Retina Desgastada
Idéias, opiniões e murmúrios sobre os jogos eletrônicos
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6 de outubro de 2016

Dentro

Inside

Quem teve a oportunidade de jogar ou assistir um pouco da jogabilidade de Inside, sabe que esse é um título perturbador de muitas formas diferentes. O sucessor espiritual de Limbo eleva a estranheza do jogo que o precede a um patamar inimaginável e extremamente incômodo. Parte de sua atmosfera é composta pelo visual, que usa formas simples e sombras para construir um universo opressor. E parte dessa atmosfera também vem da elogiadíssima trilha sonora, que parece ressoar no crânio de uma forma única.

E não é pra menos.

Em uma longa entrevista para o site Gamasutra, o engenheiro de som e compositor Martin Stig Andersen, um dos responsáveis pela música do jogo revelou seu segredo para atingir uma sonoridade que dificilmente será igualada: um crânio humano legítimo. Boa parte das faixas da trilha sonora foram executadas através de um crânio de um cadáver, incluindo o maxilar separado, e recapturadas com microfones especiais.

Skull

Os sons que eu toquei através do crânio eram na verdade sons sintetizados, o que eu normalmente não utilizo muito - a maioria do meu trabalho é realizado fazendo e gravando coisas com um microfone. Mas, para Inside, eu acho que devido à estética do jogo, eu meio que pensei que deveria ser associado com trilhas sonoras de filmes dos anos 80 - músicas baratas ainda que bacanas.

Mas ao mesmo tempo eu não queria realmente escutar músicas sintéticas no jogo (...).

Mas quando eu as toquei através do crânio, o som adquiriu outra qualidade. Eu realizei algum pós-processamento também, é claro, mas mesmo sem isso você podia ouvir esse tipo de timbre, que inspira uma associação muito sutil com uma trilha sintética. (...) Durante o desenvolvimento, nós adquirimos uma intuição para que tipo de paisagem sonora ressoaria bem dentro do crânio.

As vibrações do processo de gravação acabaram provocando a queda de quase todos os dentes da mandíbula. Mas o resultado... é algo que não deixará a memória dos que ouvirem. Esse mórbido resultado pode ser comparado no fragmento abaixo:

Faixa original composta sinteticamente

Mesma faixa depois de ser tocada dentro do crânio e regravada

Seria esse o significado secreto de "Inside"? Apenas órbitas vazias contemplam a resposta.

Patricio Meneses - Riled up Corwids

Um comentário:

Shadow Geisel disse...

Música pra mim é uma parte fundamental da experiência com um jogo. Eu comecei a jogar videogames por causa da música, não da jogabilidade em si. Limbo foi um jogo muito bom, mas que cometia a falta de não contar com uma trilha sonora (sempre fica na cabeça a dúvida de como seria a trilha de um jogo que fala sobre morte, essencialmente). Mesmo tendo achado o estilo artístico de Inside meio repetitivo (jogo monocromático), eu vou jogar nem que seja pra conferir o som.

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Blog criado e mantido por C. Aquino

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