Retina Desgastada
Idéias, opiniões e murmúrios sobre os jogos eletrônicos
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3 de maio de 2020

Quarentena - Semana 7

Population Zero

"Eu sinto como se estivesse preso em um filme de horror lotado de idiotas que pensam que o monstro está morto". Saladin Ahmed.

As medidas de quarentena continuam em vigor ou se endurecem ainda mais, enquanto a resistência a suas recomendações apenas aumenta. Enfermeiros são agredidos. Teorias absurdas pululam na internet. O desgoverno prossegue em seu esfacelamento interno. Observamos através do vidro da janela outros países superando a pandemia com um mínimo de mortes. Aqui, pergunta-se: "e daí?".

Usei uma máscara de pano pela primeira vez essa semana, para receber um conhecido que entrega compras. É desconfortável, provavelmente porque não está no tamanho certo. Aperta minhas orelhas, não consegui usar com óculos. Ao mesmo tempo, senti como tivesse se tornado uma parte de mim agora. Usei-a novamente, horas depois, para receber o entregador da farmácia. Todo mundo estava usando máscara também. Um vizinho amigo nosso passou na rua, de máscara, pela primeira vez desde que o vi da janela.

Desde março, não vou além de cem metros da minha porta. E mesmo essa jornada aconteceu uma única vez, para receber compras na entrada da rua, semanas atrás.

Nossa aventura em Ark chegou ao fim com um grande estrondo, apesar do gosto de frustração que o jogo deixou em minha boca. Havia tanta coisa que podia ser melhorada no jogo, porém seus criadores focaram em acrescentar novos mapas (pagos) e lançar um novo jogo (Atlas). Mas dinossauro é tudo de bom, certo? Pra que mexer no que está vendendo?

Ark - Quarentena

Uma das diversões do meu filho no jogo era encher meu personagem de flechas e lanças. Sem dano amigo ativado, é uma brincadeira inofensiva. Ou um desperdício de recursos.

Minecraft está devidamente reinstalado com novos mods. Com a despedida de Ark, prevejo que os cubos da Mojang serão a tônica do resto dessa quarentena.

Nesta semana, assistimos Sonic - O Filme. É a melhor adaptação de um jogo eletrônico já feita? Certamente não. Ainda assim diverte, uma sessão regada a refrigerante e pão de queijo ou biscoito recheado e achocolatado, como preferirem. Apenas de não ser um desastre, já é lucro, mais do que alguns títulos do Sonic podem dizer.

Em contrapartida, nesse sábado, vimos Fragmentado. Não contei absolutamente nada para o garoto, antes do filme começar. Para mim, foi uma obra que apreciei anda mais agora nessa segunda vez. E não teve preço a cara do meu filho naquele epílogo... Ouso dizer que é mais redondo que Corpo Fechado e o tempo fez bem a Shyamalan. James Mcavoy está um MONSTRO no filme (com o perdão do trocadilho). E estou pra ver um filme em que Anya Taylor-Joy não arrase.

Split

Enquanto isso, através do Gamerview, dediquei quase a semana inteira a Population Zero, um título de sobrevivência com um elemento curioso: seu personagem pode ser apagado após sete dias. Como uma Samara virtual, há uma ameaça no planeta que não liga para o que você faz no mundo real e o contador não para em momento algum. Dentro do jogo, o administrador da colônia garante que minha vida será poupada se eu cumprir determinadas missões e eu viverei para ver outro ciclo. Fora do jogo, os desenvolvedores garantem que ninguém sobrevive. O que aconteceu depois dos sete dias? Isso será revelado em minha prévia, a ser publicada ainda essa semana por lá.

Posso adiantar que Population Zero tem um cenário exuberante e exótico, com criaturas bem produzidas. É um mundo que gostaria de explorar a fundo. Entretanto, suas mecânicas são rígidas demais, o combate é um desastre e o grinding é a lei. Desconfio que não sou o público alvo do título. Para piorar, o marketing do jogo deixa a gente na incerteza: do que se trata Population Zero? Há mais dúvidas do que respostas nessa minha experiência. Já enterrei oito horas nesse planeta e temo que tenha sido completamente em vão.

Felizmente, Lethal RPG War segue divertido. É o começo de uma série no canal do YouTube. Como um RPG com valores de produção tão baixos cativa com tanta simplicidade? É o ciclo viciante das batalhas por turnos, rápidas, mas não menos complexas e a evolução constante dos personagens. É uma grata surpresa até aqui.

Prometi recomeçar Legendary para gravar o início... e não cumpri. Talvez por que um certo jogo com uma ampulheta implacável tenha roubado o raro tempo disponível para jogos em minha agenda? Entregando a prévia de Population Zero, espero retomar esse FPS.

Population Zero 02

Ouvindo: New Order - We All Stand

3 comentários:

Marcos A.T. Silva disse...

Sei como é isso, meu amigo. Mas vamos tentando seguir em frente. Uso máscaras, creio eu, há mais tempo que você, então. Parece que elas vão me sufocar. Horrível, mas fazer o que. :(

Lendo seu trecho sobre o Ark, me lembrei de que ainda preciso jogar este título e que, talvez, quem sabe, e muito aquém do que o jogo poderia me proporcional (estou com 50 horas), deva encerrar minha jornada em Conan Exiles.

Luiz Antônio disse...

Agora mesmo estava vendo vários vídeos sobre como usar óculos com mascara sem embaçar... Se usa sabão estraga o anti-reflexo, se usa papel toalha sufoca... Complicado...
"Eu sinto como se estivesse preso em um filme de horror lotado de idiotas que pensam que o monstro está morto". Saladin Ahmed.
Essa frase me representa. Outra frase que representa muito o que eu penso é uma parte da carta de suicido do ator Flávio Migliaccio onde ele fala que “tinha a impressão de ter desperdiçado a sua vida num país como esse e com esse tipo de gente...”
O meu serviço é considerado essencial apesar de não ter nada a ver com a área da saúde. Eu trabalho numa rádio e, infelizmente, não posso ficar em casa, pois se dependesse apenas de mim, eu já viveria em isolamento social há muitos anos (muito antes de ser recomendável)...
O que eu noto é que existe um número cada vez maior de pessoas que literalmente cagam pra tudo isso que está acontecendo e que simplesmente não se cuidam e só usam máscara fora de casa quando são obrigadas (geralmente na rua com medo de alguma fiscalização) mas na 1ª oportunidade (quando entram no serviço pois lá não tem fiscalização se não for uma loja aberta ao publico) tiram a mascara e danem-se os companheiros de serviço(pior ainda quando o próprio chefe faz isso). Alguém poderia dizer que isso é falta de consideração com o próximo, mas acho que é ingenuidade esperar que alguém que despreze a sua própria saúde tenha qualquer tipo de apreço com a saúde do seu semelhante...
Temos uma grande parcela da população que não tem um pingo de empatia (alguns nunca tiveram pra falar a verdade) e que só consegue enxergar o seu próprio umbigo.
Acho que a frase “O meu inferno é o outro” de Sartre se encaixa muito bem nesse contexto.
Mas o que se pode esperar de um povo onde muitos ainda acreditam que rock é coisa do demônio, que a terra é plana e que vive compartilhando os textos do meu conterrâneo Osmar “Trevas” no Zap Zap como se ele fosse a maior autoridade mundial em pandemias e suas “verdades” fossem absolutas?
Em tempo: Achei Fragmentado o ponto alto da trilogia de Shyamalan e Vidro o pior dos três com uma conclusão bem meia boca.

Marcos A. S. Almeida disse...

Quando vi a imagem desse "Population Zero" logo me veio a mente "Outcast". Fui fazer uma busca por imagens no Google que corroborassem com minha impressão, e eis que descubro que existe um remake dele chamado "Outcast-Second Contact"! De 2017!!E está á venda no Steam!!! E por "módicos" 124,00!!!! Só eu que estou perdido ou mais alguém?

Bem,eu já trabalho em casa,portanto,a quarentena não seria tão impactante. Sim,seria,pois na minha cidade a quarentena está beeeeem flexibilizada.Não que o poder público local esteja sendo omisso,pelo contrário, acho que ele segue as diretrizes do Estado.Mas o número de infectados é baixo, mortes idem e ainda tem um desgoverno que incentiva a saída ás ruas... Mas a verdade é que se o povo não ver corpos nas ruas,como no Equador,a sensação é de que o vírus só existe na TV. Talvez até estejam certos e por conta dos motivos acima, não devêssemos estar numa quarentena mais rígida, mas a minha sensação é de que quando saio para ir ao mercado uma vez por semana, estou indo contra minhas próprias convicções.Enfim,o futuro dará as respostas.

Fragmentado...Sim, James Mcavoy é um ator talentosíssimo e o filme muito elogiado,mas sinceramente,quando resolvi assistir achei que ele era um Adnet falando inglês e fazendo imitações.Nem terminei o filme. Mas preciso de mais uma chance de vê-lo.

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Blog criado e mantido por C. Aquino

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