Retina Desgastada
Idéias, opiniões e murmúrios sobre os jogos eletrônicos
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20 de novembro de 2016

(não) Jogando: Ori And The Blind Forest

Ori and the Blind Forest 03

Ter que largar Ori And The Blind Forest no meio soa como uma grande injustiça, não apenas com o personagem, como também com o belo trabalho executado por seus desenvolvedores.

Mas é uma injustiça anunciada.

Tão logo comecei a jogar o título com o meu filho (e foi paixão à primeira vista, pode acreditar) e alardeei a jornada no Twitter, não faltaram vozes para dizer que "é um jogo lindo, mas...". Apostaram que eu não iria concluir, balbuciaram sobre a dificuldade absurda, ouvi gargalhadas insanas na distância. E não sem razão.

Ori and the Blind Forest foi forjado no fogo do Inferno a partir das lágrimas dos derrotados. É a única forma de explicar como um jogo aparentemente tão cândido, com paisagens tão bucólicas e personagens tão cativantes ser tão desafiador. Quando você acha que já está dominando os obstáculos, ele te acrescenta uma mecânica nova, uma outra camada de complexidade e adiciona (literalmente, às vezes) mais espinhos na sua travessia, como se estivesse determinado a esmagar o jogador que ousa contemplar sua face bela.

Sim, é injusto abandonar Ori e sua jornada, mas ele foi largado. Primeiro uma semana aqui, depois um mês ali, e, quando nos demos conta, vários meses haviam se passado com o ícone do jogo intocado na Área de Trabalho, sua mera visão nos causando calafrios, seu nome provocando rejeição imediata. Apenas a simpatia mantinha o jogo ali, à espera de um sopro de coragem e paciência que raramente vinha. Tentamos, tentamos uma segunda e até uma terceira vez passar de um determinado ponto com afinco. Mas não era mais possível: a magia se fora, os espinhos ficavam.

Ori and the Blind Forest 04

Definitivamente, os desenvolvedores não gostam de nós. Há uma outra versão do jogo, batizada até de "definitiva", com dificuldade ligeiramente reduzida, checkpoints melhor distribuídos e outras concessões para nós simples mortais. Mas não apenas seria necessário comprar o jogo de novo, como até mesmo nosso progresso atual seria perdido. A golpe de crueldade derradeiro.

Para os valentes que concluíram a aventura de Ori, nossos sinceros cumprimentos. Aos que tombaram, nossa empatia e segue a vida, em outras paragens.

Ori and the Blind Forest 01

Ouvindo: UK Subs - All I Want To Know

7 comentários:

Shadow Geisel disse...

A clássica arapuca do jogo com visual infantil que esconde uma dificuldade proibitiva.

Flávio de Oliveira disse...

Dificuldade absurda? O.o
OK, o original é um game difícil e desafiador, mas nada insano.

Pessoal que fala isso deveria jogar uns Ninja Gaidens em um NES pra entender o que é absurdo.

3:)

C disse...

Quando os desenvolvedores refazem o jogo para mudar a dificuldade é um sinal de que eles próprios admitiram que jogaram água fora da privada. Mas se serve de consolo, o jogo é só a beleza mesmo - a história meio que é só a cutscene de abertura e depois quests aleatórias de videogame (me conseguia 3 mcguffins para abrir o caminho, etc)

C. Aquino disse...

Acho que o problema aqui é uma questão de expectativa: Ori é um jogo belíssimo que impacta pela dificuldade. A primeira hora encanta e não te prepara para a curva acentuada de desafios. Acredito que poderia ser apreciado do começo ao fim por mais pessoas se tivesse níveis de dificuldade opcionais. Mas essa é uma velha discussão...

C disse...

Eu joguei a versão full definitive deluxe of doom, ou seja la como se chama o jogo 2.0, sem nem saber que existia uma versão anterior hardcore (essa deve ser a sua, que eu nunca joguei). Deixe eu fazer um resumo do que eu achei:

Assistir um vídeo de gameplay do jogo é extremamente intimidador. Você vê todos aqueles saltos, piruetas, twitsts duplos carpados tão rapidamente que pensa "puta merda, só sendo coreano para jogar esse jogo". Bem, não realmente.

O jogo consegue distribuir de forma brilhante as habilidades de forma que você as incorpore como nenhum outro jogo do gênero jamais fez. Então você aprende o pulo duplo, depois grudar na parede e por fim o salto com dash, e enquanto usar tudo isso numa sequencia parece difícil, o jogo te dá uma curva de aprendizado perfeita depois de adquirir cada upgrade.

Então Ori é realmente um jogo muito difícil, mas a dificuldade feita do jeito certo: ele te dá as ferramentas para seguir adiante e se você falhar a culpa não é de ninguém senão sua própria. A coisa é tão bem encaixadinha, tão bem montada que você acaba sofrendo o efeito "Eu sei Kung FU", aquela cena em que o Neo começa a fazer uma série de movimentos fodas e se surpreende sobre como um cara comum que nem ele consegue fazer algo tão visualmente impressionante.

Eu sou um cara comum que definitivamente não tem as habilidades de um coreano que joga 32 horas por dia, e volta e meia eu me surpreendia com a sequencia de saltos e malabarismos que eu conseguia fazer no jogo porque ele te dá as ferramentas para isso, te dá a curva de aprendizado perfeita para isso.

@tiagoamelo - Mídias Sociais disse...

Só tenho a dizer que esse post me representa

Lucas. disse...

Olha, super concordo contigo. Zerei o jogo hoje depois de 1h e meia no último chefão. Eu nunca tive um console e fui comprar um recentemente e adivinhe o primeiro jogo que escolhi pra completar? Isso mesmo, Ori hahahaha

Joguei no modo normal achando que não seria tão impossível. Demorei 18h pra finalizar e morri quase 2 mil vezes (acho que fiquei mas 1900 mortes). Foi MUITO complicado e em determinadas partes do jogo eu só não desisti por que eu já tinha começado e queria muito ter a sensação de finalmente zerar um jogo. Consegui e fiquei super feliz mas pode ter certeza que não vou jogar a parte 2 nem fudendo kkkkkkkkkkk

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Blog criado e mantido por C. Aquino

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