Retina Desgastada
Idéias, opiniões e murmúrios sobre os jogos eletrônicos
Comunidade do SteamMastodonCanal no YouTubeInstagram

18 de julho de 2014

(não) Jogando: NecroVisioN

NecrovisionNas primeiras vezes em que joguei Painkiller, o jogo tinha uma forte característica onírica: todos os movimentos pareciam ocorrer em uma velocidade reduzida, daquele jeito que filmes e jogos insistem em mostrar os sonhos, embora eu nunca tenha sonhado em câmera lenta. Mesmo objetos caindo pareciam ser regidos por uma gravidade que não era deste mundo. Por ser um jogo ambientado nas regiões abissais do Purgatório, imaginei que era uma decisão de design e ficava embasbacado com o efeito.

Não sabia que era um bug.

Um patch, baixado para o jogo por outros motivos dos quais não me recordo, devolveram a Painkiller sua reconhecida velocidade. Subitamente, se tornou um título muito diferente, hostil, frenético e eu quase senti falta daquele torpor anterior.

Pois alguns desenvolvedores da polonesa People Can Fly, responsável por Painkiller, saíram da empresa para fundar a The Farm 51 e criar NecroVisioN (doravante grafado como "Necrovision" mesmo e danem-se as maiúsculas estranhas).

E eu posso dizer que sei exatamente que desenvolvedores são estes: são os mesmos programadores que criaram o "bug dos sonhos". Cinco anos depois do jogo anterior, Necrovision sofre do mesmo problema.

Sonho ou Pesadelo?

Necrovision - Borrado

Nos primeiros segundos de jogo, eu viro para o meu filho, esse eterno curioso, e digo: "vou ter que fechar, está me dando tontura". Algumas pessoas tem problemas com FPS e sentem náuseas, devido ao campo de visão mudando bruscamente, mas o corpo ficando parado na cadeira. Comigo, nunca tinha acontecido.

Volto ao jogo depois e desativo vários recursos gráficos, como HDR, Bloom e outros. Reduzo a velocidade do mouse para os giros não serem tão abruptos. E Necrovision se torna suportável. Não agradável, mas suportável. Ainda há uma estranheza no ar...

Estranheza é o tom do jogo, já que é basicamente um Painkiller na Primeira Guerra Mundial. Nas trincheiras do segundo conflito mais sangrento da história da Humanidade, forças demoníacas entram em ação para matar indiscriminadamente os dois lados do conflito.

O tutorial dura uns dois minutos se tanto, onde você se locomove por uma trincheiras, mira em um inimigo e bum! Um imenso clarão de explosão em câmera lenta, seguido de uma colossal cutscene muito borrada que se arrasta por uma eternidade, antes de ser substituída por um CGI introdutório até interessante. Quando você retoma o controle, o sonho continua.

Necrovision - Bum

Estou em um bunker com um soldado louco querendo me matar. Após um combate corpo a corpo que parece Tai Chi, a náusea volta um pouco. Eu paro por um tempo, sem mexer no mouse ou no teclado. A mira balança como se eu estivesse em um barco. Não é apenas um problema de performance. O maldito jogo ginga na minha tela, como um bêbado em fim de festa.

Nada de Novo No Front

Steam marca 29 minutos de jogatina. Eu penso em desinstalação. Como um título de 2009 pode derrubar Kryta?

Pesquiso nos fóruns. Há gente com o mesmo problema, com configurações superiores. Há gente sem problemas, com configurações inferiores. Um sujeito recomenda ativar o DirectX no jogo, porque, supostamente os programadores não fizeram isso. Adicionando o parâmetro "+dx10" à inicialização deve resolver o assunto.

Mas o jogo nem abre.

Teimoso, tento "+dx9", embora a Nvidia jure de pés juntos que minha placa suporta o DirectX 10. Funciona. O "barco" para de balançar. Mas a velocidade ainda é bizarra.

Explodo a saída do bunker, obstruída por destroços e eles voam como se fossem plumas, sem pressa de cair. Saio e contemplo o horror da guerra e a beleza do jogo. Parado, Necrovision é bonito.

Necrovision - Headshot

Múltiplos inimigos surgem de cantos obscuros da visão. Ainda bem que o dano que eles fazem é pouco, porque a minha reação é demorada. Não procuro abrigo dos tiros e vou enfileirando headshots. Mesmo nessa cadência, na pior condição possível, matar nazistas é sempre bom, ainda que eles não sejam nazistas, já que esta é a Primeira Guerra.

Esbarro em um soldado aliado escondido. Lá vem diálogo. Não faz muito sentido. O pobre infeliz pede que eu espere ele terminar uma carta para enviar para a esposa. O herói diz para o desgraçado que "eu não sou carteiro" e vai embora. É o momento em que eu perco qualquer conexão emocional que poderia estabelecer com este jogo.

Necrovision - Metralhadora Fixa

Mais pra frente, encaro a clássica cena da metralhadora fixa, onde você controla uma arma poderosa enquanto mói uma onda de inimigos. Não tem a menor sensação de poder. Uma explosão próxima ilumina a tela toda de novo.

Eu acordo.

2014 Avança

  1. Outcast
  2. The Walking Dead
  3. Paper Sorcerer
  4. Necrovision
  5. Zeno Clash
  6. The Witcher
  7. GRID
  8. Dungeonland
  9. Race the Sun
  10. Sang-Froid
  11. Foreign Legion
  12. Hotline Miami
  13. STALKER Call of Pripyat
  14. The Bridge
  15. Brothers
  16. Papo & Yo

 

Ouvindo: Straightjacket Fits - Brittle

5 comentários:

Nobody_joe disse...

O próximo é Zeno Clash?

Prepare-se para o character design mais bizarro já criado.

Gledson A. disse...

Já estava sentindo falta de reviews assim. Muito bom, Aquino!

Notei que o terceiro jogo da franquia S.T.A.L.K.E.R. está na lista. Lembro de ter alguns posts referenciando a franquia mas não sabia que tu não o tinha jogado ainda.

Shadow Geisel disse...

já senti muita náusea com FPSs, quando estava na adolescência. me lembro que jogava Alien Trilogy, do PSone, em uma casa de jogos e tinha que parar pra não vomitar dentro do estabelecimento. kkkkkk. hoje em dia não sinto mais isso.

Hawk disse...

Não vejo a hora de ler sua análise do STALKER.

Eu gostei mais do Clear Sky, achei menos confuso que o primeiro e com a jogabilidade menos "travada" que o terceiro.

Marcos disse...

Pula logo pra Hotline Miami, vai ser o jogo que vai te tirar menos tempo e que tem vários assuntos para abordar

Retina Desgastada

Blog criado e mantido por C. Aquino

Wall of Insanity