Retina Desgastada
Idéias, opiniões e murmúrios sobre os jogos eletrônicos
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5 de abril de 2010

Dando a Cara Pra Bater

George Broussard é um sujeito engraçado. Por suas mãos passaram títulos de sucesso como Max Payne, Blood, Duke Nukem 3D, Prey, Shadow Warrior... Por sua causa, Duke Nukem Forever amarga doze anos de desenvolvimento, diversos trailers, um processo judicial e promessas não cumpridas. Louco, gênio, oportunista, mentiroso, revolucionário, precursor, charlatão. Fale o que quiserem de Broussard, ninguém pode acusá-lo de covarde: além de um Twitter, ele agora abriu uma página no Formspring e está respondendo perguntas de quem quiser, qualquer um, pode mandar.

Duke Nukem Das mais de quatrocentas perguntas que foram feitas, ele já respondeu 47 até esse minuto. Algumas perguntas polêmicas, algumas respostas idem. Porém, se você nutria alguma esperança de que ele fosse responder algo relevante sobre Duke Nukem Forever, esqueça. Em relação a sua maior vergonha, ele disfarça, desconversa, se defende citando o atual processo movido pela Take Two e não responde nada. Por outro lado, ele não poupa opiniões sobre diversos assuntos e faz algumas revelações bombásticas. Os links são por minha conta:

Qual é a sua opinião sobre a idéia de que exista atualmente uma "explosão zumbi" e que o mercado de jogos e a mídia se tornaram saturados de títulos com zumbis?

"É verdade. Produtoras são largamente estúpidas e sem noção e em sua maioria não sabem o que os usuários querem. Eles esperam um jogo de sucesso aparecer e mostrar-lhes o caminho, então eles aprovam um monte de jogos naquele gênero. Aconteceu com a Segunda Guerra Mundial, aconteceu com os zumbis, aconteceu com os jogos musicais e irá acontecer com unicórnios púrpuras assim que um deles vender 5 milhões de unidades. (…)"

Qual é o seu favorito FPS? Duke Nukem não conta.

"Embora eu tenha um monte de favoritos, eu diria que a série Half-Life é de longe a minha favorita. Aqueles jogos estão próximos da perfeição."

O que você acha desses novos serviços de streaming que estão aparecendo como o InstantAction, Gaikai, OnLive, etc.?

"Eu acho que todos eles serão fracassos e eu tenho dificuldades em levá-los a sério. Eu comprei minha TV de alta resolução e meus consoles por uma razão. Jogadores não vão tolerar nenhum lag ou degradação de vídeo e casuais não vão pagar uma taxa mensal por um serviço desses por que eles não se ligam tanto. Eu não acho que exista tecnologia ou infra-estrutura para tal coisa.(...)"

Qual é a sua opinião sobre a questão dos desenvolvedores quererem uma participação na venda de jogos usados? Parece absurdo. Seria o mesmo que a Ford querer uma fatia na venda de cada carro usado.

"Eu não tenho problemas com a venda de jogos usados em lugares como ebay e outros. Os clientes tem o direito de revender seus itens. O que eu não aprovo é a Gamestop vendendo jogos usados na semana em que eles são lançados. A Gamestop pega aquele jogo para vender por 50 dólares e fica com 100% do dinheiro. O desenvolvedor e a produtora se ferram e este é exatamente o mesmo momento em que as cópias novas estão sendo vendidas e a produtora e o desenvolvedor estão tentando recuperar o custo de desenvolvimento. (...)"

ultima Você curte jogos de RPG, como Ultima?

"(...)Eu ADORARIA ver a EA tirando a cabeça do próprio rabo e ressuscitando a franquia Ultima (que é uma das marcas mais conhecidas na indústria) e lançar um jogo de Ultima next-gen, épico, imenso."

O que você acha de 'videogames = arte'?

"Eu deixo um monte de desenvolvedores loucos com minha opinião, mas eu não acho que jogos são arte.
(...) Talvez tudo se resuma ao conteúdo. Se todos os filmes fossem Rambo, seriam os filmes considerados arte hoje? Jogos oferecem um espectro muito limitado de alcance, tema e emoção. Isso irá se expandir com o tempo."

Você prefere protagonistas mudos ou falantes?

"Eu gosto de ambos e ambos são válidos. Se você está tentando criar um universo, então talvez seja melhor ter um protagonista mudo no qual você possa se projetar. O ponto de vista de que o personagem falante é menos imersivo é bobagem. É apenas uma escolha de estilo como qualquer outra no jogo.
Eu sou um grande fã de personagens com personalidade e adoro jogar caras como Kratos, Nathan Drake, Marcus Fenix ou qualquer outro.  Eu também adoro Half-Life e Gordon Freeman. Se você está tentando desenvolver uma marca de personagem e seu nome faz parte dessa marca, então, eu acho que você deveria escutá-lo falar."

Você acredita que algum título da 3D Realms perdeu muitas vendas por causa da pirataria?

"(...) Eu na verdade fico mais irritado com o Gamestop vendendo jogos usados por cinco dólares a menos, na mesma semana em que o jogo é lançado, e os desenvolvedores ficarem de fora do lucro desta revenda."

É verdade que a 3D Realms esteve envolvida em algum ponto no desenvolvimento de Blood da Monolith?

"Sim. Em um determinado ponto, nós tínhamos quatro jogos em produção com a engine Build. "Duke Nukem 3D", que nós estávamos fazendo nós mesmos. "Shadow Warrior", que nós estávamos fazendo com pessoas que já tinham feito jogos para nós antes (Monster Bash e BioMenace). "Ruins" (que acabou sendo publicado como Powerslave), e "Blood".
Nós chegamos a um ponto onde nos sentimos sobrecarregados e nós tínhamos muitos projetos ao mesmo tempo. Nós ainda estávamos fazendo muitos jogos da Apogee games simultâneos a estes jogos e ficou difícil manter o foco. O desenvolvedor de Blood conheceu Jason Hall na Monolith e nós conhecíamos Jason, e ele gostou de Blood e se ofereceu para comprá-lo de nós e finalizá-lo com o time de desenvolvimento.

Existem outras respostas interessantes de Broussard na página do formspring e novas estão sendo acrescentadas diariamente. Para quem deseja conhecer um pouco mais dos bastidores da indústria dos jogos eletrônicos ou as opiniões de alguém que está nessa há quase vinte anos, essa é uma oportunidade única.

Ouvindo: Bob Dylan - Hurricane

4 comentários:

Hawk disse...

Excelente. Pena eu não conseguir ler muito bem inglês, queria saber todas as respostas dele.

Uma sugestão: você poderia dar uma atualizada sempre trazendo novas perguntas e respostas dele. Gostei bastante.

Marcos A. S. Almeida disse...

Amigo, muito bom esse post e melhor ainda as perguntas e respostas traduzidas.Opiniões são sempre bem vindas, ainda mais vindo de alguém diretamente ligado á indústria de games.Você bem que poderia traduzir mais algumas perguntas e respostas...

Marcos A. S. Almeida disse...

Já ia me esquecendo: quanto á discussão (saudável) de que jogos são arte ou não, eu digo que depende do jogo; Os antigos estão bem longe disso pois, gráficos quadrados e músicas MIDI não se enquadram necessáriamente num conceito de arte; Mas alguns jogos mais recentes poderiam SIM serem considerados arte pois contam com cenários muito bonitos ( independente se são realistas ou não ) e músicas muito boas ( o que por si só já é um estado da arte).Exemplo? God of War 2 ( infelizmente aida não joguei o 3...) e Shadow of the Colossus ( desculpe, de novo ele ...).Half Life 2 também está em minha lista de Jogos-Obra-de-Arte. É óbvio que existem outros , mas listo apenas os que já joguei.E os recomendo para constatarem ( ou não ) o que eu digo.

Rafael disse...

Neste caso depende de como se classifica a arte para cada um.
No meu caso, pra ser arte deve ter uma singularidade, algo realmente inovador. Sou mais adepto da arte medieval e creio que nos dias de hoje é muito difícil encontrar a verdadeira arte.
Mas voltando ao mundo dos jogos Não creio que gráficos e violência devam ser referência para se classificar um jogo como arte ou não (salvo Gears of War e Unreal Tournament que se encaixam nesses quesitos, mas não os considero uma obra por estes)Feliz ou infelizmente os jogos hoje em dia ainda acompanham a faixa etária de quem jogava nas plataformas de 8bits (meu caso um pouco antes com o Daktar), sendo assim o jogos tornaram-se mais adultos e menos desafiadores (não me vejo jogando um joguinho de fofurinhas coloridas atirando com pistolas d'agua em seus "coleguinhas", tão pouco tenho tempo pra ficar me matando em quebrar recordes ou ter que iniciar um jogo desde o inicio só porque minhas 3 vidas foram desperdiçadas ao tentar pular a boca de um jacaré)Desta forma um jogo hoje em dia tem que chamar a atenção por seu contúdo geral, ainda assim é difícil definir como arte um jogo oo outro. Ainda é uma indústria nova e tem amadurecido junto com seu público, acho que quando essa geração (de 25 a 35 anos) já estiver velha, a industria já vai estar caminhando sozinha e desenvolvendo produtos para um outro público.

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