Retina Desgastada
Idéias, opiniões e murmúrios sobre os jogos eletrônicos
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10 de setembro de 2011

Choque do Futuro

A despeito do que eu penso sobre demos, ocasionalmente eu me sinto impelido a experimentar títulos que podem ser comprados um dia. Desta vez, fui atraído pelo hype de Hard Reset e pelo peso de décadas embutido em Warhammer 40,000: Space Marine. Em comum, os dois jogos tratam sobre o futuro. Em comum, ambos possuem demos que não me empolgaram...

Corredor de Robôs

Hard Reset é a primeira cria da Flying Wild Hog, um estúdio da Polônia formado por ex-integrantes do time de desenvolvimento de Painkiller e outras empresas. A herança é evidente em dois fatores: excelentes gráficos e jogabilidade pouco inspirada.

Hard Reset 03

Logo de início eu descubro que este é possivelmente o primeiro jogo em que eu não preciso configurar nada nas Opções! A resolução de tela é a mesma do meu monitor, os controles estão do jeito que eu gosto, o mouse funciona maravilhosamente bem. Um bom começo. A trama de fundo é contada através de quadrinhos, um toque elegante bem executado (ao contrário da tentativa patética vista em Zombie Driver). Na verdade, a introdução é tão bacana que eu deixo ela rolando mesmo depois que o jogo já carregou e me pede para apertar qualquer tecla para pular.

Hard Reset 01

Quando o jogo finalmente começa, o framerate me espanta. Excelente! E meu computador está longe de ser topo de linha. Mas o anti-aliasing não está bom. Tem bordas serrilhadas em várias partes do cenário. Ativo a opção no menu e o framerate cai. Volto ao serrilhamento e depois de um tempo até esqueço que ele existe. Prefiro um jogo fluido do que certas frescuras gráficas. De uma forma geral, a engine criada pela desenvolvedora é um primor. Pena que a direção de arte se esforça em repetir os velhos clichês de Blade Runner e acaba fazendo feio diante de um trabalho mais rebuscado, como o novo Deus Ex, por exemplo, ou mesmo o surrado Judge Dredd. Falta personalidade em Hard Reset: as duas armas principais acoplam diferentes funções, mas não tem a atratividade de armas "de verdade"; o menu de upgrades lembra os menus de Dead Space; os inimigos mecânicos não parecem intimidadores; a mecânica de explodir paredes para revelar áreas secretas foi resgatada da época de Duke Nukem 3D e Blood.

Hard Reset 02 Hard Reset 05

Com a proposta de honrar os clássicos FPS do passado, com hordas de inimigos, muitos tiros, explosões e história irrelevante, ele termina sucumbindo diante da linearidade excessiva e de oponentes desinteressantes. Existe no jogo a opção de ativar uma seta que indica o caminho, mas não consigo imaginar um ser humano capaz de se perder no longo corredor entre prédios que o demo oferece. Apesar de oferecer a opção de atingir pontos do cenário que podem provocar reações destruidoras sobre seus inimigos, a Flying Wild Hog parece se esquecer que o jogador gosta de atirar DIRETO no inimigo. Eu pelo menos acho mais divertido. Lembra quando você acertava um monstro em Painkiller usando a arma de estacas e ele voava para trás ou era pregado na parede? Esqueça. Estes não são os ex-integrantes da equipe de desenvolvimento que tiveram esta sacada. Acertar um oponente em Hard Reset não causa o mesmo prazer, em momento algum. Talvez porque atirar em robôs não seja tão legal quanto destruir monstros infernais ou talvez porque as armas não sejam impactantes. Nota zero no quesito shotgun

E também não tente correr em Hard Reset. O personagem principal, apesar de ser evidentemente um cyborg, não consegue manter o ritmo por mais de quatro segundos. E quando a "corrida" termina, você percebe que ele não foi muito longe, já que sua velocidade tem um aumento de no máximo 20%. Tudo habilmente camuflado debaixo de um efeito de distorção, como se o protagonista fosse um carro em alta velocidade em uma highway de San Andreas.

Hard Reset 04

Se existe algo mais atrativo no jogo, ficou de fora da demo.

Pelo Imperador?

Space Marine traz consigo a responsabilidade de retratar o universo brutal de Warhammer 40K. O desenvolvimento ficou por conta da Relic Entertainment, responsável pelas séries de estratégia Dawn of War (ambientada no mesmo universo) e Company of Heroes e lembrada com carinho pela franquia Homeworld. Em outras palavras, uma equipe de talento reconhecido... no ramo da estratégia. O único título de ação foi o obscuro The Outfit, de 2006. O que a Relic entrega aqui é um festival de cliques de doer o dedo e bagunçar a tela com sangue e tiros.

Space Marine 02

Graficamente o demo também é impecável, com a vantagem de fluir tranquilamente em minha máquina usando o antialising e empurrando cinco vezes mais inimigos simultâneos que Hard Reset. Muito dinheiro envolvido no desenvolvimento faz uma diferença... percebe-se também na orquestração, quando a música do menu já aguça a vontade de pegar minha armadura, minha faca de combate e trucidar Orks. Eu posso até não comprar Space Marine, mas a trilha sonora está na minha mira.

Space Marine 03

O demo não tem uma introdução e apresenta duas missões. O pouco que eu conheço do universo de Warhammer 40K está presente mesmo assim e o primeiro cenário da primeira missão causa uma excelente impressão logo de imediato. Uma vasta paisagem industrial, futurista e ao mesmo tempo alienígena, com os sinais da guerra no horizonte. A armadura usada pelo Space Marine passa a sensação exata de pesar uma tonelada de brutalidade metálica, cada passada é um estrondo. E ele corre, sem limite de tempo. Lamentavelmente, sou empurrado por largos corredores entre as estruturas logo em seguida e já sou envolvido na primeira luta contra os invasores. Daí pra frente, não tem cenário fantástico, não tem trilha sonora, não tem enredo, não tem mais nada além de clicar e clicar até a horda ser debulhada em um mar de sangue. Na maioria das vezes, eu nem sei direito o que estou fazendo. Não deixa de ser divertido, mas é muito repetitivo.

Space Marine 04 Space Marine 05

Na segunda missão, mais curta, somos apresentados ao Jet Pack. É o que o demo tem de melhor. O aparelho muda bastante a perspectiva de batalha. Pela primeira vez, eu me sinto uma máquina de destruição tática e não um apertador de mouse. Com o Jet Pack, é possível pairar sobre os inimigos e escolher um ponto para descer com todo o peso da armadura sobre os infelizes. O resultado é devastador, desorientando os Orks e os tornando presas fáceis para a motosserra. Mas alegria de pobre dura pouco e esta missão é interrompida abruptamente no demo.

Space Marine 01

Fica a impressão de Space Marine pode ter uma história que vale a pena acompanhar. A inteligência artificial dos outros membros do esquadrão é aceitável, mas tenho certeza de que suas armas causam 10% do dano das minhas, já que o trabalho duro fica mesmo na mão do protagonista. Com menos confusão na tela, talvez algum efeito de slow para realçar a violência de cada golpe e comandos táticos para o resto do time, Space Marine seria perfeito. Mas o que o demo oferece promete apenas uma jogabilidade cansativa a longo prazo.

Ouvindo: Backandtotheleft - The Land of Make-Believe

2 comentários:

Nobody_joe disse...

Joguei a demo do Hard Reset e achei bem legal, gráficos bonitos e leves, destaque para as ótimas texturas.Mas acho que o jogo final irá ser mega repetitivo, pois a própria demo tem pouca variedade.

Nicholas Sthefan disse...

Joguei a demo do Hard Reset. Não me decepcionei com o game, porque sabia que seria algo como "só gráficos". Todas as notícias, publicidade, seu marketing inteiro foi direcionado ao gráficos e piadas relacionados aos consoles. Vi que, o game é mais do que isso, porém fica difícil ter uma conclusão, já que a demo mostra (para mim) muito pouco. O jeito é ver se sua versão final não é o que a demo mostra, e esperar ser melhor.

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Blog criado e mantido por C. Aquino

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