Retina Desgastada
Idéias, opiniões e murmúrios sobre os jogos eletrônicos
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22 de novembro de 2016

Jogando Lifeless (Impressões Iniciais)

Lifeless - Beds

O velho hábito de fechar portas continua funcionando. Assim que eu subi as escadas, ouvi a criatura socando a porta lá embaixo no primeiro andar, querendo entrar, claramente tentando seguir meu rastro. Até aquele momento, eu não sabia se os monstros eram capazes de derrubar portas, mas agradeci mentalmente a mim mesmo pelo hábito de fechar depois de passar. E engatilhei a pistola no alto da escada.

Um ou dois minutos se passaram, com a respiração suspensa. Encontrava-me ferido, em território desconhecido, sozinho, sem itens de cura e havia uma coisa forçando a porta. Mas a porta não cedeu. Mais tranquilo, explorei o segundo andar. Pela janela, vi outros dois zumbis lá embaixo. Pela janela, fui avistado por outros dois zumbis lá embaixo. Eles correram para a mesma porta em que já havia a primeira criatura.

Não sei e continuo sem saber se a paciência dos monstros é infinita. A minha certamente não é. Com as barras de fome e sede caindo e a certeza absoluta de que o único outro jogador no mapa inteiro não poderia vir em meu resgate, percebi que havia outra porta na parte da frente da casa. Meu plano era simples: abrir a porta da frente e correr, correr sem olhar pra trás.

Avancei para a porta da frente e aparentemente os monstros sentiram meu cheiro ou ouviram meus passos e correram para a mesma porta. Era um impasse. Sem parar para pensar melhor no plano, abri a porta assim mesmo e tentei correr. "Não sabendo que era impossível..." começa aquela pérola da sabedoria popular.

... foi obrigado a recuar, derrubou um zumbi na pistola e foi devorado pelos demais, deveria terminar aquela maldita pérola de sabedoria popular.

Era minha segunda morte, mas sem dúvidas o ápice da minha experiência com Lifeless e meu batismo de fogo no sub-gênero.

Sem Vida

Lifeless - Mapa

A graça desse tipo de jogo é o fato de que nada está preso por roteiros. A jogabilidade emerge dos riscos de desafiar as regras de um mundo invariavelmente hostil. Como em Minecraft, mas com muito, muito menos possibilidades de interação e muito, muito mais tensão. Em seus melhores momentos, Lifeless me lembrou a franquia S.T.A.L.K.E.R.. Mas uma lembrança meio vaga.

A menos que você tenha ficado congelado nos últimos cinco anos, já sabe que esse tipo de jogo explodiu em popularidade, deste o modesto começo como um mod para Arma II e o pioneiro DayZ, até uma enxurrada de clones de todos os tipos, de todas as desenvolvedoras. Até então, eu observava a febre de longe e com boa dose de cautela (para não dizer desprezo). Assombra-me a desfaçatez em que esse tipo de jogabilidade descamba rapidamente para fantasias de poder e tortura sobre outros jogadores, pouco importando o cenário ou os monstros, um simples verniz para o lobo humano caçar outro lobo humano.

Mas a curiosidade matou o gato. Descobri que Lifeless, apesar de recém-lançado, estava disponível por um dólar em um pacote no Green Man Gaming, loja que também produziu o jogo. Comprei para experimentar. Vi um par de vídeos e descobri que há um sistema de facção dentro de seu universo pós-apocalíptico, ou seja, pelo menos metade dos jogadores não está ali para te matar.

Lifeless - NPC

Um dos três NPCs na base da minha facção

Entretanto, a melhor (ou pior?) surpresa viria ao ligar o jogo e descobrir que há mais servidores disponíveis do que jogadores conectados. Os rumores nos fóruns é que a desenvolvedora abandonou o jogo em Early Access e, embora infundados, espalharam-se como fogo e os jogadores, o principal recurso do subgênero, debandaram em massa. Jogando durante a tarde, eu era o único explorador. De noite, a situação melhorou um pouco... contei 6 jogadores no mundo todo, quatro de uma facção, dois de outra, mas em servidores diferentes.

É claro que escolhi um dos muitos servidores vazios. Então, aqui estou eu com um playground de perigo e ruínas para explorar todo para mim, sem o risco de um tiro de fuzil vindo de lugar algum explodir minha cabeça porque alguém acha divertido. Cheguei a gelar quando recebi a mensagem que outro aventureiro (com BR no nick!) havia entrado no mesmo servidor. Mas o mapa é imenso, as chances de nossos caminhos se cruzarem e ele ser da facção rival eram muito baixas.

A longo prazo, talvez médio prazo ou mesmo curto prazo, esse "privilégio", essa "exclusividade" vai condenar esse mundo. Até lá, eu pretendo explorar um pouco mais.

Lifeless - Explorador

Ouvindo: Jeremy Souley - Harvest Dawns

3 comentários:

Shadow Geisel disse...

Será que essa ojeriza por intervenção humana no gameplay é característica dos jogadores mais "experientes"? Detesto qualquer tipo de jogo totalmente voltado ao multiplayer.

Vinicios Duarte disse...

Olá Aquino, aqui é o Vinícios Duarte do Gamerview. Primeiramente, gostaria de agradecer por ter feito cópia de todas as nossas análises em 2011. Estamos voltando com o site editorial em dezembro e, se não fosse por você, teríamos perdido parte de nosso conteúdo original. Na época, eu fiz um backup mal sucedido que comprometeu a recuperação de tudo.

O site vai voltar com todas as colunas do Alexandre Taú, todas as análises originais (e mais umas 60 que escrevi pra PlayTv) e podcasts. Aproveito para lhe fazer o convite: quer entrar pra equipe? Caso sim, me passe seu email.

Já estamos em 14 colaboradores pro retorno, incluindo parte da equipe original. Vamos voltar com tudo, pra ficar e nunca mais desistir. :)

Abraço.

C. Aquino disse...

Opa, Vinícius! Fico MUITO feliz em ser útil! Se precisar do conteúdo em CSV ou TXT eu posso dar uma mexida aqui no banco de dados para facilitar para vocês. De qualquer forma, meu email de contato é [email protected]. Quero ouvir essa proposta aí! :)

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Blog criado e mantido por C. Aquino

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