Retina Desgastada
Idéias, opiniões e murmúrios sobre os jogos eletrônicos
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21 de abril de 2015

Reunião de Pais e Mestres

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No final de Março, virou notícia a atitude tomada por um conselho escolar na Inglaterra. O Nantwich Education Partnership enviou uma carta ameaçando denunciar à polícia e à assistência social pais e responsáveis que permitissem que seus filhos jogassem títulos incompatíveis com sua faixa etária.

Foi o estopim da polêmica.

Em uma primeira leitura do caso, é fácil se posicionar que a medida é exagerada, que "Escola não deve se meter na criação de filhos", que "eu cresci jogando Mortal Kombat e sou normal", que esses educadores nem sabem do que estão falando direito. Com tantos exemplos estúpidos de Censura, onde até o inofensivo Minecraft corre o risco de ser proibido em todo um país, a reação imediata é louvável.

Entretanto, o mesmo Eurogamer que apurou a questão originalmente, também ouviu o outro lado: o depoimento de um professor inglês que relata direto da linha de frente o que está acontecendo e qual era o real intento da carta do Nantwich Education Partnership.

Não se trata de um ataque à indústria dos jogos. Não se trata de mais uma voz clamando que títulos violentos geram seres violentos. Não se trata de histeria.

Porque o problema que a proposta quer atacar não são os jogos. São os pais.

De acordo com a Eurogamer, esse professor anônimo não trabalha no momento nos colégios cobertos pelo Nantwich Education Partnership, mas já trabalhou e tem vários colegas que ainda dão aula nestas instituições. É importante frisar que o professor é assíduo jogador e leitor da Eurogamer, caso alguém questione seu gabarito para falar do tema. Segue a tradução parcial do depoimento (grifo por minha conta):

"A carta foi mais do que exagerada para passar a mensagem. Comunicação sobre jogos é muito difícil. Pais estão ignorantes ou apáticos sobre o que os jogos realmente são. Eu sei que a minha escola teve palestras sobre segurança cibernética onde nós convidamos todos os pais para virem e conversas com eles sobre mídia social e jogos. O comparecimento era mínimo; um punhado, números de um dígito de pais que vieram para aprender a respeito. Eles são pessoas ocupadas e não querem falar sobre isso, mas levar a mensagem tem se mostrado difícil para os professores. Nós estamos vendo o impacto em sala de aula. Mesmo conversando um a um com os pais, alguns deles seguem as orientações de acordo, mas alguns não.

Então, a carta foi apenas uma forma de dizer 'veja, isso é um problema'. É algo que escolas deveriam ser obrigadas a reportar. É parte de um cenário maior de negligência geral. Eu não acho que deveria ser 'se uma criança parece estar jogando Call of Duty' isso deveria ser reportado. Isso é um item de vários itens.

(...) É um impacto muito real. Eu pessoalmente não vi nenhuma criança agindo de forma mais violenta por causa de jogos. O impacto é mais em ficarem assustadas com coisas que viram ou coisas que jogaram. Five Nights at Freddy's foi muito popular em nossa escola por um tempo. Five Nights at Freddy's não soa especialmente assustador. Está na App Store. É um daqueles que poderia passar por baixo do radar de muitos pais.

freddys2

Eu tive dois alunos em particular que estavam cabeceando em suas mesas. Quando eu perguntei a eles em separado, ambos disseram 'oh, eu não consegui dormir porque estava assustado com este jogo'. (...) Eu acho que isso é um problema.

Há alguns que irão apenas jogar ao invés de fazer qualquer outra coisa. Eu lembro quando eu era garoto, meus pais se preocupavam com quantos jogos eu passava jogando. Quando isso vem junto com falta de atenção em casa ou conflitos em casa e sua única forma de entretenimento são jogos violentos, isso pode ser um problema.

Meus alunos tem oito anos. Alguns tem nove. Muitos deles recebiam mensagens através do Xbox Live, mensagens de voz, mensagens escritas, que podiam ser bastante rudes, ou convidando-os para jogar títulos para 18 anos, que eles não podem jogar, e então caçoando deles porque eles não tem permissão ou tem muito medo para jogar. É um outro canal de comunicação de que muitos pais são ignorantes. Isso foi mencionado na carta. Coisas como Facebook, WhatsApp e Xbox Live são métodos de comunicação que pais talvez não estejam cientes.

Uma mãe me disse que estava orgulhosa de que seu filho de oito anos podia jogar Call of Duty porque era para 18 anos. Eu disse 'mas é um jogo não recomendado para menores de 18'. E ela respondeu: 'oh, yeah, mas ele é muito bom. Ele pode jogar realmente bem'. Eu apontei: 'é para maiores de 18 anos mais pelo conteúdo do que pela dificuldade'. Ela nem ligou e disse que 'ele é muito maduro para sua idade. Eu acho que ele pode lidar com isso'.

cod

Há uma percepção entre vários pais de que a classificação etária reflete nível de dificuldade. É uma questão de terminologia. Jogos, em um sentido mais amplo, sempre tiveram pelo termo 'jogos'. A natureza do termo 'jogos' sugere uma brincadeira, não necessariamente algo com uma narrativa, ou algo que potencialmente poderia ser desconcertante ou violento. Isso é um problema em relação aos pais também.

Eu acredito que a indústria dos jogos fez um bocado  com a classificação PEGI e restrições de idade em consoles. A carta não aponta dedos para os jogos em si ou a indústria de jogos. A carta menciona como diversos jogos podem ser construtivos e influências positivas na vida de uma criança.

(...) Esta carta foi um esforço para influenciar pais e tornar os pais mais atentos de suas responsabilidades. Eu não acho que a carta por um momento seja um ataque contra os jogos ou contra a indústria, embora eu ache que um bocado de comentaristas da Eurogamer tenham percebido desta forma.

Os professores que escreveram aquela carta não queriam fazer ameaças. Mas essa não foi a primeira tentativa de comunicação. Esta carta é mais como um último recurso.  (...) Algumas pessoas acham que esta foi a primeira coisa que os professores fizeram, que seus monóculos caíram em suas xícaras de chá e eles  ficaram 'ai meu Deus, isso é terrível, nós temos que escrever uma carta'.

Na minha escola nós convidamos os pais para falar sobre segurança online e jogos eletrônicos. Cada vez mais, jovens professores como eu cresceram com jogos. Eu tive conversas com pais sobre jogos. Esta carta, esta ameaça, é um pouco tosca, mas os professores tentaram. Eu vi em nossa newsletter, 'chegou à nossa atenção que muitas crianças estão jogando títulos que talvez sejam inapropriados para eles. Por favor certifique-se de que qualquer jogo jogado pelo seu filho seja apropriado'. Os professores tentaram isso. Este diálogo foi tentado antes e teve sucesso limitado. Os professores não começaram com ameaças. (...)

Nós fizemos diversas tentativas de chegar até os pais para tentar educá-los. Sim, a indústria dos jogos fez muito, mas eu gostaria que os leitores entendessem, é um problema não por causa da violência mas porque as crianças estão assustadas, ou porque os jogos são usados como pais substitutos em casa. O problema está quando a criança é deixada com nada além de jogos. Eu nunca ouvi um professor dizer 'Fulano tomou um soco de Beltrano porque andavam jogando Call of Duty'. O problema são crianças assustadas por coisas que veem e isto está tendo um efeito em seu bem-estar.

Minecraft

(...) Minha mensagem para os leitores da Eurogamer é esta: ajudem a educar. Não apenas torçam o nariz para professores que estão tentando levar uma mensagem. Se você tem parentes que não jogam, mas tem filhos, deixe eles saberem que Minecraft é fantástico e emocionante, mas não permitam que joguem online sem supervisão porque eles podem potencialmente jogarem com estranhos. Diga a eles que há inúmeros jogos de iPad que são fantásticos, mas há alguns que são realmente assustadores, como  Five Nights at Freddy's. Ajude os professores. Ajude-nos a garantir que as crianças curtam os jogos como eles devem ser curtidos."

Minha opinião: jogos, filmes, desenhos, livros, passeios são todos excelentes oportunidades para pais e filhos interagirem. Esse laço, esse companheirismo, esse divertir-se-junto é muito mais importante do que a ferramenta utilizada. É inesquecível, é inquebrável. Em contrapartida, jogos, filmes, desenhos, livros ou mesmo a companhia dos amigos, em detrimento do relacionamento entre pais e filhos, o velho "dá esse trocado para o garoto e faz ele sumir daqui", o eterno "vai pro seu quarto e não me aporrinha",  o novo "toma seu tablet e fica quieto", são sempre prejudiciais, independente da forma como a criança é alienada do convívio.

A infância é curta. A oferta de jogos específicos para este público não é. Haverá um tempo para Call of Duty. Se a pressão social for muito forte, explique. Quebre o sistema. Se torne o companheiro que seu filho merece. Jogue com ele. Call of Duty, se for o caso. Sem excessos. Sem neuras. Não o deixe trancado no quarto, com um canal aberto para o esgoto que existe lá fora (e existe, se o cenário já é perturbador na seção de comentários de um jornal, imagine em outros lugares).

Casa de Ferreiro

rayman-origins

Em minha casa, minha esposa não joga. É professora e já tivemos embates sobre a "influência maligna" dos jogos. Casa de ferreiro... espeto de ferro, consegui argumentar minha posição. Há tempo para tudo (talvez tempo demais para desenhos animados...) e, por trabalhar em casa, acompanho de perto sua educação também. Há sempre 5 opções de jogos adequados no computador para ele. No momento são: Goat Simulator, Pid, Costume Quest, Lost Vikings e Rayman Origins. Como o meu PC é o console dele, é impossível ele jogar sem a minha companhia. Muitas das vezes dividimos o teclado. Sei que um dia essa proximidade vai terminar e, por questões tanto financeiras quanto sentimentais, vamos adiando o momento de ele ter seu próprio computador. Quando tiver, ficará do meu lado. Imagino as LANs que iremos armar.

Mas a curiosidade é uma praga e ele curte olhar os meus jogos. Conhece Killing Floor, brinca imitando os monstros. É tudo uma grande farra para ele, mesmo com o sangue. Observo atentamente. Segue o doce de criança de sempre. Conheceu Dead Island (bem menos, ele era ainda menor e o jogo ainda mais sangrento), Guild Wars 2 (adorava os pets do Ranger), riu das minhas derrapagens em GRID, foi de grande ajuda em bolar armadilhas para Sang-Froid. Ironicamente, não curtiu Call of Duty: Modern Warfare ou Battlefield 4. Porém, na maior parte do tempo, jogo depois que ele foi dormir.  E certos jogos eu escondo dele. Nada de The Walking Dead ou Amnesia ou mesmo A Bird Story. Experiências mais maduras exigem uma mente mais madura, não adianta apressar o relógio.

Ele não gosta de novela. Minha esposa já tentou. Ele odeia. "Tem muita violência, muita briga", ele diz. Ela rebate que nos jogos que eu tenho há muito mais. Ele rebate: "mas é tudo mentira, coisa de monstro que não existe".

E sai pela casa imitando os movimentos do Fleshpound.

Fleshpound

Ouvindo: Johnny Cash - The Man Comes Around

13 comentários:

Tais disse...

Quando tu me passou o texto do eurogamer, ao passar os olhos sobre a mãe orgulhosa do moleque jogar CoD, lembrei de duas coisas: daquele vídeo com outro moleque chorando de alegria por ganhar GTA V dos pais e de uma passagem do livro Sex in Videogames. É que há uma parte focando-se nos aspectos legais no que concerne a jogos. Tem uma parte que diz:

"According to the Federal Trade Comission (FTC), parents are involved in the purchase and rental of games more than 80% of the time, which means that the vast majority of cases when kids get games that may not be appropriate, they get them from mom and dad. You can introduce all the bills in the world but none of them ensure that parents exercise the necessary control over the games they buy for their kids".

Ou seje, é bem como esse professor explicou mesmo.

Shadow Geisel disse...

"mas é tudo mentira, coisa de monstro que não existe".

muitos adultos não possuem essa sabedoria e capacidade de enxergar o óbvio. E o que fazer no caso de um pai que se recusa a ficar sabendo o que acontece com o desenvolvimento do seu próprio filho? A postura da Eurogamer é lamentável, uma demonstração de que não merecem a alcunha de "jornalistas de games" que tanto ostentam. jornalismo tem como fundamento buscar os dois lados da verdade. A eurogamer só está pensando em defender o próprio ganha-pão.

C. Aquino disse...

Mas Shadow, foi JUSTAMENTE a Eurogamer que publicou o depoimento do professor, ouvindo os dois lados da notícia. Os outros veículos, até onde pude ver, só publicaram críticas à iniciativa do conselho escolar.

C. Aquino disse...

É preocupante esse fracasso do sistema classificatório. Porque a grande mídia, os políticos, os "pais revoltados" não vão colocar a culpa nos pais que não ligam ou não seguem a classificação. Vão culpar os jogos. E o próximo passo é censura mesmo.

Gabriel disse...

Minha revolta são pais que abandonam os filhos e deixam jogando, pois é o que acaba com a cria. Eu cresci jogando em LAN com o meu pai e olhando TV com minha mãe, mesmo que ela brigasse comigo por causa disso, causa que jogos são a máquina do mal, estranhamente pokemon e The sims eram permitido e normais kkkk. Acho justo essa carta, mesmo que eles tenham se expressado um pouco mal, muitos pais largam os filhos, antes era a TV agora são os jogos, para fazer outras coisas e descansarem. E infelizmente mesmo pais proibindo jogos +18, os amigos e coleguinhas mostram coisas piores. Não tem como censurar mais isso, eles vão saber de qualquer jeito, é melhor saber pela gente, do que por terceiros, gerando revolta.

Fausto Albertoni disse...

Game Over: Jogos Eletrônicos e Violência, recomendo a leitura dessa tese para doutorado, que pode ser encontrada nesse site:http://www.lynn.pro.br/livros.php. Um prato cheio de reflexões e referências literárias. (tomando coragem pra convidar a autora pra uma entrevista)

"eu cresci jogando Mortal Kombat e sou normal" Mas as partidas aconteciam na companhia de amigos reais, presos por laços sociais. Entre uma partida e outra havia espaço pra leitura, para os rabiscos, e até para aprender a cozinhar com minha mãe, uma rotina claramente diferente do "ostracismo" que muitas crianças e adolescentes estão mergulhados hoje em dia.

Videogame não é brinquedo, é uma ferramenta de mídia assim como um aparelho de DVD, ou alguém aqui deixa o filho assistir um filme +18?

Luiz Antônio disse...

E se eu dissesse para vocês que existem jovens que com o passar dos anos abandonam os jogos eletrônicos?

Pois bem, aqui em casa é um típico exemplo de, acreditem ou não, pai gamer e filhos que não jogam. Eu me sinto o próprio Peter Pan dentro de casa. O meu filho mais velho jogava videogame até uns 12, 13 anos + ou - e era apaixonado por Metal Gear, Final Fantasy e as vezes se aliava com o irmão (meu filho mais novo) no computador deles para tentar me derrotar no Age of Empires II (eles quase sempre perdiam mas nós nos divertíamos muito). Sinto saudades desse tempo...
Depois, quando entrou na fase das festinhas, ele simplesmente abandonou o vídeo game e só usa o computador hoje para o Facebook, Twitter e You Tube.
Com o meu filho mais novo, que ainda a pouco tempo me desafiava (e ganhava) no Age Of Empires 3 e era apaixonado por Mafia 2, está acontecendo a mesma coisa. É cada vez mais raro eu flagar ele jogando alguma coisa no computador (eu tenho XBOX 360 também e ele nem liga). Quando está no computador é sempre no Facebook, Twitter e You Tube, nas raras vezes em que ele está jogando alguma coisa é quase sempre Brasfoot (eu não consigo entender qual a graça que ele acha naquilo). O computador deles, apesar de não ser de ponta (ou high-end se preferirem) roda bem a maioria dos jogos que tenho na minha biblioteca Steam e Origin, que por sinal, eles poderiam usar, se quisessem. Mas eles simplesmente não tem mais aquela "coisa" com jogos de querer saber o que está acontecendo, quais os próximos lançamentos, se tal jogo vai rodar ou não no computador deles, etc... etc... etc... Esse tipo de empolgação quem tem sou eu aqui em casa :(
Eu lembro que eles me diziam que os colegas deles da escola não acreditavam que o pai deles jogava (e muitas vezes ganhava) video game com eles. Hoje, quando noto que apenas eu continuei na "febre" dos jogos eletrônicos e eles pararam, me sinto no clássico exemplo de pai doidão com filhos caretas (no bom sentido é claro).

Davi disse...

Eu cresci ouvindo Cannibal Corpse e jogando Doom e Mortal Kombat. Tenho pena até de matar barata. De saco cheio dessas coisas...

Shadow Geisel disse...

Então eu entendi errado, Aquino. Pensei que eles só tinham se manifestado contra.

delpaiva disse...

Cara, gostei muito do teu site e principalmente dessa postagem. Bati aqui sem querer quando bisbilhotava os parceiros do Gamesfoda.

Então, o que eu achei de mais encantador na tua matéria foi justamente o relato da relação com teu filho. Tenho 23 anos e também penso muito sobre o futuro e sei que serei um pai gamer, mas ainda não havia parado pra pensar em como precisarei agir com responsabilidade ao jogar porque meu filho vai justamente estar ao meu lado absorvendo tudo. Achei fantástica essa tua relação e como tu administra isso, tendo ainda alguém da oposição dentro de casa :). Não é algo que eu vejo com muita frequência nas minhas leituras diárias.

Parabéns, o RD 3.0 já se encontra nos favoritos. Abraço!

Anônimo disse...

Super dramatico ;-;

Anônimo disse...

FNaF é classificado para 12 anos, o jogo mais recente para 10.
O jogo é bem famoso então quem joga sabe que o jogo é sobre sustos com um pouco de medo, se vc não gosta e tem medo desse tipo de coisa não joga??
eu mesma jogo o jogo e não vejo nada de mais, são sustos que logo a gente esquece, entendo no começo não conseguir dormir mas que exagero, existe pessoas que tem medo e outras que não, não tirem conclusão pq 2 alunos ficaram sem dormir a noite

Anônimo disse...

Jogos ensinam bem mais coisas do que a própria escola, hoje em dia com esse novo ensino nas escolas é um completo lixo e desprezo do governo, não tire conclusões de apenas 2 alunos q não conseguiram dormir direito, o jogo em si é sobre tomar sustos e de gênero de terror, tiveram a capacidade de escolher jogar ou não
problema deles
sem querer ser rude, mas é a verdade

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