Retina Desgastada
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9 de dezembro de 2012

Jogando: Vivisector (Conclusão)

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Vivisector: Beast Within é a Surpresa do Ano. Não porque seja um excelente título, mas porque eu não estava esperando nada do FPS. Eu queria um título curto, violento e de tiro em primeira pessoa como se fazia antigamente e Vivisector entregou isto e um pouco mais que fez a diferença. Palmas para a Action Forms e desculpas pela primeira parte da análise meio rabugenta.

Porém, se houvesse um "prêmio" para Pior Primeiro Nível de um Jogo, este aqui ganharia sem dificuldades. Nenhuma das feras irritantes que aparecem no primeiro nível retornam para o jogo (incluindo não apenas o insuportável Gorila-Morteiro, mas também alguns subchefes interessantes, como o Rinoceronte-Tanque). A arquitetura pouco inspirada das primeiras arenas cede lugar logo a paisagens e prédios colossais de tirar o fôlego. As cutscenes se tornam muito menos freqüentes, assim como as "armadilhas" que teleportavam inimigos a cada vinte passos. Vivisector acha seu ritmo após a primeira hora de jogo, nos apresenta algumas sequências de ação que flertam com o estilo cinemático que se tornou uma praga posteriormente, mas sem abusar do recurso, e esfria só um pouco perto do final. Se você sofre de medo de altura, é melhor passar batido porque alguns cenários podem ser perturbadores.

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Se a princípio eu acreditava que o tema do Doutor Moreau era só uma desculpa esfarrapada para justificar a presença de monstros e quimeras, o enredo mostra que entendeu o cerne do livro e coloca tragédia e drama na receita do FPS tradicional. Nada muito complexo, mas há algumas figuras fadadas à desgraça, apunhaladas pelas costas, sacrifício, complexo de divindade e uma cena final de arrepiar a espinha. Vivisector teve grandes chances de explorar mais o aspecto psicológico de seus participantes, mas aí já seria pedir muito. Indeciso entre ser uma diversão despretensiosa e uma dissertação sobre o que separa a humanidade da selvageria, o título não consegue ser tão bom quanto um The Suffering: Ties That Bind e nem tão descerebrado quanto um Turok Evolution.

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Uma das decisões mais lamentáveis do jogo é o sistema de facções. Não há um sistema de facções. Embora a ilha misteriosa esteja atravessando uma guerra sangrenta entre as criações do Doutor Morhead e os soldados humanos e seu protagonista troque de lado ao sabor do vento, não importa quem ele esteja teoricamente ajudando, ele terá que meter bala em todo mundo todo o tempo. Você pode conversar com o líder dos Homens-Animais, ajudá-lo e ser ajudado e ainda assim os Homens-Animais vão querer o seu sangue. Você pode conversar com o General que comanda os soldados da Ilha, seguir suas instruções, receber autorização para abrir portas, mas seus soldados vão continuar atirando em você. Existem justificativas baratas para os dois casos, mas é óbvio que a Action Forms quer mais é mostrar seu impressionante sistema de destruição de corpos. O protagonista, que segue a linha dos que quase nada falam, não parece se importar com a carnificina insana. Não é pra menos: matar também restaura um pouco da vitalidade do personagem.

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Se um tom trágico e pessimista, mais o sistema de danos são os dois primeiros pilares onde o jogo se apóia, o terceiro é sem dúvida a qualidade das armas, primordial em um bom FPS da velha guarda. Além das 9 armas de 1-9 com diferentes impactos e funções, a maioria delas tem funções alternativas. O mesmo botão que ativa a Escopeta, se pressionado de novo, troca pela Escopeta de Dois Canos. A M-60 tem uma irmã que é um Howitzer com mira telescópica. O Rifle de Precisão tem uma outra versão que atira balas perfurantes de blindagem. Afinal, soldado que carrega nove armas pode muito bem carregar dezesseis. Para uma ilha tropical tão vasta que tem linha de trem e regiões nevadas, tudo é permitido.

No final das contas, Vivisector: Beast Within acaba sendo o trabalho mais maduro da Action Forms até então, um estranho FPS situado na fronteira entre o old-school de Duke Nukem 3D e seus similares e as novas tendências que pegariam fogo logo em seguida. Quatro anos depois, a empresa abandonaria o cenário dos FPS e mergulharia fundo no mercado dos survival horror, com o elogiado Cryostasis. Vivisector não está disponível no Steam, mas pode ser encontrado no Gamersgate por US$9,99.

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Pontos Positivos de Vivisector: sistema de danos, armas caprichadas, enredo trágico. Pontos Negativos de Vivisector: primeiro nível de péssima qualidade, dublagem com forte sotaque ucraniano, protagonista insosso.

Ouvindo: DJ Morgoth - Driving With My Monster [And One vs. The Automatic]

4 comentários:

Ed R M disse...

Legal saber que esse jogo existe, pois certamente nunca vou me da ao trabalho de tentar jogá-lo. :-P

Mudando bruscamente de game(s), não posso deixar de comentar: além da escolha acertadíssima de The Walking Dead para Goty ("it's evolution, baby"), o VGA Spike TV Awards escolheu Borderlands 2 como FPS do ano! Merecidíssimo por sinal. E melhor multi player. E melhor perfomance de voz masculina para o dublador do vilão. E melhor persoagem para o Clap Trap! (escolhido pelo público, mas mto acertado também).

(Não pude deixar de mencionar pois lembro bem da sua resenha "rabugenta" do Borderlands 1 Aquino, hehehe).

Uma vez entendida a decisão de design de fazer inimigos ter respawn infinito e os saves te levarem ao último checkpoint (devido ao fato do game ser projetado desde o início como um título "coop drop in drop out", assim como Diablo 2 ou 3), Borderlands 2 é, pra mim, sem sombra de dúvida ums dos melhores shoooters, desde, sei lá, sempre. ;-)

Por um lado, o jogo é bastante similar ao primeiro em muitos quesitos, então quem não gostou nem um pouco daquele não irá gostar também da sequência (então aconselho que nem perca seu tempo).

Por outro lado, as pequenas melhorias e analisando o pacote completo (o já mencionado coop drop in drop out, o sistema de level up / skill trees/classes, o design de armas e os efeitos elementais - que requerem um abordagem mais tática para alguns tipos de inimigos - assim como as modificações criativas para as granadas, a variedade visual e de design de niveis abertos e fechados - sendo que alguns lugares são totalmente opcionais - bem como quantidade absurda de easter eggs, as partes com os veículos, o comportamento e inteligência artificial dos mosntros e inimigos - e o glorioso caos que ocorre quando se enfrenta 4 tipos diferentes de inimigos ao mesmo tempo em números elevados-, o humor que, dessa vez, verdadeiramente funciona na maioria das vezes entre outros aspectos) eu diria que é uma mistura fantástica de tendências "old school" e "new school" que funciona perfeitamente.

Eu até me suspreeendo por gostar tanto de um FPS (mesmo jogando na maior parte do tempo em single player qdo, reitero, ele é pensado pra ser coop), mas IMO, é inegável que se trata de um game Divertidíssimo. Sim com D maiúsculo. E, me arrisco a dizer, muito provavelmente, um dos melhores shooters desde Quake.

(Halo? O Que é isso? Música da Beyoncé? :-D )

Fim da mini-resenha apressada :D (Desculpe ter sido tão off-topic, mas eu *realmente* acho que sua análise bastante "fora de foco" do 1º BO foi um grande desserviço para o jogo, muito mais do que "apenas" uma opinião em um blog pessoal, Aquino).

Ah, e vá jogar The Walking Dead, Aquino, creio que você vai adorar!!! E será também uma "desculpa" para entrar na questão "filosófica" de "o que faz de um jogo, bem, um jogo", se você quiser, hehe ;P.

Bill Kilgore disse...

Até agora não entendo como alguém acha que é merecido o Clap Trap ganhar um prêmio de melhor personagem. Ainda mais concorrendo com quem estava concorrendo.

Assim como a questão da dublagem, que foi ridícula em comparação com a de Max Payne.

Além disso, Borderlands é mais uma série de jogos que imita Call of Duty: história fraca, nenhuma mudança radical e que só se torna jogável caso seja jogado no multiplayer.

Enquanto isso, jogos extremamente bem feitos e que tiveram alguma importância para suas respectivas séries não receberam sequer um prêmio. Esse é o VGA. :D

Bill Kilgore disse...

Este comentário foi removido pelo autor.

Kraion disse...

Lembro de jogar esse jogo há uns dois anos atrás, infelizmente eu não cheguei a terminar(nem lembro o por que de ter parado, acho que enjoei depois de uma certa altura, mas não devia ter desinstalado-o), mas esse jogo é muito divertido de ser jogado na maior dificuldade possível, o FPS mais difícil na minha opinião. Muito bom.

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