(não) Jogando: TerraTech

Meu filho adora montar coisas no Lego, adora os jogos de Lego, adora Minecraft. Visto isso, era mais ou menos óbvio que ele (e, consequentemente, eu) também iríamos gostar de TerraTech. Tão óbvio que ganhamos o título em Early Access de presente do Johnny C, outro entusiasta do jogo.

Mas, em algum ponto destes últimos meses, a euforia com TerraTech foi se transformando em uma lenta e inexorável batalha morro acima contra a curva de dificuldade, que nos levou a muito mais frustração do que aproveitamento do potencial que o jogo tem.

A premissa do jogo é tudo que curtimos em outros títulos: um planeta inteiro para explorar e um começo humilde. Você tem apenas seu módulo de pilotagem e precisa ir agregando outros componentes ao seu veículo ao seu gosto, com peças de encaixar que vai coletando ou conquistando em batalhas com outros exploradores controlados pela IA. Aos poucos, seu modesto "carrinho" blocado vai se transformando em um colosso, um encouraçado terrestre armado até os dentes, construído com total liberdade e pronto para qualquer conflito. Também é possível construir bases, minerar materiais, comercializar itens e ir aprimorando seu equipamento e seu titã.

Exceto que não conseguimos sair da fase tutorial.

Cinco vezes seguidas. Aportamos no planeta com nosso simples módulo, vencemos um ou dois veículos rivais, acumulamos blocos e vamos crescendo. Começamos uma base, cumprimos algumas missões, crescemos mais ainda. Sofremos uma derrota devastadora contra um oponente que nos persegue até os extremos do Inferno e somos reduzidos a poeira. Não conseguimos recuperar nem metade dos módulos que tínhamos antes, tomamos outra surra do mesmo veículo inimigo que ainda está por ali, voltamos à estaca zero, depois de quase uma hora de partida.

Talvez a experiência nos torne mais fortes, mais precavidos, certo? Nossa base é atacada. Morremos na defesa, voltamos à estaca zero. Alguns blocos especiais que são liberados logo no início do tutorial são perdidos pra sempre. Sem o radar, por exemplo, fica ainda mais difícil detectar antecipadamente a proximidade de um inimigo que pode colocar tudo a perder.

Johnny C claramente não tem os problemas que nós tivemos.

Na quinta vez, joguei sem meu filho, como o mais covarde de todos os pilotos de combate que TerraTech já viu. Paulatinamente, fui construindo o veículo mais armado, mais robusto que já montei. Levo novamente quase uma hora para montar o desgraçado, uma vez que o processo de construção é menos divertido do que parece no papel, nunca há rodas ou armas em quantidade suficiente para minhas metas e a interface é um pouco tediosa. Mas estava ali: algo que achava ter uma mínima chance de sair do jardim de infância de TerraTech.

Mostrei o veículo pro meu filho, em cinco minutos, ele dirige para perto demais de um inimigo que talvez fosse do mesmo patamar militar que o nosso, talvez mais fraco. Meus instintos dispararam: "foge!". Não deu tempo, ele nos perseguiu e, mesmo dando combate, meu trabalho foi todo em vão. Estávamos de volta à estaca zero pela quinta vez.

Eu posso relevar os problemas de câmera e o fato da interface não ser das melhores. Eu posso relevar o fato do combate ser meio precário e ser decidido, pelo menos nesse inicio, na capacidade de alinhar armas que só miram em uma direção contra um veículo em movimento enquanto você briga por um bom ângulo de visão. Afinal, é Early Access. Mas ser obrigado a perder praticamente tudo depois de cada derrota é devastador. A habilidade de salvar o estado do seu veículo de tempos em tempos seria um grande diferencial.

Não construímos nenhum dos titãs vistos nessa postagem. Se conseguimos juntar 15 blocos no mesmo veículo foi muito.

Esse é o estado atual de nosso carro em TerraTech. Não dá vontade de retornar.

Ouvindo: The Beat Farmers - Baby's Liquored Up