Retina Desgastada
Idéias, opiniões e murmúrios sobre os jogos eletrônicos
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17 de março de 2013

Jogando: The Light of the Darkness (Alpha)

The Light of the Darkness 03

Jogar versões beta para mim são uma experiência ainda mais arriscada do que jogar um demo. Afinal, bugs são esperados. O que dizer, então, de uma versão alpha de um jogo, aquele pedaço de software compilado que não deveria sair da máquina do seu criador e, no entanto, ganha o mundo para o horror de todos? Porém, após semanas reclamando do atraso da versão demo de The Light of the Darkness, não tive outra saída a não ser testar o alpha do projeto, finalmente liberado para os apoiadores.

Lembrando aqui que The Light of the Darkness (ou A Luz da Escuridão) foi o primeiríssimo projeto que investi no Kickstarter, já no distante ano de 2011. Com o passar do tempo (e os atrasos), a euforia cedeu lugar à descrença e esta versão preliminar do jogo despertou um pouco de ambos os sentimentos.

A primeira impressão ao iniciar o alpha não podia ser pior: um arquivo .BAT, uma velharia da época do DOS, dispara um janela em Flash que sugere que eu altere minha configuração de segurança local para que o jogo rode. Imagino que muita gente trema de medo nesta primeira tela. Eu autorizei a pasta como segura para o Flash ao mesmo tempo em que ia me amaldiçoando por ter colocado dinheiro em um jogo feito com tal tecnologia. XNA, Unity, C++, para quê?

Mas a abertura de The Light of the Darkness é de tirar o fôlego. Gráficos límpidos e uma trilha sonora que parece ter sido composta por uma orquestra celeste. Se o projeto desmoronar, e eu continuo torcendo para que isso não aconteça, que pelo menos o Andrew Kalu, responsável pelas músicas, consiga um emprego na indústria. Ele realizou um excelente trabalho aqui. Os efeitos sonoros também são competentes e alguns gráficos idem. A mitologia estabelecida pelo projeto e disponível no site oficial também é cuidadosa.

The Light of the Darkness 01

Este alpha é constituído de três áreas. A primeira oferece um esqueleto de batalha, sem cenários e com várias opções de debug, para quem liga para entender como funciona um jogo em suas entranhas. A segunda área tem um mapa simples para explorar e uma infinita sucessão de diferentes inimigos randômicos. A terceira área traz somente exploração, sem inimigos, mas com o cenário melhor trabalhado.

The Light of the Darkness 02 The Light of the Darkness 05

O manual que acompanha a instalação não ajuda muito a entender os comandos e a falta de um tutorial tumultua bastante. Toda a mitologia desenvolvida ficou restrita ao site e não transparece no alpha, que é, basicamente um beat'em up com traços tênues de RPG rodando a uma velocidade bem baixa. Uma vez que termina a grandiloqüente introdução, caímos em uma jogabilidade murcha de atacar e defender. Não consegui fazer funcionar com eficiência nenhuma magia ou ativar nenhum item, tampouco trocar de arma ou escudo, embora estas opções estejam descritas na postagem que anuncia a versão demo. Boa parte dos gráficos, sejam do protagonista, de alguns inimigos ou mesmo do cenário, remetem a desenhos feitos no papel e esticados para atingir a resolução do meu monitor. Antialising passa longe aqui e fica o gosto amargo de se estar vendo um rascunho animado. Como se diz por aí, falta polimento.

The Light of the Darkness 04

Falando de problemas bem específicos, no segundo cenário, dos inimigos randômicos, alguns deles são fortes demais para se vencer e nem sempre é possível ter uma boa noção se o seu golpe de espada irá atingir ou não. O terceiro cenário, que teoricamente deveria ser meu favorito, já que é focado em exploração, revela a dificuldade de controlar o protagonista em vôo. Para seguir explorando a caverna, é necessário voar até níveis superiores, pequenas alturas que não seriam problema em outro título mas que aqui se revelam um desafio de coordenação motora. Os desenvolvedores recomendam o uso de um gamepad para a versão alpha, mas isto não costuma ser um empecilho para mim e o mau exemplo da Capcom não deveria ser seguido.

The Light of the Darkness 06

O jogo trava várias vezes, mas este é um problema que eu já esperava no atual estágio de desenvolvimento. Porém, ao encerrar o The Light of the Darkness, mesmo através das vias normais, o processo GamepadServer.exe continuou rodando no computador e precisou ser fechado pelo Gerenciador de Tarefas.

Por sua natureza em Flash, percebi que o jogo nem necessita do .BAT. O script de DOS só serve para chamar o .SWF e o GamepadServer.exe ao mesmo tempo. Como joguei no teclado, o segundo é desnecessário. Surpresa: o jogo roda mais rápido sem o gatilho que controla a interação com um eventual gamepad. Na pasta de instalação dá para ver todas as animações, as artes e modelos utilizados. E as magníficas músicas, já devidamente salvas no meu disco rígido.

Esta versão alpha do jogo não deveria ter sido liberada para todos os apoiadores, apenas para aqueles que contribuíram em um determinado patamar. Mas os desenvolvedores planejaram coletar feedback para aperfeiçoar o título. Lamentavelmente, não há um único comentário na postagem que anuncia o demo e nenhuma entrada no fórum oficial do jogo. Depois de tanto tempo, será que o desinteresse da própria comunidade se tornará a punhalada final no projeto?

The Light of the Darkness 07 

Ouvindo: Epica - Cry For the Moon

5 comentários:

Shadow Geisel disse...

"o mau exemplo da Capcom..."

nem precisei clicar no link pra saber a quê você se refere. por isso inicio a campanha "Doe um PS3 com Resident Evil 4 HD para o Aquino".
quem sabe o gosto amargo não sai da sua boca...

Shadow Geisel disse...

sim, Aquino, esqueci de comentar: caso a ost seja gratuita lembra de colocar aqui no site. "orquestra celeste" deixa qualquer fã de game music louco de curiosidade.

Hawk disse...

Joguei esse Alpha a, mas, seguindo o que você disse, não consegui fazer muita coisa. Voar é um sacrifício, poderes/magias não há, inimigos impossíveis de matar. Você tem que ficar naquele esquema, bate, corre, recupera energia, bate, corre etc.

Cheguei em uma parte que não consegui mais avançar.

Achei a abertura bonita e as fases são bonitas e bem trabalhadas, mas com certeza falta muita coisa.

Terminei o Resident Evil 4 no teclado e mouse mesmo. No começo o jogo é irritante, mas depois me acostumei.

Adriano Martins disse...

Vocês poderiam disponibilizar esta Alpha pra download?

C. Aquino disse...

Adriano, esta versão alpha foi liberada apenas para apoiadores (backers) no Kickstarter. Desde Fevereiro eles estão prometendo uma versão pública e/ou uma outra demo melhor. Infelizmente, temo que deste mato não sai mais cachorro...

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Blog criado e mantido por C. Aquino

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