Retina Desgastada
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11 de abril de 2015

Jogando: Minecraft Hardcore - Final

Onde está o maldito oceano?

Em nosso primeiro mundo em Minecraft, era constante esbarrarmos em grandes massas de água onde não era possível ver nada além de mar no horizonte. Como desbravadores das Grandes Navegações, construíamos um par de barcos e nos lançávamos rumo ao desconhecido. Víamos ilhas, descobríamos novas terras.

Desde então, dois outros mundos foram criados, onde fomos nômades e onde desafiamos a Morte, onde andamos por quilômetros e quilômetros.

E nunca mais vimos um oceano.

Grandes lagos? Diversos. Mas a imensidão azul? Nunca mais.

Infelizmente, "Cruzar um oceano" era uma das metas auto impostas durante nossa aventura no modo Hardcore. Andei por longas, longas distâncias caçando o mítico mar, depois que meu filho dormia, escolhendo um ponto cardinal e caminhando até o limite da minha paciência, do meu sono ou de meus recursos.

Minecraft - Mapa

Em vão.

Meu filho estava ansioso por novos desafios. Perigosos desafios para quem estava no modo Hardcore e sua sempre ansiosa permadeath.

Resolvi então, "dane-se o oceano". Desconfio que o modo de geração de mapa do mod Too Many Biomes tenha alguma configuração secreta que, em nome da variedade de cenários, impeça a formação de grandes mares. Ou nem toda a seed se comporte do mesmo jeito. Ou os Deuses da Aleatoriedade me odeiam.

Desativando o Modo Hardcore no Minecraft

Não é fácil sair do Modo Hardcore. Mas é possível.

Recrie o mundo. Na tela de seleção de mundos, escolha a opção Recriar.

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Altere o modo de jogo nessa cópia do mundo que você está gerando:

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Agora você tem uma cópia fiel do seu mundo que não é mortal. Entretanto, esse novo mundo não tem suas construções ou suas coisas. Ainda. O que fazer?

Entre nesse novo mundo uma vez e saia imediatamente. Vá na pasta de instalação de Minecraft, onde ficam guardados todos os seus mundos (normalmente em C:\Users\SEUNOMEDEUSUARIOWINDOWS\AppData\Roaming\.minecraft\saves).

Entre na pasta do seu mundo Hardcore e copie as pastas data, player e regions:

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A primeira pasta contem configurações do seu mundo original, a segunda contém informações sobre seu personagem (inventário, nível, saúde, etc) e a terceira armazena todas as alterações que você realizou no mundo.

Cole essas pastas no diretório do seu novo mundo. E pronto. Seu novo mundo é uma cópia exata do seu antigo mundo, mas sem a morte permanente.

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A Torre da Loucura

Se você não leu sobre a "Casa Maldita" neste mesmo mundo antes, vale a lembrança: um bug no jogo criou, do nada, uma casa habitada por aldeões bem próximo da minha base. Quis o destino que todos os seus habitantes encontrassem mortes horríveis enquanto eu visitava o estranho lugar.

Mas a história não termina aí.

A tal casa maldita fica exatamente no spawn point do mundo. Eu é que construí minha base um pouco mais afastado porque o terreno não era favorável ali. Entretanto, segundo as regras do Minecraft, o spawn point nunca sai da memória. Em outras palavras, mesmo enquanto eu estou há vários biomas de distância lutando por minha vida ou explorando novos cenários, o jogo mantém o lugar ativo.

E coisas acontecem. Sem a minha intervenção.

Não satisfeito em construir uma casa por geração espontânea, o jogo criou outra em cima desta. Tive a sorte e a perspicácia de resgatar seus habitantes antes que a tragédia dos primeiros moradores se repetisse.

Mas o jogo criou outra casa em cima da segunda. E outra depois.

Inicialmente, era um lugar de pesadelos, com paredes se sobrepondo a paredes, com portas abrindo para lugar algum ou para o abismo. Aldeões surgindo presos na escuridão eterna de casas sem saída ou entrada. Janelas incompletas, paredes ausentes, telhados incompletos, o retrato do caos de algum mod lutando para cumprir sua meta. O que antes era uma casa agora era uma Torre de Babel erguida pela mão da insanidade.

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O lugar parecia mesmo maldito.

Entretanto, a vida sempre encontra um caminho. Principalmente no caos.

Em Minecraft, aldeões podem se reproduzir e gerar filhos. É um fenômeno raro. Em 14 meses de jogatina, nunca havia visto. Depende da razão matemática do número de portas existentes na vila em relação ao número de habitantes. Se tiver 3,5 vezes mais portas do que moradores, os moradores tentam aumentar a população. Há outros fatores envolvidos, mas basicamente é assim que funciona.

E ali estava eu diante de uma construção bizarra com mais portas do que sentido.

De repente, eu vi dois aldeões muito próximos um do outro em um canto e corações flutuando de suas cabeças. O Amor estava florescendo.

Logo vi minha primeira criança. Mostrei para meu filho, que achou uma das coisas mais fofas de todo o jogo. Fruto de um bug inexplicável e de algoritmos implacáveis. Jogabilidade emergente. Vida do caos.

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Caí no engano de acreditar que o belo iria se sobrepor ao randômico. O lugar continuou crescendo. Um Golem apareceu, um guardião de vilas que pode se manifestar espontaneamente em vilas com mais de 10 moradores. Também nunca tinha visto surgir gratuitamente, sempre tive que montar os meus. Mas o lugar seguiu crescendo. Novas portas, novos moradores, novas crianças, virou um berçário, virou um caos, com crianças virando adultos, adultos fazendo novas crianças.

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É uma explosão populacional a vinte metros da vila artificial que tentei montar. Ela é ordenada, tem exatos dez moradores. Um Golem que eu montei. Tudo funciona a contento. Há cercas, iluminação adequada, ambientes decorados.

Mas a desordem ao lado é tão mais fascinante.

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Ouvindo: Sonic Youth - Trilogy

2 comentários:

Shadow Geisel disse...

geralmente a desordem é bem mais fascinante mesmo.

Helder disse...

Depois de ler tanto sobre o Minecraft resolvi que vou encarar =D

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Blog criado e mantido por C. Aquino

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