Retina Desgastada
Idéias, opiniões e murmúrios sobre os jogos eletrônicos
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26 de janeiro de 2009

Jogando: Duke Nukem

Duke Box Qual foi o último jogo que você jogou que era divertido? Não estou falando de "inteligente", "instigante", "emocionante", "assustador", "irado" ou "caramba, que gráficos!". Estou falando de diversão, pura e simples. Divertido como uma pelada no fim de semana, uma cerveja com os amigos, um dia na praia, uma rodada de piadas na mesa de um bar.

Qual foi o último jogo que você jogou que não tinha uma seta colorida indicando para onde ir? Onde a exploração dos níveis era essencial para a vitória, onde a descoberta de lugares secretos fazia parte da brincadeira? Onde você podia carregar dez armas diferentes ao mesmo tempo e o protagonista falava pelos cotovelos?

Qual foi o último jogo que exigiu sua atenção constante, mas o recompensava com doses maciças de bobagem, carnificina e satisfação? Qual foi o último jogo que não se levava a sério, que zombava de si mesmo? Que não pretendia ser uma "narrativa imersiva" ou uma "experiência única" ou um "grandioso épico"? E, enquanto jogo, cumpria 100% com suas expectativas?

Duke Nukem 3D, para mim, é a resposta para todas essas perguntas.

Do Que os Clássicos São Feitos

Duke Burger No distante ano de 1996, a 3D Realms lançava o título que seria ao mesmo tempo seu maior triunfo e sua maior sina. Duke Nukem 3D apresentava o personagem de dois outros jogos anteriores em plataforma ao mundo dos jogos em três dimensões, ao mundo dos FPS. Nem o desbocado herói, nem os FPS seriam os mesmos depois disto.

Duke Nukem era mais um dos jogos a usar a revolucionária (para a época) engine Build, ao lado de Blood, Shadow Warrior, Powerslave e outros menos cotados. Enquanto John Romero e a turma da id Software perseguiam o cálice sagrado do verdadeiro ambiente em 3D e colocavam em cena suas obsessões com mundos sombrios, a empresa de George Broussard trazia um jogo em "2.5D" recheado de humor politicamente incorreto situado na ensolarada Califórnia. A combinação das inovações tecnológicas promovidas pela engine com a visão sarcástica e debochada do anti-herói americano criou um dos representantes mais bem-sucedidos de sua geração.

Duke Nukem, o personagem ao contrário dos heróis sem nome, voz ou mesmo rosto de seus antecessores em Castle Wolfenstein 3D, Doom e Quake tinha uma identidade. Ele pode ser (justamente) acusado de misógino, grosseiro, arrogante e bufão, mas jamais de ser uma folha em branco. E a história do jogo está ali para servi-lo: ao voltar para a Terra, após uma missão no espaço, Duke Nukem descobre que uma raça alienígena está seqüestrando mulheres para fins malignos! O fiapo de trama absurda é somente uma desculpa para que o herói cruze dezenas de cenários inspirados em lugares reais, dizimando centenas de grotescos invasores das formas mais estapafúrdias possíveis enquanto libera um vasto arsenal de frases feitas e atitudes picarescas. O show, neste caso, está totalmente focado no impagável personagem central.

Battlelord E muitas vezes o maior inimigo de Duke Nukem era o próprio cenário. Empolgados com a fantástica novidade proporcionada pela criação de cenários em três dimensões, os desenvolvedores abusaram. Labirínticos níveis estão abertos para o jogador, que precisa usar toda sua percepção espacial e inteligência para descobrir qual é o melhor (ou único) caminho para abrir a próxima porta e/ou descobrir o próximo compartimento secreto. Nada de longos corredores com 90% das portas fechadas como nos jogos mais modernos, nada de setas flutuantes indicando o caminho, nada de compassos marcando o norte. Todas as portas podem ser abertas com a chave certa (e algumas paredes também!). Jogando Duke Nukem é possível se dar conta de como os criadores de jogos passaram a confiar cada vez menos na sagacidade dos jogadores e começaram a levá-los pela mão através da aventura... Lamentável.

Doze anos depois, Duke Nukem não apresenta uma única ruga e joga um extraordinário aroma de novidade (?!) no gênero dos FPS. Difícil de acreditar que eu esperei tanto tempo para finalmente tentar jogá-lo até o fim...

Ouvindo: SITD - The Final Curtain

2 comentários:

Anonymous disse...

Adoro descarregar um pente de pistola e chutar a cara dos aliens voadores!

Anônimo disse...

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