Retina Desgastada
Idéias, opiniões e murmúrios sobre os jogos eletrônicos
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5 de fevereiro de 2016

No Espaço Ninguém Pode Ouvir Você Desistir

Não tenho os nervos necessários para terminar Alien Isolation. Não tenho os nervos necessários para chegar na metade de Alien Isolation.

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Estou desistindo na quinta de dezoito missões da campanha da filha de Ellen Ripley, sem vergonha de dizer que o jogo me dá calafrios. Esgueirar-me de um armário para outro enquanto a criatura assassina passa bem do meu lado é um excesso de imersão que deixou meu estado mental abalado.

O que é exatamente o tipo de objetivo que seus criadores desejavam e exatamente o tipo de jogo que o Alien vinha merecendo há décadas. Um título capaz de colocar o xenomorfo de volta ao pódio do horror depois de ter se tornado buxa de canhão em vários jogos e até motivo de escárnio no fracassado Colonial Marines.

Como Ridley Scott nos provou no distante ano de 1979, um único monstro vagando com total segurança por corredores mal-iluminados é tudo que basta para gelar a espinha e evocar aquele medo ancestral do desconhecido, do incontralável. Mesmo no futuro supostamente utópico, onde a raça Humana domina a viagem entre as estrelas com possantes e gigantescas espaçonaves e dá seus primeiros passos para a criação de vida inteligente, ainda assim não passamos de penetras nas vastidões do váculo inexpugnável e seus segredos.

Alien Isolation está de parabéns por conseguir capturar o espírito do filme original, tanto em termos de cenários e atmosfera retrô-futurista, como também em devolver a eficiência mortal e assombrosa ao Alien. O Xenomorfo é o senhor da estação espacial, o olho de um furacão que deflagra paranóia, ódio, conspirações e a morte nesta fronteira onde o Homem não deveria ter pisado.

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Lamentavelmente, não poderei testemunhar o desenrolar dessa trama. Talvez em uma outra oportunidade, mais calejado ou menos imerso. Por enquanto, me despeço aliviado de Alien Isolation com a certeza de que fui tocado por um grande jogo.

E pelo medo incontrolável.

Faun - Iyansa

6 comentários:

Breno Simonetti disse...

De longe o melhor jogo do Alien já criado. Sou enorme fã da fanquia e poder jogar algo tão imersivo foi aterrador e sensacional ao mesmo tempo. Fico imaginando como seria jogar com um desses óculos rift da vida.

Tais disse...

Eu li que ele dura umas 20 horas pra cima. Mesmo jogando há tanto tempo, o alien nunca fica ligeiramente menos assustador? sei lá, não tem hora que você começa a se acostumar com a situação e se sentir meio anestesiado? tem quem consiga chegar nesse estado =p

(mas bem, você tá anos luz de mim. só bioshock com aquela sensação claustrofóbica e jump scares me dava um cagaço grande demais pra eu conseguir avançar significativamente)

Shadow Geisel disse...

Fica não, Taís. Muito pelo contrário: AI apresenta as ameaças gradativamente, para não traumatizar o jogador (humanos, Alien, Sintéticos). Mas em algumas missões nós temos que lidar com todos os perigos ao mesmo tempo. Com o perdão da alfinetada, quem parou na quinta missão não sabe da missa a metade (literalmente. kkkkkk).

Eu entendo perfeitamente o motivo da desistência do camarada Aquino. eu terminei ele 6 vezes, a última no nível Nightmare (não mostra a barra de vida, não vem itens nos contêineres, o tracker não funciona, munição e itens de cura reduzidos). Mas na primeira jogada eu fiquei psicologicamente abalado de jogar esse jogo. Eu ficava na vontade de continuar a jogar, mas tinha medo de ações simples no jogo, como abrir uma porta, hackear um terminal ou olhar pra trás.

Ao menos o camarada desistiu com a noção de que o jogo é excelente, e cumpriu seu papel (na verdade eu acho esse jogo imprescindível para completar a saga Alien no cinema). Ele não inventou defeitos que o jogo não possui (como a mentira de que há escassez de saves, propagada internet afora) só porque não aguenta jogar um jogo de sobrevivência.

Uma pena, infelizmente, pois o melhor fan service que o jogo faz é um pouco antes da aquisição do lança-chamas (pra não dar spoiler). Mas eu confesso que o hospital de San Cristoban foi um dos lugares mais assustadores que eu já visitei num jogo, e AI foi o primeiro jogo a me causar medo real ao jogar (eu não consegui dormir na noite em que assisti a primeira cena que ele desce de um duto, quando desativamos um lockdow. kkkkk).

Éder R. M. disse...

Hmn, acho que vou acabar comprando esse game então, já que, para mim, o Soma (dos criadores de Amnesia - The Dark Descent) não fez nem cócegas...

Fausto Albertoni disse...

Ainda não joguei Alien Isolation, não faço idéia das experiências que esse game me reserva, mas creio que entendo parte da sensação que Aquino deve ter sentido.

Quando joguei Outlast, game que aparentemente segue uma vibe parecida com esse Alien, eu definhei junto com o protagonista, diferente do "festival de sustos" que pregam por ai, eu rolei ladeira a baixo no desgaste emocional. Aos poucos eu me desprendia da intenção de resolver o mistério do jogo, pois eu só queria sair daquela loucura, eu só buscava um fim para tanta angústia. Em frangalhos, rastejei e nem sei como cheguei ao fim.

Fico entusiasmado por ver que Alien Isolation é um jogo intenso, imersivo e intimidador. Aguardo pela oportunidade de mergulhar nesse universo.

Shadow Geisel disse...

Só não crie muitas expectativas, Éder. Não que o jogo não seja bom. Mas ele não é perfeito, e é mais recomendado pra quem curte stealth intenso, e tem muita paciência pra gastar. Se você não assistiu ao menos ao Alien 1, 2 e 3, nem comece a jogar, pois não vai conseguir entrar no clima.

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Blog criado e mantido por C. Aquino

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