Retina Desgastada
Idéias, opiniões e murmúrios sobre os jogos eletrônicos
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16 de janeiro de 2010

RPG Para Quem Não Gosta de RPG

Recentemente, o leitor Marcos Almeida fez um comentário interessante sobre o post "Não Jogue Este Jogo":

"Amigos, já joguei clássicos como Chrono Trigger (SNES), Zelda - Ocarina of time (N64), Super Mario RPG (SNES) e até o malfadado Crusaders of Might and Magic (PC) e infelizmente nunca me empolguei com RPGs.Não sei se os RPGs de hoje em dia se encaixam nos mesmos moldes que esses jogos anteriormente citados , mas fato é que por experiências frustradas nunca mais joguei RPGs, mas toda vez que leio/ouço alguém exaltar as qualidades de um jogo desse gênero, sinto vontade de experimentar mais uma vez e finalmente desfrutar um prazer idêntico ao que eu sinto ao jogar um HALF-LIFE 2 , ou Resident Evil 4, um GOD of WAR ou o mais recente Gears of War.Espero ainda ter oportunidade para isso sem que no final das contas constate que nada mudou nos RPGs e que as análises escritas por fãs não sejam mais que exageros de quem realmente gosta do gênero.Abraços."

Acredito que a resposta mereça o destaque de um post próprio. E ela não se limita apenas ao Marcos, mas se estende a todos aqueles que não gostam de RPGs, porque nunca experimentaram ou porque tiveram experiências ruins no passado. E, sim, sou completamente suspeito e parcial: RPGs é um dos meus gêneros favoritos, junto com os FPSs.

FF7 Não tenho o que dizer sobre Chrono Trigger, Ocarina of Time ou Super Mario RPG. Não os conheço. Tudo que sei é que são considerados clássicos por muitos daqueles que os jogaram. Sei também que eles são legítimos representantes da visão oriental dos RPGs, o que talvez não tenha agradado o Marcos. É preciso entender que RPGs ocidentais e RPGs feitos no Japão são criaturas totalmente diferentes. Narrativa, jogabilidade, e até a direção de arte caminham por estilos distintos. E, para algumas pessoas, esses estilos são antagônicos: a discussão está pegando fogo. Para uma excelente compreensão sobre suas particularidades, vale a leitura de dois artigos publicados no Mobygames: "The World of Western RPGs" e "The World of Asian RPGs".

Então, Marcos deveria ter experimentado títulos ocidentais? Provavelmente. Com a exceção, é claro, do sofrível Crusaders of Might and Magic. Por um lance de azar, ele tentou jogar justo um dos títulos presentes em minha lista de jogos rejeitados. Vale lembrar também que, mesmo entre os "RPGs ocidentais", pode ser encontrada uma distinção entre títulos americanos (como os da Bioware) e títulos europeus (como os da Piranha Bytes). E, mesmo entre os europeus, existe uma diferença entre jogos criados no oeste europeu e jogos criados no leste (os antigos países comunistas). E os RPGs podem ser classificados como hardcore, casual, action rpg, híbridos com estratégia. E também existe a questão da perspectiva: primeira pessoa, terceira pessoa ou isométrico?

kotor

A verdade é que existem RPGs de todos os tipos, para todos os gostos e que o Marcos deveria tentar dar mais uma chance ao gênero. Dada sua preferência por jogos com mais ação, eu recomendaria um RPG mais movimentado: Knights of Old Republic. Entretanto, como em muitos RPGs, o resultado das batalhas depende menos da agilidade nos controles do que das táticas utilizadas ou das escolhas previamente realizadas, o que pode frustrar um fã de FPS. Para facilitar a transição dos FPS, uma boa opção seria Dark Messiah of Might and Magic, que, de RPG tem muito pouco, mas pode ajudá-lo a se ambientar com algumas particularidades do gênero. Títulos como Gothic ou Morrowind apresentam uma ligação igualmente direta entre sua velocidade de raciocínio e as batalhas, mas tem um curva de aprendizado mais longa: você irá passar o começo do jogo apanhando de tudo e/ou fugindo. Mas não desanime! A recompensa é a sensação posterior de ter construído um personagem capaz de esmagar com tranquilidade aquilo que antes te vencia.

Mecânicas de jogo à parte, o grande diferencial dos RPGs reside na sua capacidade de contar uma boa história em um ritmo menos frenético que outros gêneros, com exceção dos adventures. Para quem apreciou os roteiros de God of War e Half-Life 2, RPGs podem ser considerados uma boa evolução. Se, por outro lado, uma boa e desenfreada carnificina multiplayer se encaixa melhor em seu conceito de diversão, mantenha distância dos RPGs e sua narrativa compassada.

Então, Marcos (e você ai que ainda não curte RPGs), dê uma chance a si mesmo e experimente um jogo diferente. Quem sabe daqui a algum tempo você não estará completando a saga de Baldur's Gate 2 ou explorando as terras devastadas de Fallout?

Ouvindo: Theory of a Dead Man - No Surprise

2 comentários:

Marcos A.S. Almeida disse...

Amigo, me sinto honrado e lisonjeado por ter minha mensagem lida por você e principalmente por ter virado um tópico.Com certeza aceitarei uma de suas dicas, provavelmente Dark Messiah of Might and Magic e brevemente irei comentar minha experiência.
Nessa resposta que virou tópico você comentou sobre um gênero que gosto muito, o ADVENTURE, mas que jogo pouco por que a tradução para o portugês do mesmo , se não é fundamental, é ao menos um fator que influi diretamente na fluidez e percepção da estória, principalmente pra mim que só tenho o conhecimento básico da lingua da Rainha.Portanto, quando encontro um adventure traduzido ou com uma tradução disponibilizada por grupos de abnegados tradutores de adventure, como o grupo SCUMMBR (http://www.scummbr.kit.net/), é um incentivo para jogá-lo.Mas mesmo quando não encontro algo que se encaixe nas duas opções, procuro uma terceira, que é a tradução para o Espanhol ( que foi o caso de um ótimo adventure que fechei recentemente:SANITARIUM).Caso contrário , nem experimento , pois talvez seja uma experiência frustrante.Muito obrigado e abraços.

Rafael disse...

Acho completamente aceitável que um determinado "estilo" de jogo não seja do gosto do colega, eu como exemplo ODEIO jogos de esporte (futebol encabeça a lista)mas adoro FPS e RPG, claro que gostar de um gênero em si não engloba todos os títulos em si, pois não há Cristo que coloque na minha cabeça que a série Half Lif e seja boa, já joguei (e muito) pois não gosto de criticar o que não experimento, mas pra mim é como filme água com açúcar, só assisto quando passa na Sessão da Tarde. Outra série que não gosto é Diablo, esse não tem Satanaz que me faça jogar (tentei, mas não consegui por repulsa. Sendo assim creio que não gostar de um gênero inteiro deva seguir a mesma linha de pensamento. Pra mim o importante é a diversão o desafio, mas não me vejo jogando um MMORPG e tenho verdadeira repulsa por quem joga TIBIA, mas quem joga esses jogos encontram o mesmo que eu em outros títulos. O ponto de vista é que varia.

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