segundo mapa lançado anteriormente que nem tínhamos ficado sabendo. Foram duas sessões de risadas.

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Começamos a acompanhar The Last of Us Part II pelo YouTube. É o que costumamos fazer com títulos que normalmente não teríamos acesso. Sabendo do lançamento, nós já tínhamos "zerado" o anterior, assim como seu DLC no primeiro trimestre. Os atrasos da Naughty Dog frustraram meus planos de emendar as duas aventuras, mas aqui estamos.

Claro que é um conteúdo maduro demais para sua idade, com questões que muitos considerariam polêmicas. Entretanto, é um excelente ponto de partida para debater assuntos relevantes. O que define os limites da humanidade? O quão longe podemos ir para defender aqueles que amamos? Qual é o limite entre aqueles que combatemos e nós mesmos? Por que sentimentos reprimidos são perigosos? A ambiguidade da cena final do primeiro jogo é um primor raramente visto em qualquer mídia, uma agridoce conclusão de um relacionamento muito bem construído.

Talvez a brutalidade do segundo seja o "gatilho" mais complicado de se desarmar. Explicar que esse excesso de violência não é aceitável e que o contexto transforma as pessoas é um desafio. É óbvio que jogos eletrônicos não tornam as pessoas mais ou menos violentas. Mas a desatenção familiar e a falta de referências certamente.

Quanto à homossexualidade em The Last of Us Part II... oras, façam-me o favor. Estamos falando de um garoto que sempre soube que essa opção existe.

Essa semana vimos O Último Guerreiro das Estrelas, que ganhou uma postagem só para ele. Também vimos Jupiter Ascending e é um filme muito triste. É um universo fabuloso, com cenografia e figurino de cair o queixo, transbordando estilo e atmosfera, desperdiçados em uma história que não vai a lugar algum. Os protagonistas também não ajudam. Channing Tatum é uma montanha de testosterona que não esboça um pingo de carisma. Mila Kunis tenta, mas o roteiro lhe confere uma posição de constante donzela em perigo.

Eu queria que as Wachowski pegassem essa imensa criatividade visual que possuem e adaptassem um universo já pronto. Um Star Wars delas ou mesmo um Duna seria magnífico. Em construção de universo Ascensão de Júpiter dá de 10 nos novos Star Wars. Mas só. Meu filho comentou que seria bom um filme de Warframe e eu entendi perfeitamente o que o levou a fazer esse comentário em Jupiter Ascending. Também é dele a observação de que o filme consegue entregar ambientes alienígenas que realmente parecem alienígenas.

Warframe

Pelo Gamerview, sigo naufragado em Summer in Mara. É um jogo que não se decide sobre seus rumos, talvez perdido em tentar entregar uma experiência sem pressão. Entretanto, há reviravoltas tanto mecânicas quanto narrativas que quebram expectativas e me impedem de dar um parecer definitivo até sua conclusão, que sequer vejo no horizonte, após 11 horas nesse arquipélago. Temo estar diante de um eterno tutorial e que o jogo de verdade irá começar a qualquer instante.

Legendary. Não tenho forças nem para largar. Novamente, tentei passar do Kraken. Vi vídeos no YouTube de como se faz. Vi gente com mais habilidade que eu falhando sucessivamente. Deu preguiça. Entretanto, o jogo segue instalado. Ironicamente, a pressa para completá-lo vinha da vontade de começar Stardew Valley. Com Summer in Mara e sua jogabilidade de "fazendinha", o ímpeto esfriou um pouco.

A semana promete mais trabalhos e, talvez, a instalação do meu SSD. Veremos...

Summer in Mara

Urubú Rei - Nêga

2 comentários:

Filipe disse...

Oi Carlos!
Acompanho já tem um tempo o blog, gosto demais do trabalho como um todo mas nunca comentei.
Primeiro, obrigado pelo Retina, é realmente uma ilha de sanidade no mar de loucura que é a internet.
Segundo, importante dizer que não se fala mais homossexualismo, porque devido ao contexto histórico do uso da palavra, remete à ideia de doença.
O termo preferido pela comunidade LGBTQIA+ é homossexualidade.
Só isso mesmo, obrigado mais uma vez e força na quarentena! Seguimos em casa.

C. Aquino disse...

Grato pelo toque, Filipe! Corrigi no texto! Forte abraço!

Retina Desgastada

Blog criado e mantido por C. Aquino

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