Eu deveria escrever alguma coisa aqui sobre como Overwatch é bom e provavelmente deveria ganhar um merecido lugar na Lista de Favoritos. É inegável após tantas centenas de horas dedicadas ao título, aos momentos de diversão inenarrável ao lado do meu filho ou sozinho nas madrugadas.
Mas não consigo.
Assim como aconteceu com Killing Floor, uma febre insana que passou por aqui e consumiu mais tempo do que seria saudável em troca de experiências únicas, a verdade é que me falta a verve para escrever um texto isolado que capture a essência destes jogos ou simplesmente eu não saiba como lidar com títulos focados em multiplayer. Nem Killing Floor, nem Overwatch receberam uma análise definitiva. O jogo da Tripwire porcamente resumido em uma postagem muito anterior aos vários encontros de nosso time de veteranos. O jogo da Blizzard, confinado a um texto bom, mas insuficiente, sobre a versão Beta!
Um ano se passou, desde que cometi a loucura de botar Overwatch no cartão crédito parcelado em dez vezes, para saciar uma vontade como não sentia em muitos anos de jogatina. Desde Portal 2 não comprava um jogo no lançamento. E não me arrependi.
Mas o tempo é implacável e não sei mais o que poderia revelar que já não esteja presente na tag própria que Overwatch recebeu por aqui. Se quer saber minha opinião sobre o título, esse é um bom começo.
Exceto por uma história.
Em um ano complicado demais, meu filho acabou repetindo de ano na escola. Eu sei que podia ter feito mais, incentivado mais a leitura e a escrita, observado melhor os deveres de casa. Apesar dos esforços, e não foram poucos, aconteceu. É um obstáculo da vida, ele não estava devidamente preparado para seguir em frente. Conforme eu expliquei para ele, às vezes temos que grindar para subir de nível: é horrível, mas necessário.
Entretanto, esse não é exatamente o ponto. Em sua nova turma há uma menina. Não sei o nome dela. Mas ele me contou que ela revelou para a turma que sempre foi muito perseguida por não seguir os estereótipos femininos: ela gosta de brincar de bola, correr, empurrar. Não é aquela "flor delicada" que imaginamos de meninas do ensino básico. Ela contou que agora ninguém implica com ela, como era no colégio anterior. Meu filho disse que falou com ela que não via nada de errado com ela e que ela era legal.
Ao me contar o ocorrido ele me disse que ela lembrava a Zarya. Eu sabia o que ele queria dizer, mas perguntei assim mesmo se ela tinha cabelo rosa, então. "Não, ela é grande. E forte". E eu perguntei: "e aí?". E ele apenas me disse: "maneiro".
Feliz aniversário, Overwatch. E obrigado.
3 comentários:
Matérias escolares vêm e vão. Uma lição de empatia com o próximo e tolerância fica marcada pra sempre na personalidade de uma criança. A meu ver, um pequeno escorregão seguido de uma enorme vitória.
Quero abraçar teu filho depois dessa <3
Bem, o que mais me encantou foi a cumplicidade entre pai e filho. Isso é algo admirável. Parabéns.
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