Retina Desgastada
Idéias, opiniões e murmúrios sobre os jogos eletrônicos
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17 de junho de 2016

Legos e Legados

Era uma vez um pai que ensinou ao seu filho sobre aquilo que ele julgava ser bom. Podia ser a paixão por um time de futebol, o gosto pela leitura, a crença em um mito milenar. Em todos os casos, houve um momento bem claro em que ele viu o fruto de sua parceria. Um grito entusiástico de gol, seguido de um beijo na camisa. Um pedido de silêncio para se prestar atenção em um livro de mais de 500 páginas. Uma reza espontânea e solitária antes de dormir.

Independente do lar, da época ou da criança, o legado avança.

Cinco anos se passaram desde a ascensão do guerreiro...

Pela primeira vez, há jogos debaixo desse teto sendo jogados sem a minha participação. Ao contrário de Lego Batman - The Videogame, conheço menos sobre Lego Marvel Heroes do que gostaria. Parece ser um jogo super-divertido, pelo pouco que joguei como parceiro. Mas ele está levando a aventura sozinho, avançando a história, desbloqueando conquistas que aparecem na minha conta do Steam, mas das quais eu nada sei. Não posso nem mesmo fazer uma análise honesta do jogo.

lego

O computador dele está chegando e logo saberemos como funciona esse tal de Family Sharing. E cada vez mais haverá mais e mais jogos sendo derrubados da minha Biblioteca e eu não estarei ali. Não vou negar que há uma estranha mistura de orgulho paternal, medo da temporalidade da vida e ciúme de um antigo refugio que julgava ser só meu. Mas também há a plácida satisfação de saber que a mesma alegria se propagou.

É sincrônico que justo nesse momento, ícones como Kratos ou Marcus Fenix também estejam passando pelo mesmo ponto no ciclo da vida. A passagem do bastão para outra geração.

E daqui a algumas décadas, quando meu tempo de partida tiver se esgotado, uma outra retina continuará na mesma paíxão, talvez escrevendo sobre, talvez criando seus próprios jogos, talvez apenas chegando em casa cansado do trabalho e ligando seu PlayBox 5 para meia hora em algum mundo virtual distante ou ativando um emulador para lembrar os bons tempos de Sonic and All-Stars Racing Transformed, quando o pai dele dirigia e ele apenas apertava o botão dos power-ups nas horas certas.

Ouvindo: Eisbrecherr - Kussu

5 comentários:

Vagner VD disse...

Rolou uma lagriminha aqui... eu tenho uma filha de 1 ano, e é por aí que eu acho que estamos indo. Quer dizer, por enquanto ela só fica sentada do meu lado com um controle desligado, mas enfim. Foi assim que eu comecei, do lado do meu pai com um Atari e River Raid.

Vagner VD disse...

E ah! O finalzinho do seu texto me lembrou disso: https://www.youtube.com/watch?v=gCtSgb-b7zg

Rabisco Virtual disse...

Deixo expresso aqui o meu sincero voto de que essa semente não apenas floreça, mas que também de seus frutos no futuro, edificando honrosamente o seu legado Aquino.
Ainda não fui agraciado com dádiva da paternidade, mas tento formar uma vaga idéia de como deve ser o turbilhão de sensações em ver seu guri seguindo os passos do pai.

Shadow Geisel disse...

Playstation 5 é muito cedo, Aquino. E acho que, se depender das políticas atuais da Sony (e seu PS4k), talvez esse número nem seja mais continuado.

Helder disse...

Gente, e pior ou melhor, que eu estive aqui vendo esse moleque crescer nos jogos o tempo todo através do retina. Texto maravilhoso.

Retina Desgastada

Blog criado e mantido por C. Aquino

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