Retina Desgastada
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15 de abril de 2014

(não) Jogando: Claw

Muitos anos antes de ganhar fama e fortuna com jogos de meninas sinistras com poderes sobrenaturais, a Monolith Productions meio que atirava para todos os lados. No mesmo 1997 em que colocou no mercado o clássico do gore Blood, ela também lançou o simpático jogo de plataforma Claw.

Claw

A aventura seguia a jornada do capitão pirata do mesmo nome que era um gato antropomórfico em um mundo habitado por variações de gatos e cachorros. Tinha um clima forte de desenho animado dos anos 80 e níveis muito bem elaborados. Além dos pulos impossíveis, o herói (anti-herói?) contava também com um razoável arsenal de armas e poderes para despachar seus inimigos.

PUNCHNa época do lançamento, o demo do jogo veio encartado em alguma revista de banca de jornal. Não me lembro exatamente qual, mas lembro que Claw não fez exatamente a minha cabeça. Apesar do colorido bacana, da jogabilidade que ia além do tradicional pula-pula e da hilária voz do protagonista, eu simplesmente não curtia títulos de plataforma. Nunca terminei o segundo nível.

Mais de uma década se passou, meu filho nasceu e, por razões óbvias, não posso passar minhas horas jogando FPS com ele. Por uma estranha sina que desconheço, a indústria não produz FPS fofos e coloridos, mas cria plataformas neste estilo às centenas. Com um computador antigo na casa da vovó, voltei para os velhos demos abandonados. Entre eles, Claw, um sucesso instantâneo.

A violência no jogo é cartunesca, os inimigos são desajeitados, o pirata Claw é sarcástico e tem uma fala para quase todas as situações, os mapas são gigantescos com algumas rotas alternativas e segredos. Tem todos os elementos para ganhar o coração de crianças e adultos.

Claw - Screenshot 02Claw - Screenshot

Exceto pela dificuldade.

Vários saltos precisam ser milimétricos e quanto mais você avança na jornada, piores se tornam os inimigos em uma curva bem acentuada. Os checkpoints que realmente salvam o jogo para o dia seguinte são bem escassos, em níveis colossais.

RUNAinda assim, perseveramos pela diversão. Em alguns momentos, meu filho pulava e andava, e eu cuidava das armas e ataques. Em outros momentos, invertíamos. Mas quem desbloqueava o nível seguinte na calada da madrugada era sempre eu, com ranger de dentes e muitos reloads.

Dos catorze níveis do título, chegamos ao décimo-primeiro. Mais de um ano depois. A esta altura da luta, meu filho já havia perdido quase todo o interesse e raramente escolhia Claw para jogar, entre Sonics, indies, Billy Hatcher and The Giant Egg e tantos outros que surgiram no caminho. Apenas eu persistia, querendo mostrar para o garoto novos lugares e novos oponentes.

E então, veio a desinstalação do Windows XP. E eu perdi todos os meus saves de Claw.

Confiei no poder do Game Save Manager e me esqueci que o programa não identifica o ancião jogo da Monolith. Um erro do qual eu já havia me esquivado antes, mas que desta vez havia cometido.

E, com todo o respeito ao fantástico universo do gato pirata, não me vejo atravessando aqueles 11 níveis todos novamente e não vejo meu filho interessado nesse bis. O ícone sumiu da Área de Trabalho e e ele nem deu pela falta, cego para tudo que não seja Minecraft.

Tesouro do Bucaneiro

Como deu para perceber, esta postagem não é uma recomendação negativa para Claw. Pelo contrário, é um elogio para um título que o tempo esqueceu, que nunca foi relançado em formato digital, mas merecia uma nova chance.

Segundo a Wikipédia, a Techland tentou lançar uma continuação em 2007, chamada de Captain Claw 2. Mas o lançamento foi adiado para 2008 e o jogo mudou de nome para Jack, the Pirate Fat (?!). O que já seria estranho, ficou ainda mais estranho quando houve uma nova troca de nome para Nikita: The Mystery of the Hidden Treasure. Apesar de ter o tema da pirataria e os animais antropomórficos, o jogo não tem qualquer relação com o universo de Claw. E Nikita ainda recebeu um jogo de corridas lançado no mesmo ano. Você não leu errado: um jogo de corrida de piratas animais baseado em um título obscuro lançado alguns meses antes.

Amuleto

O verdadeiro legado de Claw continua no carinho dos fãs.

O site The Claw Museum é todo dedicado a depoimentos de jogadores do passado e suas experiências marcantes com as aventuras do gato pirata:

"Eu estou na universidade agora, o que me oferece uma internet de 100 Mbit, e jogo em uma monstruosa máquina pra jogos, mas eu ainda tenho Claw instalado em uma máquina virtual e na verdade às vezes eu o jogo ocasionalmente ou algum nível customizado." Aavishkar Patel

"Foi uma parte bastante divertida de minha própria juventude." DzjeeAr

"Um garoto normal teria se congratulado e seguido em frente. Mas eu queria mais Claw. O jogo não parecia nem um pouco grande o bastante. Eu rejoguei todos os catorze níveis e eventualmente acabei decorando-os como a palma da minha mão." Grey Cat, criador do site.

"Se todos nós tivermos Claw em nossos corações, o jogo irá viver para sempre." Rivendells

Menos emocional, o site polonês The Claw Recluse é um verdadeiro depósito de tudo que possa estar relacionado ao jogo. Há toneladas de informações, níveis customizados, artes perdidas, speed runs, suporte técnico, editor de níveis e... o jogo completo para download.

Pirataria do Pirata!

Entrando no terreno cinzento do abandonware, a grande verdade é que legalmente não há mais como comprar Claw, exceto na mão de colecionadores e, mesmo assim, a Monolith não verá um centavo da transação. Confesso, então, que minha versão do jogo veio do The Claw Recluse.

Com tantos e devotados fãs, o que segura a ressurreição de Claw?

Ouvindo: Good Charlotte - Let The Music Play

11 comentários:

Anônimo disse...

grande época dos jogos da LUCAS ARTS(a maioria com tradução PT-BR), OUTLAWS - CIDADE SEM LEI, FULL THROTTLE, DIG, GRIM FANDANGO, STAR WARS entre outros!!!

C. Aquino disse...

Camarada, Claw não é da Lucas Arts. É contemporâneo, mas é da Monolith Productions, a mesma que depois fez SHOGO, No One Lives Forever, Condemned, F.E.A.R. etc.

Marcos disse...

acho que o único problemas as vezes neste jogo eram alguns níveis mal feitos

Morcego de Netuno disse...

Cara, que saudades de Claw. Lembro que eu passava horas e horas rachando a cuca pra passar as malditas e quase impossíveis fases desse jogo. O jogo veio numa daquelas revistas PC Gamer (ou era outro nome, nem lembro direito), a mesma que me proporcionou diversas horas com outros maravilhosos jogos como Gruntz, Knights & Merchants, dentre outros - todos, é claro, muitíssimo recomendados.

Que nostalgia que me deu agora, tô até com vontade de jogar novamente!

Lucs disse...

Esse Claw joguei o demo, que veio em outro jogo da Monolith desconhecido,Gruntz.
Aliás,eu adorava Gruntz!

Edgar Menezes disse...

Não conhecia esse.

Marcos A.S.Almeida disse...

Quem é "das antigas" ficará saudoso...
http://imageshack.com/a/img838/3392/mxsk.jpg

Acabei de capturar do cd BIG MAX 17.Só não guardei a revista , infelizmente.

Joguei muito a demo , que dava acesso a primeira fase inteira, sem dublagem.Meu cunhado comprou uma placa de vídeo e veio o jogo completo e dublado , mas nunca tive a oportunidade de jogar ele inteiro.Realmente é um pouco difícil , mas os gráficos na época eram muito bons!

Ana Duarte disse...

Rapaz, eu adorava esse jogo! Eu devia ter uns 13 anos quando joguei e PASTEI pra terminar. Empaquei num ponto de pulo milimétrico e só consegui passar dele trapaceando (não me orgulho disso). Um amigo me passou os códigos e, sem isso, não teria terminado o jogo =/ Dá vontade de caçar meu CD-ROM do jogo em PT_BR (que ainda tenho guardado) e instalar novamente :)

Bolívar D'Andrea disse...

Claw foi um jogo que joguei bastante na minha infância, quando tinha uns 10 anos. Escrevi sobre ele na matéria que fiz sobre jogos abandonados pelo mercado digital, no Critical Hits.

http://criticalhits.com.br/bons-jogos-que-sumiram-do-mercado-digital-parte-2/

Terminei o jogo, mas só usando os cheats (MPKFA, modo Deus, MPJORDAN, super pulo e, pra última fase, MPPENGUIN, espada de gelo), foi o primeiro jogo que me fez gostar da história, me lembro de ficar um bom tempo vendo os vídeos e sabia de cor os diálogos com os chefões, todos muito bem feitos. Lembro que o jogo tinha um probleminha que, às vezes, instalava em inglês, outras em português, sem eu nunca entender o porquê, mas isso me ajudou a aprender um pouco de inglês (MÁGICA-PÓ). Jogo sensacional!

Loris Simon disse...

hahahaha amava o jogo! Marcou a infância não honrada que usava cheats para zerar quase qualquer coisa. Ainda jogo eventualmente, só que agora de modo "honesto".

Loris Simon disse...

(e ah, com o CD original). rs

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