Retina Desgastada
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19 de dezembro de 2014

Esses Humanos…

Quando Human Element foi anunciado mais de dois anos atrás, era uma incógnita capitaneada por Robert Bowling, uma das mentes criativas responsável pelo auge de Call of Duty, agora em seu primeira empreitada independente. O jogo pós-apocalíptico traria um mundo aberto assolado por zumbis, mas prometia se concentrar nas pessoas, no que sobrou da sociedade, no tal "elemento humano" do título.

Vendo as artes iniciais do jogo, não seria errado imaginar uma atmosfera dramática de série de TV, uma inspiração nos mesmos elementos que inspiraram The Last of Us e se tornaram o grande charme e sucesso da jornada de Joel e Ellie.

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Na visão de Bowling, entre as opções iniciais do jogador, ele precisaria escolher entre ser um sobrevivente solitário, um sobrevivente com um parceiro ou um sobrevivente com uma criança. Essa última opção trazia lembranças de The Road e The Walking Dead e prometia uma jogabilidade diferenciada para o tradicional cenário multiplayer.

Nas palavras de Bowling, haveria decisões morais e um mundo a ser impactado por suas escolhas. A direção de arte apontava nuvens sombrias, sujeira, degradação e um clima de perpétua derrota. A sociedade desmoronou. A sobrevivência começou.

Então, o jogo sumiu do radar por um longo tempo...

... para reaparecer com seu primeiro trailer:

De forma totalmente inesperada, Human Element perde sua sujeira, perde as crianças, perde o drama, perde a angústia e se assume como um primo pobre de Borderlands e Rage, com um pé no cartunesco como o primeiro e outro pé na velocidade como o segundo, com muita gente sarada, limpa, brilhando no Sol inclemente.

Não é apenas um erro de marketing. É uma mudança abrupta de direção. No site oficial é possível ver as novas artes e ler como é importante usar o "elemento humano" ao transformar os guardas das fortalezas inimigas em zumbis e como é possível usar bombas colantes e snipping para dominar o multiplayer. O importante agora é juntar os amigos e neutralizar o time rival.

Enredo? Que enredo, rapaz? Você está falando da "adrenalina", certo?

De acordo com uma resposta oficial publicada na página do Facebook do jogo, o motivo para a mudança é o vil metal (o que você esperava?):

"A abordagem suja / realista que estava na versão free to play foi definitivamente perdida quando nós decidimos focar em um lançamento premium que era mais estilizado. Cada um tem seu próprio jeito e nós esperamos que um dia também possamos trazer o realismo sujo de volta quando tivermos os recursos apropriados para fazê-lo certo."

Sendo obrigados a vender o jogo como outro qualquer e não utilizar o modelo F2P, a desenvolvedora de Bowling se viu encurralada e optou pelo menor denominador comum para aumentar as vendas. Drama não vende. Realismo não vende. Motos turbinadas e mata-mata vendem.

Telltale Games e Naughty Dog certamente divergem a este respeito.

Ouvindo: ArcheAge - White Forest

3 comentários:

Michel Oliveira disse...

Eu queria era ver um jogo com temática pós-apocaliptica que não seguisse o clichê "a sociedade acabou e o que resta e nos matar indiscriminadamente"

Até porque, qualquer tragédia natural de grandes proporções nos prova que é o contrário que acontece. Claro, existem os psicopatas,mas eles sempre são em menor número. Em geral, seres humanos instintivamente sabem que não podem sobreviver sozinhos.

A fantasia do lobo solitário, abrindo seu caminho à bala contra tudo e contra todos é divertida, admito. Mas é só uma fantasia. E das mais bobas...

De cabeça eu lembro de Fallout que torna as coisas mais verossímeis com comunidades enormes prosperando no que sobrou do passado da humanidade. E até um país inteiro em expansão - a New California Republic.

Quanto aos zumbis, acho as criaturas mais patéticas já inventadas. Não vejo um pingo de graça neles. E até deixo de jogar alguma coisa que tem temática de zumbi porque simplesmente os acho idiotas ao extremo. Só uma desculpa pra atirar em gente e não ser chamado de psicótico.

Mas estou na terceira lata de cerveja, então vou parar por aqui. Boa noite pra vocês!

Shadow Geisel disse...

Mas que lixo. pelo menos a produtora do game merece um ponto por colocar as cartas na mesa e não tentar enganar o jogador até o último momento com trailers fake.

Hawk disse...

Lendo sua introdução me animei todo, parecia um jogo muito interessante, mas depois que assisti ao vídeo... uma grande bosta.

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