Retina Desgastada
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13 de junho de 2015

Jogando: Neverwinter (Parte 3) - O Abismo da Decepção

Neverwinter 11

Terminei a parte 2 da minha análise deste MMORPG com as proféticas palavras: "Infelizmente, as duas últimas áreas de Neverwinter foram mais longas e cansativas que o começo do jogo, com histórias bem menos ricas do que aquelas apresentadas anteriormente. (...) Falta agora recuperar o entusiasmo e sigo na torcida por uma trama mais satisfatória no próximo arco de missões".

Um mês depois e o jogo desceu ladeira abaixo.

A impressão que fica é que o esmero e o cuidado com a narrativa e com o diferencial entre as missões ficou mesmo lá no início, que os responsáveis por seu desenvolvimento foram demitidos no meio do projeto e a Cryptic optou por contratar "veteranos" da indústria para repetir ad nauseam a fórmula de jogos do gênero. Você começa sabendo que a cidade de Neverwinter está sendo ameaçada por X, vai para uma área nova começar um arco de missões que irá durar longas duas, três horas, que seguem o mesmo roteiro: enfraqueça as forças da tal ameaça matando N Criaturas 1, retorne, encontre N objetos, retorne, entre na cripta para matar o Subchefe 1, vá para o próximo subsetor, enfraqueça as forças da tal ameaça matando N Criaturas 2, retorne, encontre N objetos, retorne, entre na cripta para matar o Subchefe 2, vá para o próximo subsetor, enfraqueça as forças da tal ameaça matando N Criaturas 3, retorne, encontre N objetos, retorne, entre na cripta para matar o SubChefe Final, retorne, descubra que o último dos últimos chefes só pode ser derrotado em grupo, descubra que a missão está desativada por que deu bug meses atrás e ninguém reativou até hoje.

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A trama subjacente de Neverwinter, que envolvia a Lich que tentava invadir a cidade no vídeo de abertura? Abandonada e nunca mais mencionada. Mas isso não significa paz porque a todo momento uma Força de Outra Dimensão está tentando entrar e destruir tudo que existe, transformando o jogo em uma espécie de seriado involuntário com o Extradimensional da Semana.

É extremamente cansativo e desestimulante. Agravado por um confuso sistema monetário que vai apertando o nó na sua garganta para que você solte dinheiro para os desenvolvedores (não o fiz e não farei). Agravado por um sistema de investimento de pontos em personagem mal-projetado que invariavelmente irá levar para uma reaplicação de pontos quando atingir o nível máximo, processo esse que, obviamente, é pago. Agravado por um motor gráfico que rejeita antialising em placas AMD. Agravado pela ignóbil decisão de obrigar você a atravessar vastos terrenos para retornar ao seu hub, ao final de um arco de missões, a menos que você compre um Pergaminho de Teleporte (que não é barato).

Então, o que me faz seguir em frente? Teimosia e o trabalho da comunidade.

Teimosia porque já cheguei ao nível 55 e, aparentemente, um leque de oportunidades se abre no nível 65.

E o trabalho da comunidade, através de missões criadas pelos próprios jogadores, é, em uma única palavra, sensacional. De longe, a melhor ideia que já vi em muitos MMORPG. Jogadores criam suas próprias aventuras dentro daquele universo, com diálogos, tramas, reviravoltas, armadilhas e monstros e disponibilizam para outros. Até o momento, 90% das que eu joguei eram superiores ao conteúdo genérico da própria Cryptic. Onde falta emoção, deslumbramento, personagens cativantes e desafios no modo oficial, sobra no Foundry, esse depósito de aventuras compartilhadas. É basicamente um rodízio de RPGs single-player dentro de um MMO.

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Apesar do talento presente na Foundry, a Cryptic sabota como pode esse aspecto do jogo. O nível dos inimigos se adapta ao seu, mas a qualidade do loot encontrado é inferior ao seu próprio nível e a frequência com que você adquire itens é claramente muito, muito baixa. São aventuras que literalmente dão prejuízo, onde eu consumo uma boa quantidade de poções devido ao nível dos oponentes, mas as recompensas não cobrem o custo. Todos os desenvolvedores alertam: eles não são responsáveis pelo loot, esse é determinado pelo sistema cruel desenvolvido pela Cryptic. Talvez a desenvolvedora tenha tentado evitar abusos, mas o efeito final também acaba não sendo justo.

Como resultado, me vejo obrigado a realizar tarefas (e merecem esse nome) oficiais, em nome de itens e grana, intercaladas com as aventuras (e merecem esse nome) não-oficiais pelo prazer de recuperar aquele encantamento do início da jornada.

Que o conteúdo final de Neverwinter me faça recuperar a confiança no trabalho da Cryptic. De outra forma, gastarei até minha última moeda de ouro no mar sem fim das criações dos meus iguais.

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Ouvindo: Coil - Where are You

5 comentários:

Anônimo disse...

Rapas que tristeza,o jogo parecia tão promissor , espero que o jogo consiga se redimir pelo menos nos seus momentos finais.

Susej Menegroth disse...

Aquino, se quiser investir num MMO que supera e muito o neverwinter e o GW2, em minha opinião, fique de olho no Elder Scrolls Online. Comprei o jogo e estou maravilhado, como não fico há muito tempo com MMOs.

Não se deixe enganar pelas reviews e notas baixas. Quase todas são da época do beta ou lançamento. O jogo evoluiu muito desde então. E digo isso como alguém que participou do beta e ficou extremamente frustrado com os bugs absurdos e invasão massiva de bots. Sem contar que a grande maioria entrou no jogo esperando Skyrim Online, eu incluso. Sendo que, se parar um minuto pra pensar, você nota que a fórmula de Skyrim jamais funcionaria num MMO sem bastante adaptação.
Ainda assim, eles conseguiram criar o MMO com mais liberdade que já vi na vida. Se quiser, você pode perfeitamente ser um híbrido de assassino com duas adagas e healer, por exemplo

Assim como o GW2, ESO é buy to play com cash shop cosmética. Embora eu tenha resalvas um tanto sérias quanto ao fato da Zenimax trancar uma raça inteira (Imperials) atrás de uma paywall, nada na cash shop é necessário. Na verdade, a cash shop ainda é nova o suficiente para não ter muita coisa de qualquer forma.

Se se interessar pelo jogo, tenho um palpite que o mesmo entrará em promoção na Nuuvem no começo do mês que vem, então seria bom ficr de olho. No final do ano passado, o jogo chegou a sair por R$40 na Nuuvem. Um belo desconto, considerando que o dólar já estava por volta de R$3.

Mas tenho dois avisos em relação ao jogo:
1 - Não importa o desconto, não o compre no Steam. Vi muitas reclamações de pessoas tendo muita dor de cabeça para instalar e atualizar o jogo pelo Steam. A Nuuvem vende uma chave que você ativa direto no site da Zenimax. Sem intermediário para download e sem dor de cabeça.

2 - Assim que entrar no jogo, desative o chat geral. De preferência, configure para que o chat mostre apenas o que NPCs falam. Assim você joga tranquilo sem ser perturbado por ninguém.

C. Aquino disse...

Fiquei surpreendido agora, Susej. Eu queria muito gostar do ESO, mas fiquei ressabiado com as críticas. Agora, ele volta para minha lista de possíveis aquisições. Vou tomar cuidado com a dica 1. Quanto à dica 2, eu SEMPRE desativo! Ehehehehe! Só abro para Party(ou LFG na época do DCUO). Obrigado pelas recomendações!

Michael Andrade disse...

Eu estava pensando aqui, Aquino, já passou pela sua cabeça fazer uma live? Jogar um jogo transmitindo a partida online? Sem preocupações com edições ou qualquer outra coisa além do próprio jogo. Mesmo sem um microfone ou talvez um contato direto com o público, seria muito interessante para mim acompanhá-lo enquanto faço um lanche, janto, ou o que seja. Compreendo que, enquanto jogamos, muitas vezes precisamos pausar por causa de alguma tareja que surgiu de repente e talvez isso faça com que essa ideia perca alguns pontos. Mas será que não seria possível algum dia? Leio suas aventuras e fico imaginando como elas seriam em um vídeo, de modo mais dinâmico. Imagina ter seus textos sobre S.T.A.L.K.E.R. reproduzidos em um vídeo? Seria demais!

Um forte abraço, Aquino!

Anônimo disse...

Me pergunto se algum dia ainda veremos uma análise de Tibia sobre o seu olhar.

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