Retina Desgastada
Idéias, opiniões e murmúrios sobre os jogos eletrônicos
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25 de abril de 2013

A Velha e a Nova Face do Horror

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Shinji Mikami, criador do primeiro e do quarto Resident Evil, está de volta ao gênero que o consagrou com The Evil Within:

De acordo com a Bethesda, editora do jogo e agora proprietária do estúdio de Mikami, o game designer pode ser considerado o pai dos jogos survival horror e que este novo título tentará voltar às origens, submetendo os jogadores a escassos recursos e principalmente, criando aquela tensão que poucos jogos tem nos entregado ultimamente, com os cenários trazendo muitas armadilhas.

"Pai dos jogos survival horror" dói no ouvido e é uma clara estratégia da Bethesda para chamar de volta os órfãos da franquia Resident Evil. Mas, como sabemos, o gênero não começou e tampouco irá terminar com os zumbis da Capcom. O trailer em live action tem uma pitada de Hellraiser, uma pitada de Silent Hill e lembra desfavoravelmente o cafona trailer em live action de F3AR. Sem uma prévia de jogabilidade, fica difícil dizer se Mikami vai voltar a se destacar no cenário ou se repetirá cansados chavões. Ter uma imagem de divulgação inspirada em O Segredo Da Cabana não é um bom começo...

Enquanto isso, algo desperta no porão...

Among the Sleep

Como maximizar a fórmula do protagonista impotente vista recentemente em Amnesia - The Dark Descent? Com um protagonista mais impotente ainda. Esta parece ser a resposta da desenvolvedora independente Krillbite, com seu jogo Among The Sleep. No título, o jogador controla uma criança que ainda está começando a aprender a andar, que desperta no meio da noite na casa escura e resolve investigar o bizarro fenômeno sobrenatural que tomou conta de seu lar. Será tudo um pesadelo? Será imaginação? Ou forças sinistras estão em andamento?

Among the Sleep tem previsão de lançamento para o final do ano e conta com sua ajuda no Kickstarter. Faltando ainda 22 dias para completar sua campanha, o jogo já conseguiu arrecadar 84 mil dólares, dos 200 mil pretendidos.

Daylight

Os veteranos do Zombie Studios tem uma criatura no nome, mas já passaram por dias melhores. Em tempos remotos, eles produziram o experimental ZPC, depois dedicaram um tempo enorme a jogos genéricos de tiro como Blacklight: Tango Down ou a franquia Spec Ops (antes do elogiado The Line, feito por outra empresa). Agora, tudo leva a crer que a desenvolvedora está disposta a explorar o filão do survival horror, depois da adaptação de Jogos Mortais.

A nova empreitada atende pelo nome de Daylight e promete "suspense psicológico gerado proceduralmente". Traduzindo, dois jogadores jamais jogarão o título da mesma forma, graças a elementos randômicos criados em tempo real pela engine. Do cenário aos eventos presenciados, passando pelos objetos e sustos encontrados, cada experiência será única, promete o pessoal da Zombie Studios.

A trama acompanha aquela velha fórmula de alguém que acorda em um hospital abandonado sem saber como foi parar ali ou como irá sair. Usando o celular como única fonte de luz, espera-se que a jornada seja mais diferente do que o enredo.

Por enquanto, Daylight ainda não tem data de lançamento ou plataformas confirmadas.

Catequesis

Quantos polígonos você precisa para transmitir emoção? Física de fluidos, ragdoll, partículas dinâmicas, motion blur, antialising, DoF, nada disto tem qualquer valor diante do medo. Com gráficos em 16-bits e uma palheta de cor mais próxima de Zelda do que de Lone Survivor, a Pakarico e a Curved Cat Games vão lançar Catequesis, um jogo de horror com temas e imagens fortes.

Na lista de referências, os desenvolvedores citam Lovecraft, Cronenberg e David Lynch, o que é uma combinação de abrir estranhas portas para mundos de insanidade. No enredo, o jogador interpreta Daniel, um pobre coitado que precisa lidar com os resultados catastróficos de um ritual profano que deu muito errado na casa de sua namorada.

Catequesis sairá para PC, Linux, Android e Mac ainda este ano. Com um time de apenas quatro pessoas, eles podem repetir o impacto da Frictional Games.

Spate

É possível produzir um jogo de plataforma que cause a mesma sensação de angústia que um título de horror? Este é o desafio que Spate coloca na mesa.

Com cenários distorcidos, absinto, melancolia e chuva, este é o trabalho de um homem solitário. Eric Provan começou sua carreira na indústria cinematográfica, como ilustrador para animações da Disney e da Sony e agora resolveu usar seus conhecimentos para o mal. Manipulando efeitos de cor e profundidade, mensagens subliminares, ângulos de câmera e outros artifícios, ele está construindo uma história de morte e alcoolismo.

Em Spate, o jogador encarna um detetive enviado para uma ilha misteriosa para investigar uma série de desaparecimentos. Traumatizado pela morte da própria filha, o protagonista tem um grave problema de dependência de absinto. Quanto mais ele afunda na bebida e na investigação, o tecido da realidade se torna mais tênue e as alucinações abundam. Com farta dose de exploração e elementos bizarros, o jogo não será o seu típico título de plataforma.

Spate será lançado ainda este ano, para PC, Mac e Linux. O título já pode ser encontrado no Greenlight.

Dreadout

É inegável que aquilo que nos é estranho sempre provoca o temor. E, para nós ocidentais, a produção de horror oriental está na lista de estranhezas. Por um tempo, adaptações de obras japonesas tomou conta de Hollywood (O Chamado, O Grito), mas a moda passou. Entretanto, os asiáticos continuaram produzindo suas histórias e uma delas agora aparece na forma de um jogo. Dreadout é um jogo de terror indonésio autêntico, produzido no país pela Digital Semantika.

O enredo envolve uma excursão de colegiais que erra seu caminho e vai parar em uma cidade que parece abandonada. Isolada de suas companheiras, a protagonista precisa usar sua câmera digital para sobreviver em meio a ameaças aterrorizantes e descobrir o destino das amigas. Qualquer semelhança com outras produções da região é mera homenagem.

Dreadout já tem demo lançado e disponível para download. O jogo deve sair ainda este ano, para PC, Mac e Linux.

dreadout

Horror, Horror

Conseguiremos algum dia começar uma postagem sobre survival horror sem citar Resident Evil? Dead Space já disse adeus ao gênero. Mas nada pode parar o medo.

Nenhuma das promessas de jogo que eu apresentei no último Outubro do Horror foi lançada ainda e já temos algumas novas abominações arranhando a porta. Além deles, Amnesia - A Machine for Pigs também está chegando e a própria Frictional Games prepara uma surpresa para 2014.

Desculpe, senhor Mikami, respeitamos seu passado, mas a disputa pelo trono sombrio será acirrada.

Ouvindo: Zeromancer - Opelwerk

19 comentários:

Eder R. M. disse...

Adorei o vídeo do The Evil Within. É tão deliciosamente e propositalmente estilo B que é impossível eu não achar o máximo.

E trailers em live action me lembram tanto os anos 90 :D

Não acho que a imagem tenha sido tão inspirada assim no Cabin in the Woods, mas a semelhança é inegável. O cérebro com o arame farpado é uma boa referência à situação do protagonista.

Além do que o Cabin in the Woods é um filme bem bacana ao que se propõe, assim como a maioria das coisas que tem o dedo do Joss Whedon (foi produzido e co-escrito por ele).

Quanto ao "pai dos survival horror"... tsc, tsc, Beth. Vocês já ouviram falar de Frederick Raynal e do 1º Alone in the Dark? Eu culpo o Pete Hines por isso! Ele é a razão de todo mal da Bethesda! Bom, o Todd Howard também. :-D

Marcos A. S. Almeida disse...

Justiça seja feita Aquino:estamos na era dos gráficos realistas e jogabilidade inovadora.A era da criatividade já passou e ela é que servirá de referência pra qualquer jogo lançado hoje, quer queiramos ou não.Portanto nem Mikami nem outro conseguirá criar nada 100% inovador, sempre terá elementos de jogos passados, mesmo que involuntáriamente.Desafio á qualquer um citar ao menos 1 jogo recente que não tenha um mínimo de inspiração ou elemento de algum jogo do passado.Claro, posso estar enganado, mas meu limitado conhecimento "gamístico" me diz isso.

estacado disse...

Pô Aquino, tive que vir aqui e te parabenizar pelo post. Teus textos são muito bons.

Sobre os jogos, da pra perceber que Amnesia começou uma "moda" que eu nem sei aonde pode chegar - uma porque eu não jogo esse tipo de game, tenho quase 30 e morro de medo hehe - e outra que você tem uma gama grande de enredos, mas a jogabilidade e o efeito do medo é sempre o mesmo. Mas gostei de "Among the Sleep", difícil acredita que uma criança não iria cair no choro na primeira cortina levantada pelo vento, mas quem sabe...

Sobre o Mikami, fico com aquela do "pé atrás", quando é muita falação pouco se faz. Mas é a Bathesda, e nela, pelo menos falo por mim, acredito em coisas boas.

Shadow Geisel disse...

tb fico com o pé atrás com o Mikami. falaram a mesma coisa de Shadows fo Damned e olha bosta que deu.
cara, juro que me mato se vir mais um game/filme de terror com menininha fantasma de cabelo preto .

Jimmy Fischer disse...

Saiu no STEAM hoje um mod de HL chamado CRY OF FEAR.Comecei uma campanha e to levando uns sustos, vamos ver como fica mais pra frente!

Jimmy Fischer disse...

P.S.:Esse mod é de 2012

Gledson A. disse...

Ótimo post, Aquino. Já estava sentindo falta de posts com conteúdo de survival horror, mesmo que seja uma apresentação de jogos que ainda estão por vir.



OBS-1: Cry of Fear virou um jogo Stand Alone:

http://store.steampowered.com/app/223710/




OBS-2: Among The Sleep já tem página no Greenlight também:

http://steamcommunity.com/sharedfiles/filedetails/?id=140016697&searchtext=among+the+sleep

Rebeca disse...

Um jogo (aparentemente) de horror pelo qual estou bem curiosa é o novo do Climax Studios, os responsáveis por Silent Hill: Shattered Memories. Ainda não tem título e só liberaram algumas imagens por enquanto, mas achei o conceito interessante: http://bit.ly/ZmDe5O

Gledson A. disse...

Detalhe: Cry of Fear é "Di Grátis".

=)

Eder R. M. disse...

Por falar em horror, tem o The Cat Lady no GoG.com, que não joguei ainda, mas parece interessante.

Pelas informaçãoes é mais to tipo típico adventure, mas as opiniões que li dizem que é bem perturbador.

Jimmy Fischer disse...

P.S.:É desse CRY OF FEAR que eu falava... ainda aparenta usar a engine do HLO1, por isso achei que ainda era mod...(ou não é?)

Gledson A. disse...

Peço desculpas, Jimmy, o comentário era uma resposta a você mas esqueci de colocar o seu nick. Erro meu. =P

Então, você está correto; Cry of Fear era um mod para HL1 até um tempo atrás (como consta na página do jogo), mas o jogo ganhou tamanha fama entre os jogadores de HL1 que acabou ganhando projeto Stand Alone e foi aprovado no Greenlight recentemente.

Gledson A. disse...

Pertubador e um pouco bizarro, Eder.

No canal que acompanhei o gameplay tanto o produtor do jogo comentou que a obra era baseada nos temas de morte e suicídio. Bem interessante, diga-se de passagem.

Gledson A. disse...

[...]tanto o produtor do jogo[...] Lê-se:

[...]o produtor do jogo[...]

Ivo Fernando disse...

Estou ansioso por Routine. Horror no espaço, permadeath e cenários que mudam a cada partida.

Marcos A. S. Almeida disse...

Vi esse gameplay cooperativo http://www.youtube.com/watch?v=tXVu5c4UAtM e realmente parece bastante bizarro e um tanto pertubador pra ser jogado sozinho...Quem topar um coop é só chamar.Não que eu esteja com me.. digo, receio, mas jogar com mais um é estratégicamente melhor, não é mesmo?Ehehehehehe!

Michael disse...

esse e um dos poucos blogs que fala sobre Anachronox,alguem pode responder a minha pergunta como funciona o yammer do grumpos?respondam por favor,estou adorando o jogo e quero explora-lo ao maximo

C. Aquino disse...

Michael, faz muito, muito tempo (mais de doze anos!) que eu joguei Anachronox. Infelizmente, não me lembro de como ele funciona exatamente...

Gledson A. disse...

Marcos A. S. Almeida, é uma pena que minha internet seja lenta demais, senão toparia de imediato o coop.

Uma pena também a campanha ser diferente nos dois modos (single-player e multi-player). Agora resta saber se a sua curiosidade vencerá seu me... digo, receio (Rs).

Retina Desgastada

Blog criado e mantido por C. Aquino

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