Retina Desgastada
Idéias, opiniões e murmúrios sobre os jogos eletrônicos
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30 de abril de 2016

Império de Jogos

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Na semana passada, chegou ao Steam o jogo Battlefleet Gothic: Armada, um título de estratégia e combate espacial ambientado no universo de Warhammer 40,000. Space Hulk: Deathwing está chegando em breve enquanto o ambicioso MMORPG Eternal Crusade já se encontra em Early Access. Lembra quando jogos baseados na franquia eram tão raros que seus anúncios eram celebrados aqui no blog? Pois, atualmente, já existem mais de 20 títulos com a tag Warhammer 40K disponíveis no Steam, mais tantos a caminho, sem contar os jogos do cenário medieval Warhammer e outras propriedades da Games Workshop. Nas plataformas móveis, outra avalanche de iguais proporções.

Afinal, o que aconteceu?

Aconteceu que a Games Workshop depois de décadas servindo de inspiração direta ou indireta para jogos de outras empresas, com seus fuzileiros espaciais e seus mundos de fantasia sombria, resolveu que sua hora de assumir o manto chegou. A icônica editora mudou a forma como licencia suas propriedades intelectuais e entrou na guerra com todas as armas possíveis.

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Em entrevista para o site Gamasutra, Jon Gillard, diretor de licenciamento da Games Workshop explicou o que aconteceu:

"Nós sempre sentimos que poderiam ser feitos muito mais jogos baseados em nossas várias IPs. Afinal, existe material pra caramba desse mais de 30 anos em que nós fizermos jogos, miniaturas, livros etc.

Existem mais de 900 livros e mais de 30000 modelos diferentes! Então, sempre foi um desejo nosso, mas a indústria estava travada de tal forma que o único caminho real para o mercado era através de uma produtora até alguns anos atrás. Então, lá em 2011, isso e algumas coisas mudaram".

Gillard não cita diretamente a falência da THQ, que durante anos foi a única licenciadora da marca Warhammer 40,000, mas é claro que essa "libertação" ajudou a Games Workshop a repensar suas estratégias. A crise que se arrastou por meses na extinta produtora pode ser o ponto da virada citado pelo executivo.

Foi quando a editora de jogos e livros resolveu que seria mais inteligente não fechar um contrato que fechasse todo um de seus universos com essa ou aquela produtora. E foi além: para quê produtoras? E a Games Workshop foi atrás de desenvolvedores e passou a ceder apenas as licenças necessárias para que seus jogos fossem criados.

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De acordo com o executivo, com lojas como Steam, Apple e Google permitindo que desenvolvedores coloquem seus jogos para vender diretamente sem um produtor, literalmente qualquer um com boas ideias e talento poderia solicitar o direito de usar um pedaço dos universos administrados pela Games Workshop: "nós estamos preparados para considerar qualquer proposta séria que pareça render um bom jogo que seja comercialmente viável, seja de um desenvolvedor, de uma produtora ou ambos".

A resposta tem ressuscitado antigas franquias da Games Workshop e mantida acesa a chama de outras:

"O fato que desenvolvedores podem agora se auto-publicar significa que nós podemos criar toda sorte de jogos com uma ampla variedade de parceiros, usando todos os tipos de nossas IPs - algumas em que nós não vinhamos fazendo muita coisa internamente por anos como Chainsaw Warrior e Talisman, ou talvez adaptações muito específicas de partes de Warhammer 40,000 como Deathwatch e Freeblade.

(...) Nós podemos brincar com todas as nossas IPs que criamos ao longo dos anos, e nós definitivamente queremos ver batalhas maciças de espaçonaves baseadas em  Battlefleet Gothic, ou um jogo de guerra de gangues baseado em Necromunda, talvez um violento e insano jogo de corrida baseado em Gorkamorka. Nós somos frequentemente indagados por potenciais parceiros sobre 'o que está disponível', e a resposta simples é tudo que nós já não estejamos fazendo, e algumas dessas áreas especializadas de nossas mundos como essas que foram mencionadas, foram até agora apenas levemente utilizadas.

Existem muitos, muitos tipos de jogos de Necromunda que você poderia fazer por exemplo, é um mundo profundamente concretizado por si só e isso apenas representa uma cidade-colmeia, em um planeta imperial, em uma galáxia repleta de milhões de planetas Imperiais."

Podemos esperar, por que a invasão está apenas começando.

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Ouvindo: Midnight Syndicate - Dark Tower

2 comentários:

Rabisco Virtual disse...

"qualquer proposta séria que pareça render um bom jogo que seja comercialmente viável"

Ao meus olhos, se de um lado isso pode viabilizar projetos interessantes, também pode ser perigoso ao "banalizar" tais franquias. Todavia, o resultado só poderá ser mensurado quando "Império" concluir sua invasão.

Shadow Geisel disse...

900 livros? Sério? Impressão minha ou o lore de Warhammer é mais abundante que franquias "maiores", como Guerra nas Estrelas?

Concordo com a ideia negativa de banalização. Não tem como lançar algo em produção industrial e ainda esperar personalidade própria. Na dúvida da qualidade desses títulos, eu dividiria por 3 e arredondaria pra baixo, só por garantia.

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Blog criado e mantido por C. Aquino

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