Retina Desgastada
Idéias, opiniões e murmúrios sobre os jogos eletrônicos
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13 de junho de 2013

Paraíso Perdido

Project Eden Entre 1998 e 2003, a Core Design viveu no paraíso. Apesar de já estar no mercado de desenvolvimento de jogos desde 1988, o pequeno estúdio comprado pela Eidos só atingiu o estrelato dez anos depois. Sua criação, a exploradora de catacumbas Lara Croft, se tornou mais do que um sucesso: virou um ícone pop. Cinco jogos depois, a fórmula estava cansada e a Eidos tirou a franquia das mãos da Core Design para entregar para a Crystal Dynamics. Em 2006, o estúdio foi fechado.

Mas esta não é uma postagem sobre Tomb Raider.

Espremido entre um lançamento e outro da aventureira, a Core Design produziu em 2001 uma gema escondida: Project Eden. E esta gema poderia ter sido perdida para sempre se não fosse relançada no GOG.

O jogo em terceira pessoa é um daqueles títulos cuja jogabilidade desafia descrições. Uma olhada descompromissada nas telas pode induzir a impressão de que se trata de um jogo de tiro em um cenário de ficção-científica, talvez com cobertura e vida regenerativa. Não é. Na verdade, a perspectiva está lá, há tiroteios, mas este não é o foco da aventura. Matar ou morrer é tão irrelevante que, se você for derrubado, irá apenas reaparecer em uma unidade ressurreição (?) alguns metros mais atrás. A chave para a compreensão de Project Eden são seus enigmas e sua atmosfera.

Project Eden

No título, você controla uma equipe de quatro policiais enviados para investigar uma série de desaparecimentos nos subterrâneos de uma cidade do futuro. Os avanços tecnológicos chegaram e as cidades agora são imensos arranha-céus que fariam os nossos parecerem um sobradinho. Todo mundo é saudável e feliz, exceto os desprivilegiados, como sempre. Abaixo da vida tranquila no topo urbano, há as ruínas da cidade antiga, território de gangues, mutantes, gente pobre tentando levar a vida e doentes. Quanto mais investiga o caso, mais profundo desce o seu time, mais sujo, escuro e decadente vai ficando o cenário, maior fica a sensação de que há algo muito errado nesta utopia. Para quem tem claustrofobia, é melhor ficar longe de Project Eden porque este é um jogo que oprime e dá falta de ar, flertando, em alguns momentos, com o survival horror.

Project Eden - Hall of Mirrors Project Eden - Hazardous EnvironmentNão vá esperando combates frenéticos a cada esquina, porque os tiroteios não são constantes. O foco é na exploração do ambiente e na resolução de enigmas para desbloquear o caminho. Cada personagem tem uma habilidade específica e é possível alternar o controle de cada um a qualquer momento. Na hora da luta, a inteligência artificial é satisfatória e você vai agradecer por ter esses companheiros do seu lado. Mas, na maior do parte do tempo, você terá que alternar os personagens e posicioná-los em lugares diferentes do cenário para solucionar os problemas que o jogo te oferece. A paisagem é tão desoladora que cada reencontro do grupo é um alívio. Como se essa dinâmica já não fosse interessante o suficiente, seu time ainda utiliza uma série de equipamentos essenciais para determinadas partes, como um mini-tanque de controle remoto, um drone voador e uma torre de tiro automática. Também é possível hackear metralhadoras fixas e liberar o seu lado sádico contra os inimigos.

Project Eden ainda ousa oferecer uma reviravolta no final da história e amarrar as pontas soltas de um dos policiais. Como o desenvolvimento de personagem é meio solto ao longo da trama, não chega a ser um final impactante, mas vale pela tentativa de adicionar mais escopo e tragédia a um enredo que já era carregado de angústia. E, após a derrota do chefe final obrigatório, sobra um gosto amargo, a certeza de que os problemas no universo do jogo são complexos demais para serem resolvidos a bala ou colocando quatro policiais nos pontos certos.

Ouvindo: Grendel - One.Eight.Zero [Life Cried Remix]

8 comentários:

Marcos A. S. Almeida disse...

São essas coisas que me deixam indignado...O GOG está cobrando 6 doletas ( ou 13 pratas ) por um jogo que estava no limbo, de uma produtora que já fechou ( não estou julgando se o jogo é bom ou ruim)! Ou eu estou mal acostumado pelo Steam e pelo Humble Bundle ou o GOG está metendo a mão no meu bolso na maior cara-de-pau! Há tempos que eu venho percebendo que os preços do GOG estão destoando de outras iniciativas.Por exemplo: têm sentido cobrar 6 doletas pelo Shadow Warrior sendo que ele está free-to-play no Steam (mesmo com DRM)? Aliás, estou ficando mal acostumado não só pelos exemplos que dei acima , mas o próprio Google Market , que venho utilizando á pouco tempo oferece inúmeros bons jogos ( e apps ) com preços muito bons , isso quando não são GRÁTIS (meus preferidos!)Sei não...

C. Aquino disse...

ahahAHAHAahah, você está ficando mal acostumado mesmo!

O Shadow Warrior pegou eles de surpresa e, realmente, não tem desculpa continuar oferecendo por 6 dólares.

O GOG, ocasionalmente, faz o trabalho duro de conseguir colocar estas velharias para rodar em sistemas modernos.

No caso do Project Eden, vale lembrar que a Square-Enix herdou o acervo da Eidos e também está recebendo seu suado dinheirinho...

C. Aquino disse...

E, como bom pão-duro, nunca compro no GOG a preço cheio. Sempre rolam promoções e o preço cai pela metade.

Marcos A. S. Almeida disse...

E por falar em Humble Bundle , essa semana está (também) muito bom pra quem têm Android: têm Anomaly Warzone , tower defense/ofense elogiadíssimo e que no Google Play está sendo vendido á 7 pratas cada( o Warzone e o Korea).Olha que decontão!E pasmem , se pagar acima do mínimo leva um modelo para impressão 3D!Já se foi o tempo onde os brindes eram chaveiros, bonés, botons...Deixa eu parar por aqui porque papo de "pão-duro" é pior que papo de mulher falando de novela!

Raphael AirnMusic disse...

Aquino, vc chegou a jogar esse? Li em algum lugar (fórum do gog mesmo?) que o lance de cada personagem ter sua habilidade e ter que usar eles em partes específicas das fases seria algo como Lost Vikings, o que me animou a jogá-lo por gostar desse último.

Pela sua descrição, embora você tenha mencionado algo assim, senti que passa longe disso. Mas fiquei mais animado ainda a jogá-lo hehehe.

C. Aquino disse...

Raphael, a descrição na Wikipédia também cita Lost Vikings, mas eu não posso comparar porque não joguei o clássico da Blizzard... :(

Joguei Project Eden já tem um bom tempo, em "cópia de distribuição alternativa" e pretendo legalizar em breve. É um jogo bem diferente do que se faz hoje em dia e a dinâmica de trocar de personagem é muito bacana mesmo.

Eder R. M. disse...

Marcos, pra mim o Gog é abençoado. Se desviar os olhos um pouquinho dos jogos mais mainstream, há toda uma gama de jogos incríveis LEGALIZADOS (o dinheiro sempre vai pra empresa mais atual que tem os direitos dos games, no caso de Project Eden, a Square Enix), que funcionam em sistemas operacionais modernos e por vezes com extras. Ah, e SEM DRM, o que é, ao menos pra mim, a grande dierença em relação a jogos que tb estão no Steam.

Como adorador de jogos de adventure antigos (entre outros gêneros), o GOG é, pra mim, praticamente uma deidade a ser idolatrada todos os dias. :)

Como exemplo, só as séries Gabriel Knight, Broken Sword e Tex Murphy já me deixaram apaixonado pelo serviço.

Quanto ao Project Eden, joguei uma versão demo quando o jogo era atual (bah, faz tempo, hein ? :D), e achei a premissa interesante. Pretendo adquiri-lo num futuro próximo.

Edgar Menezes disse...

Tá aí um jogo que quando lançou eu fiquei muito afim de ter, mas como era caro na época... Foi passando o tempo e acabei esquecendo... =)

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