Retina Desgastada
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6 de outubro de 2015

Jogando: Tomb Raider (Conclusão)

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Quem é Lara Croft? Para muitos jogadores, ela foi o primeiro ícone feminino de poder, uma heroína, um exemplo a ser seguido. Para outros, foi um dos primeiros ícones sexuais saídos de um jogo eletrônico, um fetiche digital que ganhou forma de culto e as formas de Angelina Jolie. Para muitos, uma decifradora de enigmas, uma exploradora de tumbas e mistérios, uma solucionadora de puzzles, uma aventureira.

Lara Croft foi tudo isso e mais um pouco.

Agora, a mesma empresa que colocou a personagem no mundo resolveu reinventar Lara Croft. Os tempos mudaram, a arqueóloga também.

Tomb Raider, o jogo, é uma maratona frenética de sequências de ação, sem tempo para muitos diálogos, sem tempo para enigmas, sem tempo para fetiches e tempo de sobra para perigos, tiroteios, pulos impossíveis, ossos quebrados, feridas e mortes, muitas mortes. Essa definitivamente não é a Lara Croft dos anos 90, nem no começo do jogo, quando ela é uma moça frágil, mas determinada, insegura e até ingênua, nem no final do jogo, com duas centenas de mortes nas costas e apenas meia dúzia de tumbas mais ou menos exploradas.

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Com muito sofrimento, mas muito sofrimento mesmo a protagonista ascende da posição de donzela em perigo para o papel de John McCLane da selva. Chega um ponto em que os inimigos passam a ter medo dela e admitem que a miúda Lara Croft e seu arco é um perigo a ser eliminado. O que não faz o menor sentido, mas ainda assim é delicioso, um survival horror às avessas, onde você é o predador e os outros suas vítimas. A própria arqueóloga se assusta com a facilidade com que passa a matar sem sentir remorso.

Mas os roteiristas não tem pena da personagem ou do jogador e enfileiram ameaças após ameaças no caminho. Alguns momentos são de tirar o fôlego e não fariam feio nos primeiros filmes da série Duro de Matar. Para evitar que tenhamos uma crise de pressão alta, Tomb Raider intercala esses momentos com cutscenes, exploração e o bom e velho, mas às vezes cansativo, tiroteio básico. Para logo em seguida jogar Lara Croft de alturas inimagináveis em paisagens belíssimas ou exigir reflexos de ninja para não sermos contemplados com detalhadas e violentas cenas de morte e mutilação. Tomb Raider peca pelo extremo e chega a beirar o gore.

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Em minha análise preliminar, reclamei das cutscenes, dos QTEs e do respawn frequente dos inimigos. Como se tivessem lido minhas queixas e voltado no tempo para consertar, a turma da Crystal Dynamics pisa no freio em todos esses quesitos logo depois e deixa o jogo rolar macio.

No final da via crucis, nasce uma sobrevivente. Para o bem ou para o mal, Lara Croft se torna novamente relevante para o cenário e seu próximo jogo chegou a propiciar uma confusa guerra de exclusividade entre plataformas.

Não conheci a Lara Croft do passado. Mas gostei de entrar em sua nova pele, sangrar com ela, realizar o impossível e sair do outro lado salvando o dia. Podem ter existido várias Lara Croft, e essa é justamente a natureza dos mitos.

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Ouvindo: Danny Elfman - Lightning

4 comentários:

Gledson A. disse...

Lara "Rambo" Croft, hehe.

Edgar Menezes disse...

To curtindo o game no Xbox One, joguei Tomb Raider do 1 ao 3, depois deixei de acompanhar a série, mas este novo é muito bom!

Gustavão disse...

Concordo, o jogo é bom. Alguns elementos dele, porém, merecem melhor análise. Só pra exemplificar: uma das primeiras e mais marcantes cenas é a primeira caça da Lara, em que era chora após matar o viad... ahn... alce. O primeiro humano só morre muito depois, e pra criar o contexto a Lara é quase estuprada e morta (não necessariamente nessa ordem). Depois, a mecânica de caça é praticamente esquecido - só vai ficar caçando quem gosta ou quem quer achievements. Quanto aos humanos, quem quer brincar de ficar dando pirueta ao redor dos bandidos pode até ligar para o dodge e as várias coisas que você pode fazer enquanto desvia dos golpes do inimigo. Mas sei lá, todo mundo sabe que 99,9% das mortes vão ser na bala ou flechada... A mecânica de exploração de tumbas é desnecessária e parece fazer parte de outro jogo: é só nas tumbas que você tem que se preocupar com "timing" dos pulos, por exemplo. Por fim, as dezenas de desafios meia-boca que você tem que cumprir me deixaram um gosto amargo na boca. "Atire em 5 lamparinas nessa área", "ponha fogo em 5 pôsteres", bah, serviram só pra quebrar a imersão e dar agonia ao ver a taxa de completitude do jogo em 97% depois de zerar... Sem falar na empatia zero com o Roth e os demais membros da equipe da Lara, cujos nomes eu já deletei. Não achei um jogo terrível, pelo contrário, achei até bem divertido. Mas se não fosse da franquia Tomb Raider, aposto que o jogo teria sido linchado pelos reviewers.

C. Aquino disse...

Concordo contigo, Gustavão, em quase todos os tópicos. São defeitos mesmo que o jogo apresenta. Não entendi o motivo da caça, que não seja faturar uns míseros pontinhos de XP. As esquivas são úteis apenas contra aqueles inimigos que você precisa acertar pelas costas (é meio copiado do Batman isso aí...). As tumbas só estão ali para constar, já que são totalmente opcionais. E os desafios são ridículos (tanto que nem me preocupei com eles, como já faço nos jogos do Batman).

Mas achei o Roth bacana e senti a morte dele. Ou do capitão do navio. O resto do elenco está meio apagado mesmo.

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Blog criado e mantido por C. Aquino

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