Retina Desgastada
Idéias, opiniões e murmúrios sobre os jogos eletrônicos
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6 de maio de 2011

Falando Sério

A paisagem é árabe, com prédios em ruínas marcados por dezenas de buracos de balas com qualidade fotorrealista. Há fumaça no ar e sinais de incêndio. O protagonista avança, com uma arma pesada nas mãos, esperando o inimigo dobrar uma esquina. Call of Duty? Medal of Honor? Battlefield? Quando seu oponente finalmente dobra a esquina, você percebe que está em um jogo muito esquisito...

Serious Sam 3 - BFE Serious Sam 3: BFE é o novo capítulo do legítimo herdeiro de Duke Nukem, o desbocado, violento e eficiente matador de alienígenas Sam "Serious" Stone. O jogo é um prelúdio para o primeiro título da franquia e mostra a última resistência da humanidade contra os invasores Mental, antes da trama enveredar pelas viagens no tempo vistas em Serious Sam: First Encounter e Serious Sam: Second Encounter. Seguindo a lógica, pressupõe-se que BFE signifique "Before First Encounter", mas dentro do universo louco criado pela Croteam, tudo é possível. Ao contrário do que muita gente pensa, Second Encounter não é Serious Sam 2. Serious Sam 2 é outro jogo, com uma nova engine, que mostra os confrontos do icônico herói contra os Mental em outros planetas. Então, Serious Sam 3 na verdade seria Serious Sam 4, mas esta história já está muito complicada.

KamikazeO importante na série é a quantidade absurda de inimigos exibidos na tela simultaneamente em batalhas enlouquecedoras através de cenários imensos. Tudo em Serious Sam beira o ridículo, o exagerado, com kamikazes sem cabeça (que gritam), monstros sem pescoço, chefes da altura de edifícios e esqueletos galopantes de búfalos de Sírio. Junte ao caldo as piadas infames contadas pelo próprio herói, mas bizarras homenagens feitas a fãs exibidos com cabeças imensas e sátiras a outros personagens de jogos e temos aqui uma mistura das mais divertidas. Se você já jogou Painkiller, você conhece a fórmula de Serious Sam: você entra em um ambiente amplo, as saídas se fecham, dezenas de inimigos surgem, a matança começa. Com a diferença que Serious Sam está fazendo isso desde 2001.

O primeiro jogo teve seu desenvolvimento iniciado em 1996 por um pequeno time de dez programadores da Croácia, seis deles funcionários efetivos e quatro contratados pro serviço. Este humilde exército de Brancaleone conseguiu criar sua própria engine, um prodígio de código capaz de renderizar quase cem inimigos ao mesmo tempo, gerar cenários quilométricos, carregar texturas detalhadas de cidades do Antigo Egito e ainda rodar suavemente em praticamente todos os computadores da época. Além de divertido, o primeiro Serious Sam era uma maravilha tecnológica e um colírio para os olhos. O resultado foi um prêmio de Jogo do Ano, concedido pelo IGN em 2001, entre outros.

Um ano depois, a Croteam lançou Serious Sam: Second Encounter, com a mesma engine. Era basicamente o mesmo jogo, com alguns inimigos novos, três armas inéditas, maior variedade nos cenários e algumas armadilhas de tirar o chapéu. Na verdade, era o primeiro jogo muito melhorado. Lembro com muito carinho de duas batalhas históricas contra mais de cem inimigos atacando em ondas consecutivas e o embate áreo com o chefe que era um elemental do ar... Em 2005, a Croteam viria com Serious Sam II, com uma nova e mais avançada engine. Porém, a recepção ao novo jogo foi fria. Explorando ainda mais o aspecto cartunesco do universo de Sam Stone e abusando de cores fortes, o título chegou em um momento em que a velha guarda dos FPS havia se tornado coisa do passado e a busca incondicional pelo fotorrealismo militar se tornado a nova tendência.

Por seis anos, a Croteam manteve-se quieta, liberando esporádicos rumores de uma nova franquia. Mas algo sinalizava que Sam não estava enterrado. Sem alarde, eles relançaram os dois primeiros jogos para a nova geração de jogadores, com gráficos atualizados para alta definição. Para minha surpresa, os croatas resolveram continuar com o personagem e seus inimigos, mas executar um giro de 180 graus na direção de arte. Acompanhe as mudanças:

ss SS2 Serious Sam 3 - BFE 03 Sem contar o Efeito Maquete na última tela, Serious Sam 3: BFE abandona a estética hipercolorida e vibrante da franquia em favor da aparência suja e sem vida de 11 em cada 10 FPS lançados atualmente. Eu não estou reclamando dos gráficos espantosos de Battlefield 3, mas quando um bastião da galhofa e do carnaval visual se rende ao lugar-comum, sinto que a diversidade está dando lugar a uma obsessão pelo mundo real. Considerando as críticas a Serious Sam 2 e ao fato que a Croteam sempre tentou vender sua engine para outras empresas, parece natural que eles queiram seguir o líder.

Serious Sam 3: BFE ainda não tem data de lançamento ou site oficial. Surpreendentemente a página do Steam é a principal fonte de informações, uma vez que o próprio site da desenvolvedora Croteam está desatualizado desde fevereiro. Com cinco telas reveladas até agora e sem mesmo um trailer, acho complicado de acreditar que ele saia no verão americano (junho/julho). Com o lançamento de Bulletstorm e a prometida vinda de Duke Nukem Forever, 2011 está sendo o ano do renascimento do FPS-moleque, da diversão sem compromissos e da saraivada de balas nestes alienígenas nojentos. "Come get some!".

Serious Sam 3 - BFE 02

Ouvindo: Alice in Chains - Angel Eyes

2 comentários:

Eder RM disse...

Pois é... pena que eles, aparentemente, se renderam ao visual mainstream. Mas pelo que li em algum lugar, o jogo não vai ter essa frescura de "cover" de muitos jogos atuais, em que você é obrigado a ficar, bem, em "cover" a cada poucos segundos... Saudade do tempo em q você até se escondia, mas ficava a maior parte do tempo se mmovendo pra todo lado feito louco enquanto tentava acertar alguam coisa. :P

Hawk disse...

Pelo vídeo recentemente liberado, gostei do que vi.

Se tiver ação frenética, com armadilhas e chefes gigantes, acho que será um sucesso.

Os gráficos também estão bonitos, sem aquele colorido exagerado que doem os olhos.

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