Retina Desgastada
Idéias, opiniões e murmúrios sobre os jogos eletrônicos
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12 de setembro de 2010

Jogando: Deus Ex (Conclusão)

Box E pensar que em 1° de Agosto eu escrevi: "(…) se Deus Ex não tivesse uma legião de elogios, ele já teria voltado para a prateleira". Admito. Estava errado. Deus Ex é uma experiência indispensável para qualquer jogador fã de RPGs ou de FPSs, um título que não pode ser pulado e que deve fazer parte do seu acervo. Gostando ou não.

Antes de prosseguir, permita-me confirmar: Deus Ex não é um jogo de tiro. Ele até permite que você tente jogá-lo como se estivesse em Doom, matando tudo que se move, usando foguetes, entrando nas batalhas de peito aberto. Faz parte da proposta de Deus Ex dar liberdade ao jogador para fazer o que bem entender, desde que não interfira no roteiro. Você tem granadas, metralhadoras, lança-chamas, escopetas e até armas de plasma ao seu alcance. Entretanto, abordando o título por este ângulo, você irá perder metade da diversão que ele pode proporcionar. E como jogo exclusivo de tiro, ele naufraga: munição escassa, velocidade baixa quando empunhando armas pesadas, inimigos mortíferos.

Seria Deus Ex, então, um RPG? Se levarmos em conta que você possui habilidades que podem ser evoluídas, NPCs para conversar e oferecer respostas diferenciadas, decisões a serem tomadas sobre o destino de alguns personagens, um conjunto de itens que podem ser equipados ou não, e missões bem definidas, eu diria que Deus Ex é um RPG.

Mas esta definição é insuficiente.

O que é Deus Ex? Deus Ex é um mundo, meu amigo. E suas escolhas.

Realidade Virtual

Você irá encontrar em outras análises pela web jogadores destacando o eficiente sistema de stealth do jogo. Outros vão te lembrar que este é um dos poucos títulos que pode ser jogado do começo ao fim matando apenas uma pessoa. Outros vão te contar que é possível deixar viva até esta pessoa, permitindo vencer sem uma única baixa! Há quem goste de destacar o clima de distopia, as tintas escuras. Outros falarão de seus NPCs inesquecíveis.

Eu prefiro falar de conversas entreouvidas. De um diário encontrado embaixo de um travesseiro contendo uma história de amor irrelevante(?) para o destino do mundo. De personagens que reagem espontaneamente a atos que você realizou. De vendedores de flores nas ruas de Hong Kong. De mendigos que lutaram e perderam guerras. De garçons com discurso político. De turistas oportunistas "extorquindo" seu dinheiro. De crianças com vidas sofridas que entregam grande segredos em troca de um chocolate. De uma família destruída pela falta de diálogo e pela vida. De um homem de negócios desesperado para salvar a vida de sua esposa. De um fuzileiro irritado, de um piloto que gosta de bebidas e de um sujeito que estudo contigo na Academia e agora fica sentado na recepção...

Deus Ex 02Deus Ex é um mundo de detalhes. Mais importante do que a bizarra trama central, com suas profundas conotações de extrema direita, são estes retalhos de vida alheia que compõem uma das mais palpáveis realidades virtuais que eu já visitei. Faça um favor a si mesmo e não atravesse o jogo de metralhadora em punho como se estivesse em Quake. Ande devagar, escute os outros. Abra os livros. Explore o cenário. Deus Ex não se impõe ao jogador, permitindo que ele o utilize da maneira que achar melhor e, justo por isso, suas nuances não estão visíveis de imediato. É preciso investigar. Mesmo a trama principal e suas reviravoltas fazem mais sentido quando os detalhes são capturados previamente, de forma que alguns fatos poderiam soar abruptos se você não estivesse atento às minúcias.

Deus Ex 04Lamentavelmente, a partir da metade do jogo, esse cuidado com a caracterização vai sendo substituído por sucessivas infiltrações, combates e explanações diretas do enredo. Você se agarra ao jogo tentando capturar qualquer outra faceta que não esteja clara, mas elas desaparecem e o título vai se tornando transparente e, pode-se dizer, lugar-comum. A vivacidade das ruas se esvai e o que sobra são NPCs sujos envolvidos com o enredo até o pescoço ou simples soldados-obstáculos sem diálogos ou personalidade.

Deus Ex é Você

Palmas para a equipe de programadores comandada por Warren Spector. Poucas vezes eu vi um jogo capaz de gerenciar tantas escolhas, tantos estilos de jogar ao mesmo tempo. Como se fosse um mundo real, Deus Ex está preparado para reagir a qualquer abordagem que você faça de suas missões, não importa o quão improvisada seja. Se você for uma máquina de matar, seus aliados vão se referir a você de um jeito completamente diferente do que fariam se você bancar o pacifista. Os diálogos são projetados para isso, tão naturais que você pode acreditar estar conversando com uma inteligência artificial autêntica. NPCs importantes podem ser mortos e o jogo continua. Você pode explodir lugares importantes e o jogo continua. Deus Ex processa suas opções e segue em frente.

Apesar de dar suporte ao estilo matar-trucidar-mutilar, o jogo privilegia e incentiva o estilo sorrateiro de aproximação. São muitas ferramentas para o jogador que pretende seguir o caminho stealth. Deixar seus inimigos vivos e conscientes, ou derrubados, ou mortos, só depende de você. O desafio é infinito, viciante e quem estabelece as regras é o jogador. Ações tem consequências que podem assombrá-lo mais tarde, mas a opção é sua. Ao contrário de tantos títulos perseguidos, por exemplo, Deus Ex tem a violência que você traz para a arena.

Deus Ex 01Se o jogo se adapta à sua jogabilidade, o mesmo, porém, não pode ser dito de sua história. Apesar de seus três finais diferentes, o estilo do jogador tem pouca ou nenhuma influência no resultado final. A decisão definitiva pode ser tomada na última meia hora de jogatina e vai depender apenas de seus valores e crenças. E, neste ponto, Deus Ex peca por não oferecer a mesma variedade de abordagens presente desde o início. Três finais é muito pouco. Três finais pré-moldados é uma ofensa para um jogo tão aberto. Particularmente, não gostei de nenhuma das opções oferecidas e optei por aquela que me desagradava menos. Curiosamente, era a mais fácil de ser atingida também. O epílogo é curto e dá nenhum valor aos personagens secundários, descartados para dar lugar a uma explicação de um minuto (ou menos) do destino do mundo.

Em sua defesa, pode-se argumentar que outros RPGs possuem uma quantidade de finais alternativos igual e até menor. Mas, dada a grandiosidade almejada por Deus Ex e o vislumbre narrativo que Warren Spector criou, eu esperava muito mais. Talvez, um final verdadeiramente criado por mim.

Deus Ex deu um passo além daquilo que a Valve obteve com o primeiro Half-Life e é uma evolução significativa na forma de se contar uma aventura usando um FPS. Ou é um RPG em primeira pessoa que tentou criar um detalhado mundo sem elfos ou magia e desistiu no meio do caminho. Por suas ambições e seu papel histórico, Deus Ex merece um lugar na lista dos melhores de muitas publicações. Por não ter atingido todo o seu potencial, por flertar com conceitos paranóicos e extremistas, pelo final decepcionante, tenho que deixá-lo de fora de minha lista de favoritos.

Pontos positivos de Deus Ex: construção detalhada de uma realidade distópica, pequenos dramas humanos, jogabilidade aberta e modo stealth viciante e desafiador. Pontos negativos de Deus Ex: final insatisfatório, vilões caricatos, contexto politicamente perigoso. Nota final: 9,0.

Deus Ex - Augmentations Deus Ex - Skills 

Ouvindo: Apoptygma Berzerk - Ohm Sweet Ohm

18 comentários:

Marcos A. S. Almeida disse...

Aquino, como já disse anteriormente, você têm influênciado na minha escolha de jogos, por causa de seus ótimos textos e análises.Com DEUS EX não será diferente, mas como meu inglês é pobre , irei esperar a equipe da GAMEVÌCIO finalizar a tradução (que parece estar próxima)para experimentar MAIS UMA VEZ esse jogo.Mas confesso que a abordagem será a de um jogador de FPS, de preferência sem STEALTH ( ou com pouco pelo menos) e se possível, com mais HEADSHOTS.A customização do personagem e o aumento de suas habilidades são características com as quais já me acostumei, desde que não seja algo meticuloso ao extremo ( como um RPG tradicional), e ficarei atento ás conversas para melhor entendê-lo.Se com essa abordagem eu conseguir avançar no jogo ( e me divertir, é claro) estarei satisfeito.Caso contrário, meu amigo, desistirei de qualquer RPG e fim de papo!

Fagner P. disse...

Faço das palavras do Marcos, as minhas.

C. Aquino disse...

E quem disse que não tem headshots em Deus Ex? Por que você acha que meu único skill em nível Master foi Weapons: Rifle? Meu JC Denton era a própria Morte Vinda de Longe... eu me esgueirava dos que sobreviviam no cenário! Com modificadores de precisão e silêncio, o Rifle Sniper é imbatível.

Bruno disse...

É engraçado notar que a grande maioria escolhe o final do Helios na primeira vez. Dada as circunstâncias, as ambições da A.I. e frase que aparece antes dos créditos, isso diz algo sobre a natureza humana. Eu, como ateu, senti aquela frase como um soco no estômago. Lógico que não me converti por causa disso, mas é incrível como aquele final esfrega na nossa cara o que Morpheus (a A.I. na casa do Everet Morgan) disse sobre o desejo de julgamento humano. Quando falei com Morpheus, pensei: "Ridículo! Eu não sou assim!". Daí a sensação de soco no estômago.
Pior ainda foi descobrir a real razão das ambições da A.I.. Tudo aquilo, no fundo, é pq esta se sentia sozinha. Isto não lembra adolescentes fazendo o possível e o impossível p/ encaixar-se em algum grupo, sentir-se parte de algo? Até adultos fazem isso.

Os outros finais também são perturbadores. Tracer Tong diz no seu final que "vamos voltar a viver em vilarejos e cidades estados, que são compreensíveis às pessoas". Ou seja, o cara deseja uma nova idade das trevas por puro medo do progresso. O mesmo progresso que permite nossa sobrevivência como civilização. Não preciso nem dizer que este foi o final mais absurdo p/ mim.

Mas e aí, Aquino, o que mudou em relação a expectativa do Deus Ex 3?

José Guilherme Wasner Machado disse...

Ótima resenha, Aquino! Eu recomecei a jogar o Deus Ex influenciado pelos seus artigos anteriores aqui no Retina, e estou gostando muito! Valeu!

C. Aquino disse...

Prezado Bruno, eu acho impossível, repito, impossível que, dentro dos padrões atuais da indústria dos jogos eletrônicos, Deus Ex 3 siga o mesmo nível de qualidade narrativa do primeiro. Ninguém hoje em dia tem dedicação para criar jogos com tantos detalhes ou pontos sutis na história. Deus Ex 3, se tivermos sorte, terá um certo grau de liberdade de ação e uma trama cheia de conspirações. E só.

Quanto aos finais de Deus Ex, escolhi mesmo o de Helios, com certo amargor. É presunçoso. Mas acho que é o menos pior. Ou será meu ego? Segundo o cânone, a Era das Trevas é o final oficial, certo? Deus Ex 2 segue daí, se eu não me engano.

Breno disse...

O que foi que você não gostou nos finais... Para mim se os finais do jogo tiverem coerência com o roteiro eles são validos, e Deus Ex me fez pensar assim com os seus finais!Se você der muita liberdade para o jogador, poderá acabar perdendo um pouco do impacto da história.Isso me fez pensar em um dos final de Mass Effect 2.É um final bem produzido,porem com a profundidade digna de um filme de Transformers(sim, é uma qualificação negativa). Neste aspecto, Deus Ex consegue fazer o que muitos jogos não conseguem com os seus finais, que seria o debate em torno deles. Nos outros jogos, o debate se prende no "bom" final e no final "ruim". Quanto ao fato de você achar que a possível tendência direitista do jogo ser um ponto negativo,pense no filme "o encouraçado potenkim".Se Um dos marcos da história do cinema é um filme de esquerda, porque um dos marcos da história dos jogos não poderia ser um jogo supostamente de direita.. Para terminar, acho que você foi muito exigente com o jogo, querendo que ele fosse 1000x mais ambicioso do que já é,e acho até que você deveria telo incluído em sua lista de favoritos.Para terminar, sugiro você procurar um mod chamado The Nameless Mod,mas cuidado, o jogo tem umas 20 horas de duração somente em um modo de como você vai jogar,se você for escolher os dois modos lá se vão 40 horas em media de jogatina.

C. Aquino disse...

Muito bem colocado, Breno. Os finais de Deus Ex de fato se encaixam com toda a estrutura do jogo e, como já disseram, são um componente a mais para ilustrar a desesperança do cenário. Um final "positivo" não iria mesmo combinar com aquele universo. Neste ponto, acabei me igualando àquelas pessoas que não gostam de livros com "finais tristes"... Cada vez que eu posto sobre Deus Ex, comentários inteligentes aparecem vindos de todos os lados. Um jogo que suscita esses questionamentos (políticos, metafísicos, éticos) é, de fato, indispensável. Seja favorito ou não. Abraços!

Bruno disse...

Na verdade o final "oficial" é o do Helios mesmo. O desastroso Deus Ex 2 acontece alguns anos depois do final (Helios) do primeiro.

Agora, esse negócio de ser o menos pior é exatamente o ponto. Embora os motivos de cada um p/ escolher um dos finais sejam diferentes, qualquer um dos três finais que vc escolha primeiro diz muita coisa sobre sua psique (odeio esta palavra, mas na falta de uma melhor...).
E o fato de a grande maioria das pessoas que jogaram escolherem o final do Helios, indica que esta é uma característica intrínseca da natureza humana. Ou pelo menos da grande maioria de nós.

Agora com licença que irei gastar 40 horas da minha vida com este The Nameless Mod indicado pelo Breno.

Breno disse...

só corrigindo,o The Nameless Mod gira em torno de 20 horas,a questão é que existe um ponto no mod, nas horas iniciais onde você deve escolher um dos lados de duas facções. Então o jogo pode ser jogado por duas perspectivas diferentes(caso você veja as duas deve girar em torno de 40 horas),combinando com seu modo de jogo.Acho essa parte interessante no jogo e que faltou no proprio deus ex, pois você não pode continuar na UNATCO e ser algum tipo de "badass".

Léo disse...

Ae galera saiu a tradução pra portugues brasil ! Link~http://www.gamevicio.com.br/i/traducao/406-deus-ex-para-portugues-brasil/index.html

Dexter 2.2 disse...

Impressionante, que saiu a tradução justamente logo depois de você terminar de jogar, hehe parabéns ao pessoal que traduziu, meu amigo faz parte da equipe, ele disse que demorou muito tempo, que foi uma das mais trabalhosa.

Marcos A.S. Almeida disse...

A propósito Aquino , em qual nível de dificuldade você jogou Deus Ex?

C. Aquino disse...

Não me lembro. Mas geralmente, eu jogo no nível médio. E não tenho vergonha de começar tudo de novo em um nível mais baixo se o jogo estiver complicado (como no System Shock 2...). De Hard já basta a vida!

Éder R. M. disse...

Olá. Esse comentário se refere mais ao posto do "Deus Ex-tremismo", pois não concordo com várias coisas que você postou lá e sinto necessidade de falar.

Caro Aquino, você está a um passo de uma psicose. Sério. De "misturar" realidade e ficção. Deus Ex é uma obra de ficção e como tal, não se deve "acreditar" no que o jogo apresenta para construir sua história pois ele é, apenas, uma história ficional. Isso parece coisa de pais preocupados que filmes e jogos violentos possam "entortar" a mente dos filhos. Mas apenas psicopatas confudem realidade e ficção.("Contexto politicamente perigoso" é risível, pra dizer o mínimo, e que eu esperia de uma pessoa mais velha, mais simples e sem acesso a obras culturais, com uma visão mais unidimensional sobre a sociedade)

O objetivo do jogo é esse mesmo, apresentar uma grande conspiraçao em um futuro distópico e essa sua "crítica" é meio estranha, pois está criticando justamente a razão de ser do jogo. Você está criticando esse abordagem como uma história, ou como um jogo eletrônico? Por que eu posso citar vários livros e filmes com tramas em que o governo é corrupto e os "terroristas" / rebeldes são os verdadeiros mocinhos...

Quando você fala sobre o "subtexto" de Deus Ex, isso é de uma simplicidade atroz. Só para dar um exemplo, na questão "usar armas será nossa salvação". O NFS recorre a armas porque o sistema apresentado no jogo é corrupto, e movimentos pacificstas provavelmente não terão muito apelo. Já a organização de Paris, do personagem Chad, não aparenta ser tão inclidada à violência, apesar de ter feito algumas coisas nesse sentido. E um dos líderes do NFS, aquele que você é encarregado de matar na primeira missão na Liberty Island, não precisa ser morto, você deve saber. Você pode simplesmente conversar com ele, e deixar o seu chefe na UNATCO extremamente desapontado. E se você ficar ao redor desse líder do NFS após ter conversado, ele diz algumas frases aleatórias (como qualquer personagem no jogo) e uma é simplesmente brilhante:

"You can't fight ideas with bullets."

Ainda assim, o NFS luta pela liberdade "with bullets". Em parte porque eles não tem muita saída, em parte porque o sistema é extremamente opressor, e em parte porque ele é humamo, e humanos estão sujeitos a falhas e contradições. Mas o mais importante, e que os "terroristas" do bem sabem que é preciso mais do que impor ideáis com armas de fogo.

Éder R. M. disse...

Sobre os finais, há um que eu achei genial. Aquele em que o Tracer Tong convence o JC a destruir a Area 51 e levar o mundo de volta à uma "idade média". É a melhor solução apresentada como final, na minmha opinião. Pode ser extremamente simplista, mas em um mundo globalizado onde sempre haverá pessoas egoístas dispostas a tudo pelo poder, o que fazer para ser realmente livre? Talvez retornar a uma época de "cidades estados", pequenas comunidades que se auto organizem e gerenciam seja de fato a melhor solução, ao contrário do mundo extremamente "globalizado" de hoje, onde um pequeno município depende do estado, que de depende da esfera federal, que depende de fatores internacionais, que depende de várias pessoas que não dão a mínima para o referido pequeno município. Isso é extremista (e, como disse, possivelmente simplista)? Creio que sim. Mas dada as ciscuntâncias apresentadas pelo jogo, é o final que "embrulha" melhor o enredo do jogo. E não acho ele "absurdo" como o Bruno apontou. Será que todo essa era de "progresso" em que vivemos, realmente mudou o mundo para melhor? Acabou com a miséria? Com a fome no mundo? Com as guerras?(e guerras que são impulsionadas pelo "progresso" da humanidade e da tecnologia...) Com a ânsia de dominação de certos países? Não é uma qeustão tão "preta e branca", mais sim com tons de "cinza".

E sobre o eu comentário "A ditadura militar é um caminho válido", o final do Tracer Tong desmantela completamenta essa sua impressão errônea sobre o jogo. Sim, se o jogador quiser pode ser unir ao Illuminati e controlar o mundo atrás das cortinas. mas também pode erradicar completamente esse sistema tão falho e universalizado chamada "governo" em função de uam organização social / comunitária mais simples e que todas as pessoas
possam entender e contribuir (aliás, um personagem diz isso também, que governos muito grandes e globalizados tornam o indivíduo pequeno e sem importância).

Aliás, achei absurdo mesmo os outros dois finais (se unir ao Helios or aos Illuminatti). O jogador passa o tempo todo lutando contra a conspiração e a dominação global só para se juntar a ela no final? Não faz o menor sentido. insito que o final mais 'humano' é o do Tracer Tong.

E a "comparação" com GTA... GTA não apresenta razões ou motivos. Você pode sair matando meio mundo simplesmente porque sim. NO universo de Deus Ex, o que reina é a paranóia, o governo secretamente contra o povo e isso, de certa forma, "justifica" o terrorismo pró liberdade do NFS´. Há outra frase que gosto muito, acho que do terrorista líder no iníco ou do irmão do JC: "Se o governo não tem o povo do seu lado, precisa usar algo contra ele".

Enfim, pra mim, o jogo não "força" um interpretação, como quando você citou o a parte do jogo que ocorre em Hong Kong. Algumas coisas que eu citei são diametralmente opostas a isso. O jogo apresenta vários pontos de vista (ainda que alguns de forma mais sutil, mas eles estão lá!)

Ah, e você conversou com a I.A Morpheus no apartamento do Everett? É um diálgoo muito interessante, sobre a sociedade e a natureza humana.

Éder R. M. disse...

Ah e sobre os finais, os 3 são válidos para o Dx 2. Sim, lembro me claramente de ler isso vindo de um dos produtores do DX2.

No DX2 o JC se uniu ao Helios, mas ao mesmo tempo fala-se que nos últimos 20 anos (acho que são 20, não lembro bem agora) o mundo esteve em uma grande depressão referindo-se ao final "idade média" do Tracer Tong).

E o próprio Tracer Tong diz, na primeira vez que o jogador se encontra com ele no DX2 (na Alemanha, creio) que ele se arrepende de ter tido par o JC ter "implodido" as comunicações globais, que está arrependido e acredita agora que a melhor solução é o JC / helios ser o "ditador benevolente".

Éder R. M. disse...

Eu de novo :)

Interesante esse comentário sobre muita gente escolher primeiro o final do Helios... Eu não sou como todo mundo! hehe :D

Pessoalmente, achei o final do Helios repulsivo. Então o mundo deixa de ser governado por tiranos humanos para ser governado por um tirânico "virtual"? Não obrigado.

O final que mais me pareceu deixar a pessoas, o mundo, livre, foi o do Tracer Tong "de volta à idade média".

Sim, seria um trabalhão para a humanidade "reaprender" a viver, a se reorganizar em pequenas cidades / comunidades, gerenciar todos os aspectos de suas vidas... Mas quem disse qeu a liberdad é algo simples? ;P

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