Ontem foi o aniversário do blog e quase passa em brancas nuvens, se não fosse por um aviso do computador. Não que a semana tenha apresentado qualquer indício de melhora de humor, fosse o meu, o da nação ou mesmo da população do planeta. Apenas os mal informados não estão assustados, diante do inimigo invisível.
Se serve de algum tipo de consolo, a semana acabou se mostrando pródiga de jogos. Em Ark - Survival Evolved, o empenho de meu filho e suas muitas horas livres começaram a render frutos. Temos muito mais tecnologias do que antes, temos muito mais dinossauros domados que antes, incluindo vários bastante úteis para nossas caçadas e explorações.
Tecnicamente, consegui me livrar de quase todos os problemas do jogo. Um ajuste na configuração aumentou significativamente a distância que posso me afastar do host. A densidade de dinossauros também foi ajustada, para não aparecer uma saída de metrô no horário de rush. Até aqui, aglomerações não são bem vindas. Iniciei uma casa feita de pedras, mas meu escasso tempo e o desinteresse do garoto não permitiram ainda que tenhamos uma base decente. O personagem dele já domina técnicas de metalurgia e, em breve, até mesmo minha casa de pedra irá se tornar obsoleta. Melhor assim. Quando construirmos uma base de respeito, será uma base bastante resistente.
Ironicamente, ajustei as configurações gráficas para minha máquina rodar o jogo com menos quedas de frames. Mas Ark ficou bastante feio, inclusive o chão, que parece uma textura dos anos 90 aplicada em uma superfície quase lisa. No PC do meu filho, o jogo roda tão suave quanto no meu, mas é mais bonito. Estou brigando agora com as configurações para alcançar um equilíbrio. Outro estranho efeito colateral é que as noites são para mim um absoluto breu, sem uma tocha, mas são administráveis no PC do guri. Ele se diverte com meu conflito com os gráficos.
Um incidente inesperado aconteceu no meio da semana: um jogador aleatório entrou no servidor do meu filho! Ele me acordou espantado (já que ele acorda mais cedo do que eu, que trabalho até a madrugada). Falei para ele fechar o jogo até eu acordar. Ele não obedeceu, mas felizmente o intruso não era um troll ou um pervertido ou algo assim, mas apenas um pobre coitado que selecionou o servidor errado em uma lista. Depois de tentar se comunicar sem sucesso, dizendo "oi", ele se desconectou, largando o corpo desmaiado para trás. É uma das características de alguns jogos de sobrevivência: seu corpo permanece inerte no ponto em que você saiu.
Tentamos blindar o servidor, mas funcionou bem demais: eu não consegui entrar. Então, ficou combinado assim: quando o guri joga sozinho, ele joga trancado. Quando vamos jogar juntos, o servidor fica aberto e a sorte é lançada. Uma decisão muito mais difícil foi resolver o que fazer com o corpo do "invasor". Inicialmente, meu filho arrastou-o até o galinheiro dos dodôs. Depois de muita deliberação, sabendo que não poderíamos matá-lo (não há PvP no servidor) e inseguros sobre o tempo de desaparecimento, meu filho deixou o corpo se afogar. Morto por ter entrado no servidor que não devia, precisávamos agora dar um sumiço no cadáver. Esconder um corpo com meu filho é uma experiência que só um jogo eletrônico poderia oferecer. No final das contas, optamos por devolvê-lo ao lago, onde jaz agora, nas profundezas, como um Jason pré-histórico que esperamos que não retorne.
Através do Gamerview, tive acesso a quatro novos jogos para análise, um recorde histórico de títulos simultâneos. Estou impedido de fazer qualquer comentário por enquanto sobre Rock of Ages 3: Make & Break. Dreamscaper Prologue é um roguelite delicioso que mistura fantasia e mundo real de uma forma bastante poética. Biped é uma experiência cooperativa que comecei a dividir com meu filho e é bastante divertido. Por último, Gigantosaurus The Game é a adaptação de uma série animada que ainda não estreou e eu ainda nem abri para jogar.
Puxei um pouco o freio de mão de Warframe, para dar espaço para os novos jogos. Ainda assim, completei uma missão que talvez tenha sido a melhor de todas até agora e me abriu acesso a um novo personagem: Inaros, senhor das areias. Meu filho, que comprou Inaros usando parte de sua mesada, não está nada satisfeito com o fato de eu ter desbloqueado de graça (mas com esforço) o mesmo herói que ele usa.
Para minha surpresa, Magrunner: The Dark Pulse se revelou um jogo mais interessante do que era no começo. Ainda é cansativo em seus puzzles, mas a mudança na atmosfera certamente adicionou um fôlego extra ao jogo, embora eu também tenha deixado ele de lado.
Darkest Dungeon, como eu havia prometido, foi abandonado. Minha meta era escrever sobre ele durante a semana, mas não tive tempo. Essa semana deve sair uma análise definitiva.
Movido pelo hype, dei uma chance a Predator Hunting Grounds nesse final de semana de testes liberado. Passei do tutorial apenas, dado o escasso tempo. Estou ansioso para jogar pelo menos uma ou duas partidas dele. Meu filho, que também instalou, afirmou que o jogo é fantástico, mas desbalanceado para o lado do Predador, que se torna um saco de pancada dos jogadores. Terá o mesmo trágico destino de Evolve? Terei que ver com meus próprios olhos.
O trabalho gigante que eu tinha para fazer em março parece ter terminado, de forma que meu tempo e minhas energias serão menos drenados a partir de agora. A incerteza do futuro se avoluma e as notícias não são nada promissoras. Vamos nos equilibrando entre a perplexidade, a revolta e o temor. Nunca imaginei que ficar em casa, fazendo o que sempre fiz, se tornaria um ato de desobediência civil.
3 comentários:
Meio "tétrica", pelo menos o início, da experiência com o invasor do servidor, hein? Parabéns pelo texto.
E, olha, Carlos, tudo que você vem escrevendo ecoa fortemente em mim. Também me sinto desanimado, pra baixo, e sem conseguir vislumbrar uma luz no fim do túnel. Os jogos têm me ajudado bastante, neste meio tempo, como creio que têm ajudado a você.
Sobre o Predator Hunting Grounds, não passou do tutorial, então? Que pena!
Aliás, acabei esquecendo de comentar: mórbido o fato de ter que esconder um corpo, hein? rsrsrsrs
Adorei o que fizeram com o corpo do invasor, não sei se acha o mesmo mas acabou contribuindo pra a lore do servidor.
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