Retina Desgastada
Idéias, opiniões e murmúrios sobre os jogos eletrônicos
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1 de fevereiro de 2013

DLC Effect

"A satisfação do cliente é nossa prioridade" Apesar de estar achando a narrativa em Mass Effect 2 mais longa do que deveria, com mais sidequests do que enredo propriamente dito, fiquei interessado na possibilidade de estender a aventura. Cada pequeno desvio da trama principal é bem construído e a Bioware consegue manter o interesse na periferia enquanto a ameaça Collector se constrói a passos lentos. O que eu não esperava era esbarrar na monolítica e abusiva política de DLCs implementada.

Primeiro, nenhum DLC está disponível via Steam. A plataforma favorita de 10 entre 10 jogadores de PC oferece apenas a versão padrão e a versão Deluxe do jogo, sem nenhum conteúdo extra vendido separadamente. A Digital Deluxe Edition se distingue da versão normal por oferecer alguns itens virtuais, um artbook para baixar, a trilha sonora e outros bônus, nenhum deles acessível diretamente através do próprio Steam, mas apenas através de um tedioso processo de registro na Bioware e sua Cerberus Network. O nome da rede não poderia ser mais apropriado.

Segundo, para se comprar DLCs, o jogador deve ter ao mesmo tempo uma conta no Origin e outra na Bioware. No primeiro, você compra uma moeda virtual chamada Bioware Points. No segundo, você usa os Bioware Points para comprar o conteúdo extra. Uma vez que a Bioware é uma divisão dentro da própria EA, dona do Origin, a burocracia do processo é incompreensível. Os tais Bioware Points são vendidos em dois blocos, um de 800 unidades e outro de 1600 unidades. O primeiro pacote custa atualmente R$20 enquanto o outro custa R$41, sendo que um real de diferença deve ir para o programador malandro que fez esta matemática que viola os princípios mais básicos de respeito ao consumidor. Em qualquer loja do mundo, se você compra o pacote com mais unidades de um produto você ganha um desconto em relação ao preço unitário. No Origin, você perde um real.

bioware-points Um real de ágio?

Terceiro, comprei minha edição do jogo em promoção por dez dólares. Seriam vinte reais na cotação de hoje. Mas, se quiser todos os DLCs que me interessam, vou gastar  80 reais, mais do que muito jogo novo em lançamento. Se o Origin vende apenas 800 ou 1600 Bioware Points, era de se imaginar que o conteúdo extra fosse, de alguma forma, múltiplo de 800, 400, 200 sei lá. Não é assim. Tem DLC que custa 560 Bioware Points. A EA conseguiu criar um novo mini-jogo onde o usuário tenta combinar DLCs para gastar todos os pontos sem deixar troco para os cofres da empresa. Promoção de Bioware Points? Nunca vi.

Quarto, eu posso esperar até o retorno dos Reapers porque esse conteúdo não vai sair em uma edição especial com um eventual desconto. Nunca. Ao contrário de tantos outros jogos de outras empresas, não existe uma edição GOTY que reúna tudo em um pacote só a preço camarada. Mesmo a Mass Effect Trilogy lançada no final do ano passado não traz este conteúdo adicional para PC. Mas a versão para PS3 traz. Isso significa que se você chegar agora à série e pagar R$99,99 na trilogia, ainda terá que desembolsar mais R$80, através de um sistema complicado, para ter o conteúdo adicional relevante para o segundo capítulo. Imagino que o mesmo tratamento se aplique para o terceiro episódio.

Mass Effect Trilogy A "experiência definitiva" não traz DLCs para PC

Quinto, boa parte deste conteúdo complementa a trama ou é essencial para fazer a ponte com o capítulo final. Lair of the Shadow Broker é descrito como "obra-prima" pelo XboxPlus. Há sinais no jogo principal de que há algo a ser resolvido entre Liara e a organização Shadow Broker, mas, a menos que você gaste 800 Bioware Points, você nunca terá uma conclusão satisfatória para esta bifurcação na história. Arrival funciona como um prelúdio para Mass Effect 3 e parece ter revelações bombásticas. A menos que você pague 560(!) Bioware Points, você vai ficar sem saber o que Shepard está fazendo no começo do terceiro capítulo. Se estes dois exemplos não foram removidos propositalmente do jogo para faturar por fora, então a Bioware é, no mínimo, culpada de não amarrar pontas soltas de forma adequada para aqueles que se dispuseram a comprar seu jogo.

Mesmo que eu me restrinja a comprar estes dois DLCs, serei obrigado a comprar dois pacotes de 800 Bioware Points (que não sou trouxa de comprar o de 1600...), gastar quarenta reais (duas vezes o valor do jogo!) e ainda deixar 240 Bioware Points inativos no balcão.

Mas não vou. Recuso-me, independentemente da qualidade do material. EA e Bioware podem ir se espetar num mastro de Husk enferrujado.

Ouvindo: Das Ich - Der Arzt III

11 comentários:

Gyodai disse...

Eu nunca entendi o porquê de existirem esse Bioware Points. Não sabia desse lance de só conseguir comprar os DLCs do ME2 via Cerberus. Se bem que, pensando bem, os DLCs do Dragon Age seguem o mesmo esquema idiota. A única diferença entre os dois é a existência da Ultimate Edition do Dragon Age (que não existe no Steam). Mas a falta de senso dos caras dá vontade de socar alguém na cara. Praticidade, que é isso?

Anderson disse...

A versão Ultimate do Dragon Age tem no Steam. Só não ta disponivel pro Brasil

Raphael AirnMusic disse...

Caramba, nunca imaginei que uma confusao dessas seria possivel.

Shadow Geisel disse...

"EA e Bioware podem ir se espetar num mastro de Husk enferrujado".

kkkkkkkkkkkkkkkkk.

Aquino, essa conversa de obra-prima com relação ao Lair of Shadow Broker é conversa fiada. nem se preocupe pois, apesar de ser uma quest interessante, não há quase nada nela essencial para o desenrolar da história (nada que vc não vá ficar sabendo com o jogar do ME3).

que eu saiba o DLC do 3, Arrival, é uma versão alternativa para o final polêmico (não faço ideia pois tô longe de completar o ME3) da série. no PS3 e 360 foi de grátis, se for o que eu estou pensando.
realmente, o procedimento é tão incompreensível que até rendeu um post (e uma "descida de salto" por parte do monge camarada Aquino). uma coisa estúpida, abusiva e incompreensível.

Breno disse...

Hehe, pague para ver o final de ME2 Aquino... Ou simplesmente vá num piratebay da vida e pegue a versão completa por lá mesmo. Ladrão que rouba ladrão...

E outra, quem compra jogos da EA merece ser tratado dessa forma. O que não falta na internet são histórias de como a EA trata os consumidores como lixo. Pense na proxima vez que for comprar mais um port da EA...

Jimmy Fischer disse...

Po, essa semana um amigo meu reclamou no FACEBOOK que a maioria dos jogos da LIVE custam 1200 "microsoft points", mas ela tb só vende 500, 1000 e 2000 pontos...
Acho que a Bioware aprendeu ali... PROCON neles

Lucs disse...

Lair of The Shadow Broker tem uma campanha legal,com features só vista nela e ferramentas úteis,como respec dos personagens e informações do pessoal do time.O único DLC que adquiri,e achando o preço um absurdo;paguei a mesma coisa que paguei pelo jogo inteiro.Mas sem ele,a Liara é simplesmente subaproveitada nesse 2º jogo.
Não adquiri o The Arrival e não fez falta.falam ser uma campanha fraca em que você só tem o Shepard no time seguindo em longos corredores as escolhas.E caramba,durante o 3 tem mais resgate aos acontecimentos do Operation Overlord e ao da Kasumi do que a esse.
Se fosse pra pegar 2 Aquino,além do LotSB eu recomendaria ou o da Kasumi ou Overlord ,e não o Arrival.

José Guilherme Wasner Machado disse...

Enfrentei os mesmos problemas, e exatamente por isso não comprei nenhum DLC de Mass Effect, apesar do meu interesse em fazê-lo. Estúpida demais essa política.

Eder R M disse...

Arrival é horrível. Sério. Shepard, SOZINHO, lutando contra inimigos sem graça no melhor estilo "corridor shooter". Não compre. Só leia a tal "revelação" que se resume a duas linhas no maximo (Shepard descobre TAL COISA e decide fazer TAL COISA) e seja feliz economizando seu rico dinheirinho. Esse foi só um "gancho" que a Bioware tentou fazer com o início do ME3, provavelmente a mando da EA para "pescar" mais alguns trocados dos gamers.

Já o Shadow Broker é bem bacana, tem um clima de aventura completa mesmo, e a história, apesar de você tb poder passar sem e só ler o resumo por aí, é bem interessante. Esse aí é recomendável. :)

E poir aí vem mais um DLC do ME 3. Depois de ser lançada a tal versão com a experiência definitiva da série. :-D

Thiago F. disse...

Concordo com todas as suas colocações (o dono do blog) sobre ME2 e a política de DLC. Mas algumas informações estão incorretas sobre a versão trilogia. Cada variante da trilogia tem DLCs diferentes. No caso de PC, o ME1 inclui todos os DLCs, é realmente uma versão completa. No ME2, ele dá creio que acesso ao Zaed somente, com Kasumi e os demais sendo DLCs. Já no ME3, acho que inclui só o personagem extra mesmo, equivalendo à versão deluxe. Uma das coisas que me irritaram no terceiro é que o personagem mais interessante, com os melhores comentários, e muito bom de ter como aliado, é justamente aquele pago à parte.

Já sobre os DLCs serem essenciais para entender a História, também não é verdade. O que eu vou falar agora contem spoilers, estão estejam avisados. Se a pessoa não jogar o arrival no ME2, no ME3 Shepard está detido por ter trabalhado com a Cerberus, o que o Concílio e a Aliança enxergam como crime de Traição. O Relay no sistema dos Batarianos explodiu do mesmo modo, mas foi uma equipa de militares da ALiança que fez a missão, e os War Assets da Aliança ficam mais fracos por conta disto. Shepard não teve envolvimento com a missão. Já se a pessoa jogou, a conclusão é a catátrofe em todo o sistema estelar daquela Colônia Batariana, com o Shepard ficando preso numa sindicância para apurar o caso, depois de render a Normandy 2 para a aliança.

Já no caso do Shadow Broker (mais spoilers), mesmo que você jamais procure a Liara para tratar disto, ela calha de derrotar o Shadow Broker por outros meios, e tomando controle da nave/base secreta dele.

Não é um ponto essencial da história realmente, mas bem dispensável até. São side-stories, como o Anderson no primeiro jogo falando da missão dele com o saren, que é mostrada no primeiro livro (surpreendente bom), ou a Liara tentando obter o corpo do/da Shepard para a Cerberus, que é mostrada numa série (bem fraquinha) de gibis. Ou a história do Ish, que aparece em Omega, que já tinha um passado com Jacob e Miranda mostrado num jogo (pavoroso) de Android. Claro que o intuito da empresa, em explorar estes detalhes do passado dos personagens, ou que ocorrem simultaneamente aos jogos (com uma visão alternativa) são para deixar o público com curiosidade despertada, esperando que muitos delescomprem tais obras e itens adicionais. Mas nenhum ali é realmente obrigatório.

Thiago F. disse...


Ainda é possível entender bastante da História (pelo menos o essencial) jogando apenas as missões obrigatórias de ME1, 2 e 3. Sem os side-quests, sem os DLCs, sem gibis, sem livros. Uma experiência bem menos rica, mas ainda assim satisfatória do ponto de vista narrativo. ALiás, minto. No ME2, são apenas umas 5 missões obrigatórias para a história avançar, mas é preciso fazer vários recrutamentos, de um número mínimo de integrantes para desencadear a missão final, e experar o reaper IFF estar pronto para ser usado.

ME3 é sem sombra de dúvida o mais canalha de todos. O personagem Prothean do DLC from ashes realmente não é mandatório, mas ele oferece uma análise tão boa da guerra do ciclo passado, enriquece tanto a história (ainda que sem alterar nenhum ponto chave), que realmente a mão coça pra gastar mais 10 doletas na versão com ele.

A Bioware infelizmente já viu dias melhores. Eu não sou contra a noção em si de DLCs, acho potencialmente algo excelente, mas que na prática, pela sede desenfreada de ganância de empresas como EA e a CAPCOM, acaba sendo mal-explorado, e servindo sim para aumentar o preço final da experiência total do jogo. Você paga por cerca de 80 do jogo, e depois vai pegando de 5% em 5% numa forma de pseudo-extorsão em partes para ter a coisa completa.

Eu não tenho acesso ao expediente destas empresas e nem seus gastos, para dizer se eles fizeram um investimento maior no jogo ciente de que seria um projeto expandido por meio de DLC, mas a impressão que dá, em muitos casos, como Tekken vs. Street Fighter, é que o jogo foi realmente um projeto unificado, ficou todo pronto antes do lançamento, com os personagens "extras" já dentro do orçamento do jogo normal, sendo meramente cortados ao fim para serem empurrados como DLC depois.

É uma pena ver isto, um conceito como o DLC, que oferece tantas possibilidades, e que poderia ser tão bom, acaba ficando com péssima reputação.

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Blog criado e mantido por C. Aquino

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