Retina Desgastada
Idéias, opiniões e murmúrios sobre os jogos eletrônicos
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12 de novembro de 2015

Jogando: World of Warships

(originalmente publicado no Código Fonte)

World of Warships é um jogo gratuito multiplayer online lançado para PCs em 17 de Setembro pela Wargaming. É o terceiro e até agora último pilar da série de jogos militares de simulação desenvolvidos pela empresa. Enquanto World of Tanks trazia batalhas terrestres entre tanques e blindados na Segunda Guerra Mundial e World of Warplanes levava a guerra para os céus com aeronaves da época, World of Warships segue o caminho natural e traz navios disputando encarniçadas lutas nos oceanos.

A primeira coisa que se nota ao abrir o jogo é o grande botão de BATTLE no centro da tela. Ao contrário de inúmeros títulos disponíveis no mercado, a ação em World of Warships é instantânea. Não há tutoriais, não há missões para iniciantes. Você seleciona seu navio e em alguns minutos de carregamento já está navegando e entrando em combate ao lado de outros jogadores em todo o mundo.

Lógico que nas primeiras lutas eu nem sabia o que estava fazendo, não acertei nenhum navio inimigo e fui afundado sem sequer saber de onde tinha vindo o tiro.

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Se por um lado é possível pular etapas e entrar direto na batalha, por outro lado a curva de aprendizado é dura, ainda que recompensadora. Para quem está vindo de títulos multiplayer mais frenéticos como Call of Duty ou Counter-Strike, é preciso entender que o ritmo aqui é diferente e até a física se comporta de uma maneira diferente. Ou realista, para ser sincero. Ao invés do confronto de agilidade, olho no olho com seu adversário, onde uma fração de segundo de hesitação pode significar a morte, aqui o importante é planejar à frente, ter paciência e atuar em equipe.

Primeiro de tudo, você controla um colosso de metal com mais de mil toneladas e precisa entender que um titã desses não tem a manobrabilidade de um ser humano ou mesmo um avião. Ele demora a ganhar velocidade, demora a fazer curvas e demora mais ainda para frear, já que não há freio no mar e o que você faz é na verdade colocar seu motor em reverso até anular a velocidade para frente. Por causa dessas diferenças, não foi uma nem duas vezes que eu me choquei contra uma das ilhas que existem nos mapas.

Segundo, os canhões das embarcações permitem e fazem disparos de longa distância. Distâncias realmente longas. Tão longas que o ideal é você calcular mentalmente o tempo que o projétil leva para atingir o alvo, para ter certeza de que o alvo estará naquela posição quando o tiro alcançar. Não por acaso, o bom e velho jogo de tabuleiro de Batalha Naval tem as duas frotas em pontos opostos do mapa e você atira tentando acertar algo que não seja água. Não por acaso, raríssimos são os filmes de Hollywood que mostram a verdadeira forma dos confrontos entre Marinhas.

Descrevendo assim parece chato. Mas na hora em que a espuma está batendo no casco do seu navio, que o blip do navio inimigo aparece no seu radar e você ouve o estrondo que os seus canhões fazem ao disparar, a adrenalina pulsa. Os gráficos de ponta conseguem te colocar no centro de uma paisagem belíssima e ao mesmo tempo exibir cada detalhe de sua embarcação. Aliados à trilha sonora épica, não tem como não sentir o calor da batalha e se esforçar ao máximo para contribuir para o time. Em dez minutos, uma disputa contra bots está encerrada e você já está apertando o botão para carregar outra em mapas que não se repetem.

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Embora seja fácil começar a lutar, dominar o jogo é para poucos e requer dedicação. Você pode controlar diferentes tipos de embarcação, cada uma com suas características, por exemplo. O Cruzador é o famoso pau-para-toda-obra e também o navio inicial de todos os jogadores. Ele não é o mais rápido, não é o mais poderoso, mas dá conta do serviço com maestria. Logo depois vem o Contra-torpedeiros, que, como o próprio nome diz, foi criado para caçar e destruir outras embarcações usando torpedos, embora seja bastante vulnerável. O jogo conta ainda com o Encouraçados, uma monstruosidade de aço com os canhões mais potentes do cenário, mas incrivelmente lento e que precisa ser protegido. Fechando a lista, há o Porta-Aviões, que adiciona toda uma nova forma de jogar, onde é possível controlar aeronaves para atacar e defender.

Contando com regras realistas de balística, tipos de munição e um sistema de evolução que permite adquirir habilidades tanto para o navio como para o seu capitão, World of Warships oferece uma grande gama de opções estratégicas para o jogador que deseja se especializar nas batalhas.

É um título que vale o investimento de tempo e não pune o jogador novato. Em todas as partidas que participei, mesmo quando estava claramente perdido e me chocando contra uma ilha, sempre encontrei jogadores educados, o que não costuma acontecer por aí e muito menos em títulos gratuitos. Com um pouco mais de treino (e depois de ler alguns tutoriais) já fui capaz de afundar navios controlados pelo computador e chegar vivo ao final das partidas, manobrando através do mapa e mantendo os olhos abertos para o momento certo de descarregar os canhões contra meus alvos. Com prática, é possível até mesmo se esquivar dos implacáveis torpedos que parecem avançar para uma morte certa.

Não sei onde os servidores da Wargaming estão localizados, uma vez que a seleção é automática para cada batalha, mas não detectei nenhum lag nas partidas com uma banda larga de 30MB. Apesar de não possuir um PC de ponta (i3 com 4GB de RAM e uma Radeon R240 de 1GB de VRAM), o jogo rodou macio. sem travamentos e com um visual de cair o queixo. Todas as telas presentes nessa análise foram tiradas durante partidas reais, com minha configuração.

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World of Warships pode ser baixado de graça diretamente no site oficial em Português. Os requisitos do sistema podem ser encontrados aqui.

Relatório do Capitão

World of Warships tem o mérito de ter sido o primeiro jogo que analisei profissionalmente.

Depois de sete anos à frente do Retina Desgastada, analisando jogos por puro prazer, graças a esse comichão escritor que carrego comigo desde garoto, eis que, a oportunidade surgiu de relatar minhas impressões sobre o jogo para o site Código Fonte. É possível que eu tenha desviado do meu teor informal tradicional, uma vez que estou escrevendo para uma plateia mais ampla, mas a essência está ali: uma certa neutralidade despida de preconceitos associada à minha experiência pessoal com o título.

A assessoria de imprensa cedeu uma conta Premium para testar o jogo, com uma penca de navios desbloqueados. O objetivo era ter uma visão de tudo que o título tem a oferecer, mas me manteve longe justamente do que pode ser o calcanhar de Aquiles de World of Warships: eu não sei te dizer o quanto de grinding ou dinheiro real é necessário para se ter todos aqueles navios à minha disposição. Em minhas pesquisas vi que o jogo não tem fama de pay to win, o que posso comprovar pelo o que entendi das regras: é até possível comprar evoluções, mas elas garantem apenas alguns % em algumas estatísticas aqui e ali e não substituem um bom jogador. Acredito que seja possível atingir um alto nível no jogo e uma boa frota apenas com dedicação.

Nunca imaginaria que um simulador de combate entre navios seria minha porta de entrada, mas a vida dá voltas. E World of Warships é bom, ao contrário do que imaginei inicialmente. Na verdade, em minha sessão final, tentando capturar mais algumas telas, consegui enfileirar três vitórias impecáveis em sequência, não apenas mantendo meu navio funcionando sem afundar como ainda acertando diversos disparos nos navios controlados pelos bots.

Foi difícil fechar o jogo para terminar de escrever.

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Ouvindo: Run Dmc - Jam Master Jay

Um comentário:

Marcos A. S. Almeida disse...

Joguei o World of Tanks por muito tempo e parei sem conseguir chegar ao nível 10 de qualquer blindado que seja , independente da nação ou do tipo. Sem comprar uma conta Premium é preciso muuuuuuuuita paciência.O jogo por vêzes me apresentava o seguinte dilema: depois de tanto penar pra conseguir os pontos de experiência , gasto eles melhorando os itens do tanque (e recomeçando o processo lento de aquisição de xp novamente) ou acumulo mais pontos pra comprar um tanque de nível maior ( e recomeçar o processo lento de aquisição de xp pra melhorar ele)? Lembrando que adquirindo um tanque de nível maior você continua com o tanque anterior na sua garagem , possibilitando ao jogador continuar com um blindado "capenga" e sem motivação pra jogar já que adquiriu um mais evoluído. O ideal é sempre melhorar o tanque em todos os seus itens , mas aí entra a questão da paciência novamente. Ao quadrado.
Quanto ao lag , não era muito comum mas acontecia vez ou outra.Meu ping ficava em constantes 180, mas com o passar do tempo , talvez por conta do grande número de jogadores no Brasil ( o jogo é todo em português , inclusive a dublagem) eles melhoraram o serviço pra cá , mas ainda assim permanecia em altos 120. Não atrapalhava , acredito eu , pois seria perceptível detectar isso , já que os meus tanques preferidos eram os de artilharia, em que temos de calcular mentalmente a velocidade e a direção do projétil, e lag atrapalharia muito, o que raramente aconteceu.É um ótimo jogo e é realmente como você falou, a curva de aprendizado é alta que unida ao lento acúmulo de XP nos mostra que o requisito fundamental é a paciência, mas vale á pena os momentos de diversão e emoção.

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Blog criado e mantido por C. Aquino

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