Tanques na Neblina

Depois que a Microsoft largou a série Close Combat, esta não se deu por vencida e continuou a guerra, entocada em sua trincheira por anos a fio, sem mudar quase nada de sua jogabilidade ou seus gráficos. O último título da franquia que joguei se tornou um distinto membro de minha lista de favoritos, o excelente Close Combat V. Agora, a Matrix Games, detentora dos direitos da marca, anuncia a chegada do oitavo jogo, Close Combat: Panthers in the Fog.

Os desenvolvedores originais, a Atomic Games, foram adquiridos por outra empresa, que vendeu a marca Close Combat e colocou o pessoal para trabalhar em outras coisas. Depois da controvérsia de Six Days in Fallujah, seu lançamento mais recente é um FPS multiplayer genérico. Enquanto isso, a Matrix Games foi levando a franquia adiante com remake após remake. Desta vez, ao contrário das encarnações anteriores, este não é um remake de nenhum dos títulos do passado, e traz uma campanha inédita.

Panthers in the Fog retrata o contra-ataque alemão em Mortain, quando, durante seis dias de batalha, os famigerados Panthers nazistas tentaram reverter a Invasão da Normandia. A História nos conta que não deu certo e o mundo se tornou aquilo que conhecemos hoje. Como em todos os jogos da série, é possível conduzir tanto as tropas dos Aliados quanto as forças do Eixo, então você terá a oportunidade de reproduzir a resistência dos soldados americanos ao avanço dos blindados ou esmagar os ianques nas esteiras dos gigantes de aço...

Se a campanha é nova na franquia, o mesmo não pode se dizer da forma de jogar. A Matrix Games aposta na ideia de que não se mexe em time que está ganhando e o novo título tem pouquíssimas novidades em relação aos anteriores. Na verdade, olhando rápido é impossível perceber qualquer evolução no aspecto gráfico e o trailer só mostrou uma tela que nunca vi antes, provavelmente o tão falado comando estratégico das batalhas. Desde os anos 90, as mudanças na série foram bem gradativas. A desenvolvedora tem a cara de pau de listar entre as funcionalidades que "comprovados modelos psicológicos influenciam o comportamento de seus homens em combate", uma característica que já existia no primeiro Close Combat, em 1996... Em anúncio oficial, eles garantem que este será o último título que não é em 3D, o que pode injetar um novo vigor na marca. Ou afundar o barco.

O maior entrave para a sobrevivência da série nem chega a ser a preguiça da Matrix Games em criar novidades, mas a forma de distribuição. Nenhum jogo da série Close Combat está a venda em nenhuma outra loja de distribuição digital além da própria loja da Matrix Games. Que cobra preços exorbitantes. O novo Panthers in the Fog está custando US$39,99, o que não é tão caro assim para um lançamento (ainda que com uma engine dos anos 90). Mas este patamar de preço irá se manter por anos a fio. Close Combat: Cross of Iron, de junho de 2011, está saindo por US$25,99 em preço promocional, com desconto de 35% até Janeiro. Para se ter uma ideia dos valores praticados pela produtora, Steel Panthers: World at War, outro jogo de estratégia com tanques germânicos, lançado em 2000, está custando hoje US$45,99. A Matrix Games encontrou seu nicho de mercado e está determinada a arrancar o couro dos amantes de estratégia militar.

E você achava que o Origin era um descalabro.

Ouvindo: Lacuna Coil - I Like It