Retina Desgastada
Idéias, opiniões e murmúrios sobre os jogos eletrônicos
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21 de junho de 2017

(não) Jogando: Foul Play

Foul Play 01

O mundo do teatro já foi tema, ainda que de forma bastante enviesada, do jogo Battleblock Theater. Mas essa é a única similaridade entre Foul Play e o divertidíssimo título de plataforma da Behemoth. Em ambos os casos, você joga o que deveria ser uma peça, em cima de um palco, para deleite da plateia. Entretanto, Foul Play em sua jogabilidade é do mesmo gênero de outro jogo da Behemoth: Castle Crashers.

Mas a Media Tonic Games claramente não é a Behemoth e é necessário um bocado de talento para me convencer a curtir um beat'em up. Ainda que Foul Play seja vastamente superior e mais criativo do que um Arson & Plunder Unleashed, o teatral universo não conseguiu me cativar e ainda menos o meu filho, meu desafortunado e visivelmente aborrecido parceiro de aventura.

Foul Play carece da insanidade dos jogos da Behemoth, mas não é de todo insípido. Pelo contrário, para fãs do gênero ele é possivelmente uma iguaria sui generis. No jogo, você controla um hábil caçador do sobrenatural, um aventureiro da Era Vitoriana e seu assistente, um menino duro na queda que compensa a pouca idade com a agilidade de um ninja e a coragem de poucos. É claro que meu filho controlou o veterano caçador e eu fiquei com o papel do assistente...

Mas tanto um quanto o outro são, na verdade, personagens de uma peça teatral que se desenrola na sua tela. Há a plateia, há o palco, os monstros são claramente pessoas fantasiadas e os inimigos derrubados às vezes saem de cena de fininho. De vez em quando um faxineiro aparece também.

Foul Play 09Foul Play 12

Nessa metalinguagem reside a arma secreta de Foul Play: é impossível morrer no sentido literal. Não há uma barra de vida para os heróis, mas um quadro geral de interesse do público presente. Quanto maior a pancadaria, quanto maior o número de combos e sequências impressionantes, maiores são os aplausos e o frenesi da plateia. Se o combate for aquele café com leite morno, começam vaias e o espetáculo pode mesmo ser encerrado, obrigando o jogador a recomeçar o ato.

Há até um garotinho no meio da plateia que interrompe a peça para gritar incentivos aos dois heróis e alguns desafios que devem ser encarados para deixar o menino feliz. Teoricamente, ele está ali para ser engraçado, mas eu não podia deixar de odiar o pirralho mimado.

Foul Play 10

Entenda que nem eu nem meu filho somos especialistas de jogos de distribuir bordoadas e a palavra "combo" é algo que me causa calafrios e me lembra do principal motivo que me afastou da série Tony Hawk... Então, martelávamos os controles na direção dos oponentes na esperança de algo soberbo acontecer, uma jogabilidade involuntariamente emergente. Na maioria das vezes funcionava muito bem, mas até hoje nenhum dos dois descobriu como liberar o ataque supremo de seus personagens.

Sem experiência e apenas apertando os botões, é claro que até mesmo o mais criativo dos jogos perde o fôlego depois de um tempo. Uma risada aqui, outra ali, não foram o suficiente para segurar o interesse do garoto, que tal qual a audiência da peça, por muitas vezes esteve perto de desistir. Minha insistência o empurrou por algumas sessões, mas até mesmo eu tive que baixar as cortinas.

Foul Play 14

Com tantos jogos disponíveis e Foul Play intocado desde Fevereiro, se tornou claro que era hora de escrever sobre ele, agradecer ao camarada que o sugeriu com a melhor das intenções e seguir em frente. Afinal, o show não pode parar.

Ouvindo: Christophe Heral - Hyllian Suite

2 comentários:

Shadow Geisel disse...

Acho que eu tenho o mesmo trauma, só que com a palavra "timer". Detesto a ideia de ser apressado a fazer alguma coisa num jogo. Combos eu gosto, mas vai depender do tipo de jogo. Me lembro quando jogava Resident Evil 4. No modo mercenários, eu conseguia fazer um combo de 108 hits (leia-se: ganados mortos) com Wesker, cenário do castelo. Era bem empolgante e divertido, pois não podia deixar a peteca cair (se demorar um tempo sem matar um inimigo, o contador reinicia).

disse...

O melhor jogo baseado em teatro ainda é Mario 3. Achei que valia a pena mencionar ;P

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