Retina Desgastada
Idéias, opiniões e murmúrios sobre os jogos eletrônicos
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21 de fevereiro de 2017

(não) Jogando: Far Cry

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Meu primeiro contato com Far Cry (o primeiro) provavelmente foi através de um trailer: o jogo tinha um visual de cair o queixo, daqueles de parar o escritório e chamar todo mundo pra ver. Meu ex-chefe comprou ele na banca pirata do camelô, o que diz muito sobre sua personalidade e o estado dos jogos de PC naquele distante 2004 pré-Steam. Na máquina dele, o jogo era deslumbrante, mas ele falou que a jogabilidade era bem complicada e a dificuldade galopante. Por uma época, a gente trabalhava ao som de tiros de metralhadoras e pistola saindo da sala ao lado.

far-cry-windows-front-coverDemorei um pouco para colocar minhas mãos em Far Cry, primeiro porque o jogo era caro mesmo na mão do camelô, por vir em três ou mais discos (a memória me trai nesse detalhe). Uma conexão de banda larga e o saudoso Kazaa me trouxeram o jogo após uma ou duas semanas de download.

Vamos deixar bem claro: Far Cry é lindo. Se ainda impressiona nos dias de hoje, imagine mais de dez anos atrás? Em um momento em que os FPS começavam a flertar com paletas de cores sépia e mundos em ruína, ele nos dava uma exuberante ilha tropical onde o verde era muito verde e o azul do mar muito azul. Com pássaros voando no ar e os sons de seus cantos, era o mais próximo de umas férias nos Havaí que eu iria chegar, descontando os mercenários sangrentos, obviamente.

De onde vinha aquela tal de Crytek? Eles estavam tirando ambrosia da minha surrada placa de vídeo. Far Cry nasceu despretensiosamente, como uma demonstração de seu motor gráfico. Originalmente se chamava X-Isle e tinha dinossauros na tal ilha, mas eles resolveram descartar os répteis gigantes, colocar uma história de filme B no meio e produzir um jogo completo. Nunca imaginariam que estariam colocando no mundo uma franquia que sairia de suas mãos e se estenderia por 12 títulos, incluindo spin-offs.

Cego em Tiroteio

Naquela minha primeira incursão em 2005, talvez 2006, meu queixo caiu ao sair do bunker abandonado inicial e entrar no mundo aberto paradisíaco. A Crytek sabia como manipular minhas emoções: o título começa em corredores, apenas para te preparar para o deslumbre que vem depois, o mesmo truque de design empregado anos antes com o igualmente impactante Unreal.

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Mas nos primeiros passos, começam os problemas. Far Cry se define como um FPS de mundo aberto, não funcionando muito bem nem em um nem em outro quesito.

Você pode dar tiros e matar seus inimigos? Claro que sim, mas morre com a facilidade de um cego em tiroteio quando seus oponentes tem armamento pesado, incluindo lança-foguetes, não tem pena de usá-lo contra você de distâncias impossíveis, aparecem do nada, chamam reforços, contornam sua posição e não sossegam até matá-lo. Teoricamente, o jogo recomenda que você seja sorrateiro, mas não te oferece muitas ferramentas nesse sentido. E, afinal, para que passar o jogo inteiro rastejando no mato alto em um cenário tão bonito?

Por mundo aberto, entende-se que você pode ir em qualquer direção que der vontade. E só. Não há muito para ser feito de diferente na ilha de Far Cry que não envolva atirar em inimigos. A pretensa liberdade de exploração só muda o ângulo em que você irá trocar tiros com os mercenários. Em um título, vamos dizer assim, convencional de open world, há uma variedade de atividades a serem executadas naquele espaço, inclusive algumas que não envolvem perigo de morte.

Em 2005, talvez 2006, matei todo mundo nas primeiras cabanas, mas nunca passei da primeira base, onde eu deveria pegar um jipe. Tentei diversas abordagens, morria em todas. Desisti.

Então, mais de dez anos depois, aqui estou eu, com uma cópia legítima do jogo, gentilmente presenteada por @RaptorHawk. Na verdade, foi a Far Cry Collection que ele me deu, mas jurei a mim mesmo que voltaria à franquia a partir do primeiro, mesmo não havendo qualquer continuidade no universo.

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E aqui estou eu desistindo novamente. Os problemas de Far Cry não mudaram e a experiência não melhorou meu humor, apenas minha capacidade de avançar: passei do ponto em que tinha parado antes. Apenas para morrer inúmeras vezes, 15 minutos à frente. Morri com tiro, morri com carro explodindo (uma bomba-relógio sobre rodas que só está ali para te matar nas piores horas), morri com míssil(!), morri caindo de um barranco, morri atropelado, meu filho ria feito um maníaco. O botão de recarregar o checkpoint foi mais usado do que em muito jogo de plataforma.

Claramente Far Cry não foi feito para mim. Meu chefe, quem diria, estava certo desde o início: a dificuldade é galopante e já odeio o jogo na primeira missão. Recomecei do zero, na dificuldade Easy, fui menos longe ainda antes do infame rage quit.

O chamado distante de 2004 foi atendido. Agora, o primeiro Far Cry é uma página virada na minha vida.

Ou não. Parece que tem uns mods que mudam tudo no jogo. Essa história ainda não acabou...

Ouvindo: Monster Magnet - Dig That Hole

3 comentários:

Shadow Geisel disse...

O primeiro eu nunca joguei. Parti pro segundo e gostei bastante. A mecânica de direção é empolgante e acho que ele conserta a falha de não ter tarefas pra se fazer que você citou no primeiro: a exploração e busca pelos diamantes com certeza vai te desviar do caminho principal. Nesse jogo, o fogo é um personagem à parte, um elemento de estratégia e um belo recurso visual. Sobre FC3, considero o melhor que joguei, com um dos vilões mais icônicos da história dos games (Vaaz, pra quem soltou o paraquedas agora). O quatro simplesmente não me cativou. Parece um eco do terceiro jogo, com gráficos ligeiramente melhorados e um vilão significativamente piorado, aliado a um protagonista que não tem razão de estar ali, fazendo o que faz. Primal dizem que é bom, mas ainda não joguei.

Amenophis disse...

Muitas vezes você tem que esgueirar pelo mato, outras vezes afundar o pé no acelerador e ignorar os tiros. Há cenários abertos em que você pode ignorar o objetivo e ir em frente.
De qualquer forma, eu jogo com o mod FCAM que introduziu, um Quicksave no Menu. A sensação de poder carregar onde quiser é um alívio que só quem jogou Far Cry vanillla sabe.
http://www.moddb.com/mods/farcry-addon-mod-fcam

Hawk disse...

Poxa, que pena que você não gostou. Se você não conseguiu chegar na parte do navio, então achará quase impossível a parte dos monstros. Nunca instalei mods nele, mas agora fiquei com vontade de testar. Eu tenho a edição em CD dele e são 5 CDs.

Será que o desempenho do Far Cry 2 será bom aí?

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Blog criado e mantido por C. Aquino

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