Violência: Congresso

Nos centros de governo, não faltam deputados e/ou senadores de conhecimentos limitados ou influenciados por determinadas vertentes ideológicas-religiosas que insistem em fazer a não-comprovada ponte entre jogos eletrônicos e violência, movidos de boas intenções ou apenas buscando auto-promoção.  Seja em Brasília, na Califórnia ou na Rússia. Essa perseguição faz parte do amadurecimento da mídia e é um rito de passagem pelo qual todas as outras já passaram em algum momento da História humana.

No mesmo dia em que foi proposto o famigerado projeto de lei PL-7320/2010, do Alfredo Kaefer - PSDB /PR, que tenta censurar os jogos eletrônicos, também foi proposto o projeto de lei PL-7319/2010, de autoria da deputada Sueli Vidigal - PDT /ES, com o mesmo objetivo. Como se um único projeto destes não fosse o suficiente para tirar a tranquilidade do cidadão de bem que tenta jogar os títulos que desejar, de acordo com seu próprio discernimento, dois foram apresentados por políticos diferentes, no mesmo dia. E ainda existe o Projeto de Lei do Senado 170/2006, sobre o mesmo tema e de autoria do senador Valdir Raupp.

Enquanto no Brasil não podemos contar com a mesma sensatez e ironia da Justiça americana, podemos, pelo menos, contar com a tradicional burocracia. O projeto PL-7319/2010 foi arquivado no final de janeiro.

E, para aqueles preocupados com a possibilidade de sua autora, a deputada Sueli Vidigal, voltar a insistir em sua "cruzada", existe o triste consolo de que ela mesma talvez perca seu mandato. A deputada que afirmou que alguns jogos "não levam em conta nenhum valor moral ou ético" é suspeita de "envolvimento em um esquema de lavagem de dinheiro, caixa 2 e coação de testemunhas."

Ouvindo: Oingo Boingo - Not My Slave