Retina Desgastada
Idéias, opiniões e murmúrios sobre os jogos eletrônicos
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31 de julho de 2017

De Volta à Minecraft

Minecraft - Torres 05

Foram apenas quinze dias, mas quinze dias intensos com sessões todos os dias e isso só poderia significar uma coisa: férias escolares.

É preciso entender que meu filho estava falando sobre Minecraft incessantemente desde que deixamos nossa Fortaleza para trás em Março de 2016. Ou seja, mais de um ano havia se passado sem abrir o jogo. Uma verdadeira eternidade para uma criança, quase um caso para o Conselho Tutelar. Uma greve mal explicada do colégio colocou nossas aventuras na geladeira: diante da possibilidade inerente do retorno das aulas a qualquer momento, tolamente, impedi a "reinstalação" do jogo ao longo do final do ano. Foram quatro meses que poderíamos ter jogado e um pecado que meu filho não perdoaria e usaria como instrumento de barganha por todos os outros meses.

Era certo que no primeiro dia que começassem as férias de meio de ano, Minecraft estaria de volta à Área de Trabalho (ele nunca é desinstalado de verdade...). Era certo que eu devia a ele jogar todos os dias, sem pular nenhum. Nem que fosse uma hora. Nem que fossem cinco horas.

E durante quinze dias recomeçamos do zero. Outra regra da casa, nunca dita, mas sempre obedecida: temporada nova de Minecraft, mundo novo. Mantenho todos os anteriores guardados, em backups (inclusive na nuvem) e nas lembranças. Mas desta vez era hora de conhecer novos horizontes. Sairíamos pela primeira vez do Minecraft 1.7.10 em direção à versão 1.10.12 e isso significou dizer adeus a muitos mods, conhecer o novo sistema de combate (insuportável, mas facilmente ignorado graças a um... mod), conhecer os coelhos e ursos nativos do jogo e explorar novos e surpreendentes cenários.

Minecraft - Torres 01Minecraft - Torres 02

Na primeira hora, quase fomos puxados por um tornado. Era a forma de Minecraft de nos fazer sentir em casa novamente e, ao mesmo tempo, descarregar sua fúria por mais de um ano de abandono.

Como não consigo jogar Minecraft sem um objetivo claro, determinei que nossa nova base central seria uma torre. Em todas as outras temporadas construí casas normais, com plantação e área de animais e murei o entorno para me proteger de monstros, assim como travava frustrantes batalhas contra a escuridão para impedir o surgimento de criaturas dentro do próprio perímetro. Considerando que a Fortaleza do ano passado foi o ápice da paranoia militar, esse ano buscaria o inverso: nada de muralhas cansativas, nada construído fora da minha própria casa, que cresceria para cima como um edifício, cada andar dedicado a uma atividade.

Encantei-me com variedades de madeira, cultivei árvores especialmente para meu projeto insano, minha modesta Torre de Babel de 15 dias, erguida no mesmo lugar por onde o tornado passou. Desafiar os deuses contidos no algoritmo, triunfar sobre a jogabilidade emergente, penetrar no interior de profundas ravinas atrás de minérios raros, vagar por minas abandonadas na calada da madrugada com meu filho dormindo porque ele tem medo de me acompanhar, encontrar novas e misteriosas estruturas repletas de perigos, ou apenas apreciar o por do sol de uma laje virtual no alto da colina: Minecraft. Mais uma vez, obrigado Notch. E obrigado, @magaiverpr, de coração.

Minecraft - Torres 04

Minecraft - Torres 03

Olhando em retrospecto, passado o fervor febril de duas semanas intensas, percebo que a temática da torre nos acompanhou de diversas maneiras. O novo mod gerador de biomas tem uma obsessão por montanhas colossais, que se erguem como picos isolados e convidam para a subida. Há árvores no jogo que são maiores que prédios, duas delas plantadas do lado de nossa torre, para servirem de meta a ser ultrapassada.

E houve as torres gêmeas. O novo glitch gerado sabe-se lá por que insanidade matemática é de tirar o fôlego: pedaços de vilas erguidos em direção aos céus, macabramente similares ao World Trade Center, um tributo involuntário de cálculos desprovidos de sentidos. Versão nova de Minecraft, com bugs novos e deslumbrantes.

Minecraft - Torres 06

Não conseguimos realizar tudo que queríamos. Nunca conseguimos. É um jogo infinito, afinal. Existe uma possibilidade que nossa Torre retorne no final do ano. Mas também pode ser que adotemos a tabula rasa novamente.

Foram duas semanas, mas pareceu outra vida.

Minecraft - Torres 07

Ouvindo: Young Gods - Crier Les Chiens

7 comentários:

Shadow Geisel disse...

"É um jogo infinito, afinal."

Nos PCs, né?

C. Aquino disse...

862 blocos por 862 blocos no PS3... Putz, que ruim, hein? Acho que meu filho e eu já andamos 2000, 3000 blocos em linha reta em um dos mapas, antes de cansarmos.

C. Aquino disse...

Parece que no PS4 é 36 vezes isso, o que já é muito maior que 99,9% dos jogadores iriam.

Shadow Geisel disse...

É uma bosta mesmo. Nessas horas dá desgosto de jogar em consoles. O do PS4 é isso mesmo, mas pra mim é pouco. Só me contento com o infinito. :)

disse...

Que não seja eterno, posto que é bloco, mas que seja infinito enquanto creeper

Shadow Geisel disse...

Eu joguei pouco no PS3 mas já sofri algumas das situações clássicas. Morri pra um Creeper que chegou de mansinho e perdi tudo! Quem nunca?

Michael Andrade disse...

Ao relembrar que você na verdade nunca exclui o jogo, só tira seu atalho da área de trabalho, morri de rir hahaha. Nossa, como eu gosto da sua escrita, Aquino. Acho que já está na hora de eu reler seu livro, Juvenília, que tenho orgulhosamente autografado aqui, enviado a mim pelos correios há muitos meses...

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Blog criado e mantido por C. Aquino

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