Retina Desgastada
Idéias, opiniões e murmúrios sobre os jogos eletrônicos
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3 de agosto de 2009

Jogando: Half-Life 2 – Episode Two

Mesmo que a Valve não tivesse começado uma revolução narrativa com o Half-Life original. Mesmo que eles não tivessem inventado o primeiro bem-sucedido sistema de distribuição digital de jogos. Mesmo que eles nunca tivessem aberto caminho para que outros desenvolvessem o mais famoso FPS multiplayer das lan houses. Mesmo que Team Fortress 2 e Left 4 Dead fossem completos fracassos comerciais. Mesmo que nada disso acontecesse, ainda assim a Valve teria conquistado seu espaço na história dos jogos eletrônicos pelos últimos cinco minutos de Half-Life 2 Episode Two.

Pai e Filha

Dizem que nenhum jogo até agora foi capaz de provocar lágrimas em um jogador e que, no dia em que isso acontecer, a mídia terá atingido, finalmente, sua maturidade. A Valve chegou muito perto de alcançar essa meta, com o epílogo mais dramático já visto. Não apenas pelo que acontece em cena, mas como acontece, como é mostrado ao jogador e pela impecável interpretação de seus dubladores. Enquanto sobem os créditos sobre o fundo negro e a voz permanece, você percebe o quão próximos se tornaram aqueles personagens em 3D e que a Valve, ocasionalmente, pode errar a mão mas sabe como fechar um título com impacto. O que está em cena merece ser chamado de Arte e demonstra o domínio da narrativa que seus criadores possuem.

Se você já jogou, pode rever a cena completa no YouTube. Caso contrário, faça um favor a si mesmo e não assista, jogue primeiro.

Mas Episode Two se resume a cinco minutos? E as 6 horas de jogabilidade que precedem o abismo? Bem, são as melhores 6 horas de jogabilidade de todo Half-Life 2.

Neste novo episódio, tudo que era tosco e desagradável no episódio anterior é eficientemente substituído. Talvez a desenvolvedora tenha se tocado que entregara um produto inacabado anteriormente ou tudo estivesse planejado dessa forma desde o começo. A verdade é que temos agora inimigos novos, arma nova (na verdade, uma nova munição para uma velha arma) e até um NPC novo, a hilariamente egocêntrica figura do Dr. Arne Magnusson (desde já um dos meus favoritos NPCs de todos os tempos!). Episode Two ainda oferece um veículo que vale a pena pilotar, paisagens de tirar o fôlego e uma batalha final em larga escala que prova que o tempo dos final bosses já passou.

Em outubro deste ano se completarão dois anos sem o prometido Episode Three, então, até o momento, a saga de Gordon Freeman está em suspenso. Analisando Half-Life 2 como um conjunto, percebo que a Valve esteve com a faca e o queijo nas mãos para entregar um título ímpar capaz de figurar em minha lista de favoritos. Mas... tem o desastre do Episode One no meio do caminho. Tem a enfadonha condução de Ant Lions em Nova Prospekt. Tem o buggy que capota em qualquer calombo na estrada. Tem o bote sem sal. Tem a sensação de que muitas partes foram "esticadas" para vender conteúdo em episódios e que uma boa edição do material teria rendido um jogo mais coeso, com mais ritmo e intensidade. Cortado pela metade, Half-Life 2 seria o jogo da década que termina.

A Valve ainda tem uma chance de recuperar esta glória. Tudo vai depender do que segredos se escondem no Borealis...

Pontos positivos de Half-Life 2: o carisma dos NPCs e seus diálogos, todos os aspectos técnicos possíveis (gráficos, sons, jogabilidade, framerate), Ravenholm e os finais do jogo principal e do Episode Two. Pontos negativos de Half-Life 2: veículos, em geral, chatos de pilotar, a história confusa e todo o Episode One. Nota final: 9.0.

Ouvindo: Deadstar Assembly - Pale Blue

Um comentário:

Hawk disse...

Acho que não vão lançar o 3º episódio este ano. Anunciaram o Portal 2 para fim de 2010.

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