Retina Desgastada
Idéias, opiniões e murmúrios sobre os jogos eletrônicos
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20 de julho de 2010

(não) Jogando: Overlord – Raising Hell

Acabou a lua-de-mel com Overlord. Siga o passo-a-passo:

Overlord - Tormento 001 Chegando, com toda a inocência do mundo

Overlord - Tormento 002 Posicionando dez criaturas no cortador de grama, como mandam todos os walkthroughs

Overlord - Tormento 003 E lá vamos nós...

Overlord - Tormento 004 Estamos indo bem! Dessa vez vai!

Overlord - Tormento 005 Não! Não! Não! Eu tinha conseguido! Olhe direito, mulher do Inferno!!

Overlord - Tormento Final É inútil... as plantas crescem novamente.

Repita a sequência acima trinta vezes. Desinstale.

Mas... O Que Deu Errado?

Raising Hell Atribuir o mal-estar provocado pela expansão única e exclusivamente à minha inabilidade com um cortador de grama seria muito raso de minha parte.

Primeiro, por que não estou sozinho nesta. Só no fórum do Gamespot, contei pelo menos sete tópicos sobre o assunto. E veja os primeiros 50 segundos deste vídeo no YouTube para entender a dimensão da frustração de um jogador (embora eu ainda esteja tentando decifrar COMO ele passou daí). Ficar travado em uma fase devido à resposta ruim dos controles não é divertido e nem culpa de quem está jogando. Você não está lutando contra um elemento do universo do jogo, mas contra uma limitação artificial imposta pelos desenvolvedores. Com a resposta correta, a tarefa do cortador de grama nem poderia ser chamada de desafio.

Segundo, os problemas já tinham começado antes disso. Eu estava dando todas as chances para que a expansão me cativasse, uma vez que era um pouco mais da deliciosa jogabilidade de Overlord. Mais algumas horas cercado pelas divertidas situações do universo do jogo era uma promessa interessante. Triste engano.

Se, a despeito de todas as minhas reclamações, você ainda assim comprar esta expansão (ou caso já a tenha em sua conta no Steam), guarde pelo menos este conselho: jogue Raising Hell em conjunto com o jogo principal. Embora a expansão tenha saído seis meses depois, é patente que ela não se sustenta sozinha.

Ao instalá-la após a conclusão de Overlord, eu fui surpreendido pela necessidade de repetir a batalha final do jogo. Que, como toda batalha final, não é uma tarefa das mais fáceis. Embora Raising Hell pegue suas magias, criaturas e outras configurações do final de Overlord, ele ignora descaradamente que você tenha vencido o jogo. Pior do que isso: ele atrapalha o último confronto. O último save point do jogo acontece momentos antes dá grande batalha e, sem Raising Hell, você pode sair da Torre e matar algumas ovelhas por aí para relaxar e reforçar seu exército. Com Raising Hell instalado, você fica impedido de sair da Torre até derrotar o inimigo final. Se você cair no erro de permitir o auto-salvamento após uma derrota para o último chefe, então, terá perdido criaturas do total disponível e, ao mesmo tempo, terá dificuldades para aumentar este total, contando apenas com os insetos existentes por perto.

Superado este obstáculo, chegamos à espinha dorsal de Raising Hell: alguma força maligna está abrindo portais infernais em seus reinos e seus leais súditos estão sendo ludibriados a fugir para lá. Haverá, então, um pequeno mundo infernal para cada um dos reinos conquistados e sua missão será invadi-los um a um e obter um artefato que garanta seu controle.

Com a expansão instalada após a conclusão de Overlord, você terá (quase) todos os infernos liberados imediatamente. Entretanto, cada um deles tem um nível de dificuldade proporcional ao momento em que você teria conquistado seu respectivo reino. Consequentemente, com seu exército e suas magias pós-Overlord, os combates destes infernos beiram o ridículo. Se não fosse pelos puzzles, que estão caprichados, devo admitir, Raising Hell não teria muita graça nessas condições.

E, se cada reino difere drasticamente entre si, o mesmo não pode ser dito dos infernos. As idéias por trás dos castigos infligidos aos seus desafortunados ocupantes são geniais e, em alguns casos, hilárias. Mas o visual dos infernos... a repetição visual é gritante. Mais uma vez, está claro que estes "novos" lugares oferecidos pela expansão não foram feitos para serem jogados em sequência, mas como um interlúdio entre os reinos.

Que Inferno!

Raising Hell

Impedido de prosseguir, não posso opinar sobre a história de Raising Hell. Felizmente, o bom-humor continua presente no jogo, o que me manteve calmo nas primeiras vinte tentativas. Mas é só.

Infelizmente, a expansão tem um estranho sabor de material removido da versão final e vendido mais tarde, em uma era em que a sigla DLC não tinha sido inventada ainda. É a única explicação que eu encontro para sua estranha "integração" com o jogo original e a total ausência de novos feitiços, novos itens para sua Torre, novas interações com velhos personagens ou mesmo novos artefatos. Raising Hell traz algumas armas novas, mas, mais uma vez, para quem completou Overlord, elas parecem fracas e desinteressantes.

Com um suspiro de frustração, me despeço de meus demoníacos serviçais. Pelo menos, até o dia em que eu resolver testar Overlord 2. Afinal, "o Mal sempre encontra um jeito".

Pontos positivos de Raising Hell: a criatividade corre solta em alguns dos reinos infernais e humor negro permanece. Pontos negativos de Raising Hell: problemas na jogabilidade, a ausência de boas inovações e a repetição visual dos reinos infernais. Nota final: 6.0.

Ouvindo: Faith And the Muse - the Silver Circle

2 comentários:

Anônimo disse...

quem diria que depois de 10 anos eu iria passar pelo mesmo problema numa pan demia, acredito que eu tenha tentando umas 20 vezes também com o mouse (depois de ver postagens e vídeos). o jogo em si é muito bom, mas essas falhas na jogabilidade não faz dele a melhor escolha para uma aventura num jogo mais old.

C. Aquino disse...

Dez anos, rapaz! O tempo voa. Mas ainda sinto a dor... maldito cortador de grama! :(

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Blog criado e mantido por C. Aquino

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