Retina Desgastada
Idéias, opiniões e murmúrios sobre os jogos eletrônicos
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2 de janeiro de 2012

(não) Jogando: Giants - Citizen Kabuto

Giants - Box Giants - Citizen Kabuto tem o valor histórico de ser o primeiro jogo que eu ganhei para avaliar. O camarada Magaiver é tão fã do título que teve a gentileza de me oferecer uma licença através do GOG para que eu pudesse conhecer e fazer uma análise. Lisonjeado, aceitei o presente com uma condição: se eu gostasse do jogo, eu iria retribuir com outro título. Esta postagem lamentavelmente é uma longa explicação de por que eu não irei pagar outro jogo de volta...

Direto ao ponto: Giants é um jogo difícil de dominar. Como criticar um título pela minha inabilidade de avançar não é uma atitude muito digna, vale dizer que o jogo tem um bom punhado de qualidades e uma igual quantidade de decisões de design que funcionam como obstáculos desnecessários à experiência.

O primeiro título da Planet Moon Studios apresenta um estranho planeta plano dominado por gigantescos oceanos e modestas ilhas e disputado a tapa por diferentes raças. Existem os Meccaryns, na verdade cinco alienígenas de sotaque britânico que caem no planeta por acidente e só querem arranjar uma forma de ir embora para curtir suas férias. Eles usam e abusam de armas tecnológicas, incluindo jetpacks, que são uma ótima adição em quase qualquer jogo. Existem também as Sea Reapers, bruxas do mar que comandam criaturas e lançam feitiços. Elas são as antigas soberanas do planeta. E existe o cidadão Kabuto do título, um gigante monstruoso criado pelas Sea Reapers e que fugiu do controle. Kabuto não precisa de armas nem de magias, seu tamanho e sua força o tornam o equivalente da vaca gigante de Black & White.

O que a princípio pode parecer um jogo de estratégia convencional, de estratégia tem muito pouco e de convencional tem menos ainda. Para começar, o humor permeia o título desde o primeiro minuto, com a patética queda dos Meccs. Os outros habitantes nativos, os Smarties, não são nada espertos. Esse povo pacífico e atrapalhado serve como aliados dos Meccs, escravos das Sea Reapers e comida para Kabuto. Gerenciamento de recursos e construção de estruturas não é muito importante para o jogo. O importante mesmo é a diversão.

Meccaryn Entretanto, para que você possa curtir as hilárias interações entre os personagens, você precisa atravessar a jogabilidade. A primeira parte, dedicada aos Meccs, se assemelha a um título de ação despretensioso, com bastante tiroteio e muitos inimigos na tela ao mesmo tempo. Existem decisões táticas para serem tomadas e encarar tudo de peito aberto é o caminho certo para a morte. Um bom equilíbrio entre os diferentes tipos de armas e equipamentos fazem a diferença, assim como escolher o melhor caminho para atacar uma base inimiga. É preciso morrer um bom número de vezes para aprender os perigos de cada cenário e contar com a sorte em alguns momentos. Seus aliados tem pouco valor na hora do combate e não é recomendado ficar parado mais do que um segundo na mesma posição.

Uma das pragas mais irritantes dos jogos eletrônicos são os pontos de respawn, construções ou outros elementos do cenário que cospem infinitos oponentes até que você os desative, geralmente após muitos tiros. No primeiro terço do jogo, você irá encontrar muitos deles. Some a isto a inabilidade de salvar na hora que se quer e temos uma receita para repetidas batalhas em busca do confronto perfeito. Não sou daqueles que não deixam o botão de quick save esfriar, mas poder salvar entre um encontro hostil e o próximo teria me poupado algumas horas. E eu já mencionei que o jogo não oferece níveis de dificuldade? O Flash dos teclados e o garoto devagar do fundo da sala tem que passar pelos mesmos desafios.

Como resultado, eu me encontrava abrindo Giants - Citizen Kabuto todas as noites para jogar por 20 minutos. Cinco minutos avançando, seguidos de 15 minutos de incessantes reprises da mesma luta. Então, eu desanimava e ia jogar Killing Floor. Quando eu percebi que estava me forçando a voltar a cada dia em nome do camarada Magaiver, desisti. Com menos de um terço do jogo explorado. Graças a outra decisão da desenvolvedora, não é possível experimentar as campanhas das Sea Reapers ou do Kabuto fora da sequência. Em um título onde uma das alardeadas características é a diversidade nas três jogabilidades, essa é uma decisão equivocada. É, inclusive, possível que as demais campanhas sejam o que o jogo tem de melhor. Nunca saberei.

Kabuto em ação

Em muitos aspectos, o primeiro terço de Giants me lembrava o divertido Armed and Dangerous. Mas sempre perdia na comparação: Armed And Dangerous é MUITO mais engraçado e sua jogabilidade é mais tranquila, apesar de ter os mesmos problemas de salvamento e pontos de respawn. Para meu espanto, ao começar a pesquisar sobre a Planet Moon Studios, descobri que Armed and Dangerous foi o segundo jogo deles, o sucessor de Giants! A evolução é palpável.

Armed and Dangerous

Então, desculpa aí, camarada. Eu tentei.

Ouvindo: Nick Cave - I put a spell on you

18 comentários:

Marcos A. S. Almeida disse...

E tinha um vizinho fanático por jogos e por vêzes via ele jogando alguns títulos que eu nunca poderia jogar devido á minha modesta configuração de PC.Vi ele jogar MDK2, The Settlers, Age of Empires e GIANTS of CITIZEN KABUTO.Este específicamente tinha gráficos maravilhosos, uma jogabilidade que nunca tinha visto e me parecia divertidíssimo!Alguns anos mais tarde ,pude finalmente comprar um pc com placa gráfica e fiquei com vontade de reviver esses momentos, mas jogando no meu próprio pc.Entre os que instalei estava Giants e comecei a jogar e no desenrolar do jogo percebi que o encanto já não era o mesmo...Acho que os jogos , apesar de toda a qualidade técnica que um título possa ter, têm um impacto diferente de pessoa pra pessoa.Por vêzes o mesmo jogo nos impacta de forma diferente em épocas diferentes.Ou até consegue nos impactar da mesma forma em épocas diferentes, mas isso tudo é uma experiência bem pessoal e única.Por exemplo: ainda hoje eu consigo me divertir com Super Metroid de SNES , mas já não me encanta como antes o Starcraft, título que joguei com todas as raças, e toda a expansão Brood war.Giants é ótimo jogo - acho que na época era obrigatório ter uma Riva TNT de 32MB para rodá-lo - e que encanta o Magaiver, mas essa mesma magia, infelizmente, não contagiou o Aquino.Tudo o que estou dizendo é o óbvio, mas por vêzes não nos damos conta disso , vide a minha insistência em recomendar o RE4.

JC disse...

Bem, apesar de confirmar todos os pontos negativos que vc citou, confesso que senti uma dor no coração ao vê-los assim tão bem descritos junto com o relato de alguém que se esforçou pra jogar mas não conseguiu supera-los (tbm nunca terminei ele U_U). Engraçado que quando te via jogando (o jogo não-steam) no steam imaginei que fosse um fanzaço desse clássico quase desconhecido.hehe.
Tenho o game em mídia física (2Cd's lançados pela Fullgames) até hoje e o guardo com carinho na coleção, no entanto também não consigo joga-lo por muito tempo atualmente, mas isso não o torna necessariamente ruim ou injogável. Acho que ele apenas ficou datado, mas ainda é um excelente título: criativo (e bastante experimental, como só se via no PC na época)cuja jogabilidade se divide em 3 partes distintas (Ação/Estratégia com mercs e aquela raça azul e ação monstruosa com direito a câmera na boca do "simpático" Kabuto).Pena que a maioria desiste antes de chegar a controla-lo). Junto com o roteiro totalmente galhofa estilo MDK e A&D seria uma mistura perfeita, mas tem um nível de dificuldade bastante perverso e falhas na jogabilidade que só aumentam, no entanto pra época era sensacional. Pena que realmente hoje não dá.

Jimmy666 disse...

Cada pessoa tem um gosto mesmo.
Eu por exemplo, não consigo entender como pessoas passam horas na frente do PC jogando jogos de corrida ou futebol...(e olha que adoro futebol).
Mass Effect 1 é um jogo que muitos adoram.Eu já baixei 300 vezes e tentei jogar mas não tem jeito, vai entender?

Anônimo disse...

Ei aquino passa o nome dos jogos que ficam aparencendo a cada dia no cabeçalho do teu blog,

Valber disse...

E a versão de PS2, que foi um port , TEM opção de salvar a qualquer momento... ja tentei jogar Giants, e assim como Aquino, tambem nao consegui passar da fase dos Meccs. Talvez ate tente futuramente.

Realmente, alguns jogos tem uma decisão de design estranha, que torna o jogo mais frustante que divertido sem necessidade. Vou dar outro exemplo: Mafia, jogo de 2002, semelhante a GTA, mas com ótima narrativa. Vc passa a maior parte do tempo dirigindo carros com velocidade media de 40km/h, ate que de repente é jogado em uma corrida obrigatoria na missão principal. Se perder a corrida, é "gameover". Os carros derrapam na pista como sabonete, e pra quem nao tem costume com jogos de corrida, é muito frustrante. Tem a opção de ajustar a dificuldade da corrida para "very easy", e so consegui passar dessa fase assim, e ainda sofri pra passar.

Marcos disse...

o multiplayer desse jogo é fodinha

Breno disse...

Aquino: Tente jogar Outcast.

Breno disse...

Valber: Mafia é incrivel! Tente jogar essa corrida na dificuldade Easy!

Poa Kli-Kluu disse...

Nossa Breno, eu tenho outcast em mídia física! Recebi de presente um tempo atrás de um amigo, joguei muito pouco, e tenho vagas lembranças deste título. Quem sabe eu não volto a jogar qualquer dia.

Marcos, acontece comigo também, acredito que aconteça com todas as pessoas. Jogos como Fire Emblem, Zelda, Megaman X, Top Gear, dentre muitos outros que uma vez que jogamos novamente, sentimos um arrepio e vemos nossa infância correr em nossa frente, eles são agora parte de nós. Isso acontece comigo principalmente com Ragnarök Online, Legend of Mana e Gran Turismo. Eu fiz um post sobre isso em meu blog, não vou colocar link para não ficar parecendo que estou fazendo merchan. Basta clicar no meu nome aqui nos comentários mesmo e ir no único blog que tenho no perfil. É um dos posts do mês de Dezembro e se chama "Top Gear, Gran Turismo e Infância".

C. Aquino disse...

Para facilitar, a postagem é essa: http://nostalgico-allstar-vermelho.blogspot.com/2011/12/top-gear-gran-turismo-e-infancia.html.

E pode colocar link!

Jimmy666 disse...

To velho então, pra lembrar a infância tenho que jogar Frostbyte no Atari ou Phantasy Star no Master System...
Eu tinha um gameboy tb, mas poucos jogos me vem à lembrança... me arepiava a musica da abertura de Fortress of Fear:
-
http://www.youtube.com/watch?v=dAGeVuMHoKI

Eder R M disse...

Aquino, assino em baixo a recomendação do Breno: jogue "Outcast". Jogue mesmo. Jogue agora: http://www.gog.com/en/gamecard/outcast

Alias, se eu soubesse como enviar gifts pelo Gog.com (precisa de username? e-mail?), eu até te daria de presente, já que terminou o saldão de fim de ano e me restaram alguns dólares no saldo do Paypal.

Para quem gosta de action/adventure (com toques de RPG) com foco na história, profundo backstory, interação com NPCs, progressão não-linear e liberdade p/ o gamer, é um jogo simplesmente essencial. Aliás, para mim, ainda hoje o Outcast é uma aula de design para muitos jogos atuais.

E o efeito de água, para a época, é magnífico.

C. Aquino disse...

Pra constar, eu tenho Outcast naquela velha versão em CD... nunca abri, mas devo dar uma chance em 2012.

C. Aquino disse...

Jimmy, Frostbite era meu favorito!

Jimmy666 disse...

Frostbite eu jogava com 9 anos!
Naquela época eu chegava numa parte que a velocidade ficava insana!
Bela época em que um jogo divertia com conceitos tão simples!

Eder R M disse...

Legal Aquino. :)

Só um aviso:a versão em CD é problemática pra rodar no Win Vista/7 (mas não impossível, acho eu).
A do Gog vem com alguns problemas resolvidos, e com o adicional de existir um mod no fórum do jogo na página do Gog que permite aumentar a resolução, que era baixíssima na época, só que se não me engano creio que esse mod só funciona nessa versão do Gog.

C. Aquino disse...

Valeu pelo aviso! Meu Windows ainda é XP, mas fiquei interessado nesse mod. Quando eu jogar, vou testá-lo.

Breno disse...

Infelizmente o mod só é compativel com a versão gog!

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